Jornal Estado de Minas

Preços abusivos

Repórter do EM relata os 'assaltos' praticados nas lanchonetes dos aeroportos

 

Ah, as férias. Finalmente, elas chegaram. É hora de descansar, esquecer os problemas e nada melhor que uma viagem para um lugar distante, o que muitas vezes obriga a pegar um avião, na verdade dois quando se trata de Belo Horizonte, pois são raríssimos os lugares para onde saem voos diretos. Mas até aí, tudo bem, pois o passageiro se prepara para isso. No entanto, assim que chega para embarcar já enfrenta uma dor de cabeça: os preços praticados no aeroporto. Isso mesmo. Os produtos ali vendidos custam o olho da cara.


O voo foi para o Nordeste. Para aquela região, saindo de BH, consegue-se voar direto para Salvador, Recife, Fortaleza.

Para Natal, João Pessoa, Maceió e Aracaju é necessário ir primeiro para Brasília, São Paulo ou Rio de Janeiro para trocar de avião.


Pois para a primeira parte da viagem, como todo bom mineiro, saí cedo para não arriscar a perder o voo. E, não sei por que, quando cheguei ao aeroporto de Confins, bateu aquela fome. O jeito foi comer alguma coisa e a irritação era inevitável. Um refrigerante acompanhado de um beirute, custa R$ 34,20. O refrigerante é R$ 8,20 e o sanduíche, R$ 26. “Absurdo”, pensei. Mas vá lá, pois estou com fome. O pior é que a nota leva o endereço de uma loja no aeroporto de Brasília.


Lá fui eu para a primeira parte do voo, BH-Brasília.

Bom, dentro do avião, com aqueles preços que as companhias aéreas cobram, não dá pra comprar nada. Só tomar água, que é de graça. Mas a fome continuava. Pensei: “Daqui a pouco chego a Brasília e lá como alguma coisa. Vou ter de esperar duas horas e meia, mesmo, para a troca de avião”.
Assim que desembarquei, fui correndo procurar uma lanchonete. Passei pela primeira, vi os preços, me assustei. Na segunda, terceira e quarta era a mesma coisa. Um refrigerante custa R$ 6,50 em alguns lugares.
Em outros, R$ 8,50.


Mas o absurdo maior estava por vir. Deparei com uma espécie de carrinho de pipoqueiro, que vende salgados e pão de queijo. E é justamente o pão de queijo que me assustou mais. Lá era vendido um pacotinho, com seis mínis, mas mínis mesmo, pãezinhos de queijo.


Para se ter uma ideia da quantidade, a impressão é que pegaram um pão de queijo, dos que comemos em nossas lanchonetes, a R$ 1 ou, no máximo, R$ 2, cortaram em seis pedaços e puseram para assar. Mas o pior é quando olhei o preço. Aquele pacotinho, com impressão de frio, por “apenas”, isso estava escrito na plaquinha, R$ 13,60.


Mas, como? É o que me perguntei. Questionei a vendedora se era aquilo mesmo. Ela respondeu que sim. “Não pode ser verdade.” Mas era. Na hora, confesso, deu vontade de brigar, xingar.

Mas não podia. A pobre da vendedora somente cumpre ordens. Pesquisei na internet do celular e não resisti. Mostrei a ela. “Olha, o quilo de pão de queijo em Belo Horizonte, em supermercado, custa R$ 9,89. Mostre para seu patrão. Esse montinho aí não tem nem 200 gramas.”


Saí da lanchonete e procurei algo para comer. O mais barato que encontrei foi um saquinho de batata, daquelas que custam R$ 3,98 nos supermercados, mas que lá era R$ 10,90. Comi, entrei no segundo avião e fui para meu destino, João Pessoa. E lá chegando, entrei em casa, já alta madrugada, e fui direto para a cozinha.

Ainda estava com fome.
Bom, aproveitar as férias era a prioridade e, por algum tempo, me esqueço dos preços absurdos. Mas o dia da volta estava se aproximando. Veio a lembrança dos precinhos, “módicos, para não falar roubo”, da comida nos aeroportos.


Na véspera da viagem, resolvi ir a uma padaria e comprei requeijão, queijo, pão de forma, mais alguns enroladinhos de presunto e queijo. Não custaram R$ 15. Fiz dois sanduíches e coloquei na mochila. O retorno foi por São Paulo e depois BH. Na primeira escala, procurei algo para beber. Não me conformei com o preço do refrigerante: R$ 8,50. Então pedi dois achocolatados. Deu raiva assim mesmo, R$ 11,80. Mas vá lá. O que importa é matar a fome. Afinal de contas, a espera pelo voo para BH era de quase duas horas e saí do Nordeste de madrugada, houve atraso no voo.


Pois não é que na parada na capital paulista, um monte de gente teve a mesmo ideia? Era gente abrindo a mochila e pegando sanduíche. Bom, por mim, tomara que a moda pegue, pois, talvez assim, parem de aviltar o viajante.

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