Jornal Estado de Minas

SOLEURA

Conheça a curiosa história de uma cidade suíça com o número 11

Érika Manhatys*
 
 
 
Todos conhecem aquela pessoa fascinada por astrologia e que acompanha as previsões diárias do horóscopo. Ou ainda aquele que não se atreve a passar embaixo de uma escada e morre de medo de quebrar um espelho ou que sempre anda munido de seu amuleto. Uma figura comum, não é mesmo? Se você não conhece, possivelmente esta pessoa seja você. O encantamento pelas superstições acompanha os povos há milhares de anos. Seja como uma ponte que liga o ser humano ao universo, seja em uma tentativa de explicar o que a ciência ainda não pôde provar, elas fazem a cabeça de muita gente. E, também, arrebataram toda a cidade de Soleura, a Noroeste da Suíça, há centenas de anos.
 
Capital do Cantão de Soleura, a pequena urbe, que tem apenas 16,7 mil habitantes, carrega uma curiosa conexão com o número 11. Existem 11 capelas, 11 fontes, 11 igrejas, 11 museus e 11 torres na cidade. Todas as inspirações, concretizadas em pedras sobre pedras, não são casuísticas.
Apesar de instigante, a história ainda tem um quê de mistério e não faz parte do repertório cultural suíço. No século 15, o Cantão de Soleura foi o 11º a integrar a Confederação Suíça. Já no século seguinte, ele foi repartido em 11 protetorados. Antes disso, em 1252, o conselho da cidade foi eleito com 11 membros.
 
Às margens do Rio Aare, o maior da Suíça, e aos pés da Cordilheira do Jura, parte do complexo montanhoso dos Alpes, Soleura é uma cidadezinha que guarda verdadeiros tesouros. A arquitetura barroca do local é considerada a mais bonita de todo o país. Entre centenas de casarões com telhados castanhos e suas múltiplas janelas que cobrem as paredes, 18 edificações foram tombadas como patrimônio suíço.

ARES PROVINCIANOS As pequenas dimensões da capital, o reduzido número de habitantes e as antigas ruas dão à cidadela ares provincianos. Visitando o irmão que mora na Suíça, Giulia Titton, de 20 anos, teve bastante tempo para passear por Soleura.
“Fiquei cerca de 20 dias por lá, então caminhei por todo lado. Deixei para conhecer tudo estando na cidade, então, desconhecia a ligação com o número 11. Apesar disso, acho que vale muito a pena conhecer o Centro Histórico, porque as ruas têm um charme especial”, aconselha a estudante.
 
Esculpida em meio ao vale, Soleura é detentora de infinitas belezas. “A cidade é maravilhosa, você consegue enxergar os Alpes de diversos lugares e ela passa um clima muito aconchegante. Eu, com certeza, voltaria lá. Moraria se pudesse, inclusive, porque não há um canto naquele lugar que não engrandeça os olhos. Soleura é completamente charmosa”, diz Giulia. Defendida e difundida, a crendice atravessou gerações e marcou a cultura desse povo.
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