Jornal Estado de Minas

belém do pará

Amazônia revelada

Parque Mangal das Garças é refúgio ecológico na capital paraense - Foto: Carlos Altman/EM/D.A Preess

Saindo do porto fluvial de Belém, a lancha rápida atravessa, em 15 minutos,  as águas turvas, com correnteza forte, do Rio Guamá até chegar à Ilha do Combu. Durante o Círio de Nazaré, que ocorreu em 13 de outubro, essa ilha, conhecida como Veneza Tropical, foi um dos destinos mais procurados pelos turistas que buscam o contato com a natureza e os poderes invisíveis da selva amazônica.
Neste recanto natural vivem ribeirinhos e empreendedores, que extraem dos rios e das matas os alimentos nativos que ressaltam os sabores da rica culinária paraense. É o caso de Izete Costa, a Dona Nena, que desde 2006 comanda uma produção de chocolate e cacau amazônico 100% orgânico.
 
Conexão com a natureza no passeio de barco até a Ilha do Combu - Foto: Carlos Altman/EM/D.A Preess 
O trabalho de formiguinha de Dona Nena – Filha do Combu, na verdade começou há tempos. Ela e família produziam o chocolate bruto e orgânico e vendiam o precioso produto paraense para as fábricas em todo o mundo. Só em 2006, a empreendedora passou a vender, por conta própria, seus chocolates de sabor intenso com textura mais arenosa na casa dela. Tempos depois, a carreira da chocolatière paraense ganhou status internacional com a parceria firmada com o chef Thiago Castanho, do badalado Restaurante Remanso do Bosque, em Belém.
 
Também na Ilha do Combu, uma construção sobre palafitas “flutua” sobre as águas do Rio Guamá. No local se encontra o Restaurante Saldosa Maloca (escrito com L mesmo), estrategicamente voltado para a Baía do Guajará, de onde se avista a cidade de Belém. Para quem chega desavisado, ele não é um simples boteco suspenso que serve boa comida com temperos da Amazônia.
É muito mais! Trata-se de um recanto de sustentabilidade sob o comando da chef paraense Prazeres Quaresma dos Santos, carinhosamente conhecida como Dona Neneca.

Berçário sagrado de aves Há quem diga que as garças estão de volta a Belém. A resposta é simples: elas reapareceram com a criação do Parque Naturalístico Mangal das Garças pelo governo do Pará, em 2005. Belém já era uma metrópole emoldurada pela floresta, mas algumas regiões estavam em completo abandono. O local logo se tornou um dos pontos turísticos mais elogiados da capital paraense.
 
Nesse parque, que em algum momento nos faz lembrar o Museu de Inhotim, em Brumadinho, foi feita a revitalização de uma área de cerca de 40 mil metros quadrados às margens do Rio Guamá, nas franjas do Centro Histórico de Belém. O que antes era uma área alagada com extenso aningal transformou-se em um belo recanto na cidade. Ao entrar no berçário de tantas aves da Região Amazônica, o turista se depara com a rica diversidade da fauna e flora do Pará:  sobre a torre espetacular no centro do parque ou caminhando no trapiche elevado que nos leva até o Rio Guaíba avistam-se matas de terra firme e de várzea. Neste local, em total sintonia com a natureza, contemplam-se lagos artificiais, iguanas, flamingos festivos, garças graciosas, além de aves nativas e borboletas multicoloridas.
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