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Descobertos fósseis de nova espécie de hominídeo que foi 'vizinho' de Lucy

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Fóssil achado na Etiópia, a apenas 35 quilômetros de onde teria saído o Australopithecus afarensis, considerado o maior potencial descendente do homem, dá pistas sobre nova espécie de hominídeo. Essa região africana é, para a comunidade científica, um dos berços da humanidade - Foto: Yohannes Halle - Selassie/Cleveland Museum

 

Paris – Pesquisadores descobriram na Etiópia os restos fósseis de uma nova espécie de hominídeo que datam de 3,3 a 3,5 milhões de anos atrás, que viveram ao mesmo tempo e no mesmo lugar que Lucy, a famosa Australopithecus, elevando provas de que vários tipos de pré-humanos já viviam juntos. “Um novo parente se juntou a Lucy na árvore familiar humana”, informou Yohannes Haile-Selassie, pequisador do Museu de História Natural de Cleveland, nos Estados Unidos.

O estudo publicado ontem na revista Nature afasta um pouco a hipótese, antiga e agora muito contestada, de que Lucy seria a mãe da humanidade e nossa ancestral direta. Principal autor do estudo, Haile-Selassie analisou mandíbulas superiores e inferiores e dentes isolados encontrados em 2011 a 35 quilômetros do lugar onde viveu a espécie Australopithecus afarensis, à qual pertencia Lucy. As escavações foram realizadas no Afar, região desértica no Leste da Etiópia e considerada um dos berços da humanidade.

A nova espécie foi nomeada Australopithecus deyiremeda. Na língua Afar, deyi significa “perto” e remeda significa “parente”. Ela se diferencia da espécie de Lucy pela forma e tamanho dos dentes e a arquitetura robusta do seu maxilar inferior. Esse vizinho “é uma nova confirmação de que o Australopithecus afarensis não é a única espécie potencialmente ancestral do homem que viveu na região etíope de Afar”, observa Haile-Selassie.

Lucy, cujo esqueleto está completo em mais de 40%, com 52 ossos, foi descoberta em 1974 por uma equipe que inclui Donald Johanson, Maurice Taieb e Yves Coppens. Com mais de 3,2 milhões de anos, medindo 1,10 metro, ela era bípede mas também alpinista.

Sua espécie viveu entre 2,9 milhões e 3,8 milhões de anos atrás. O francês Coppens argumentou por muitos anos que Lucy foi “erroneamente apresentada como a mãe da humanidade”. Embora durante um longo tempo os paleontólogos tenham acreditado que houvesse apenas uma espécie de pré-humanos para o período de 3 a 4 milhões anos, várias descobertas, no Chade e no Quênia, levaram a questionar essa tese.

Por seu lado, Yohannes Haile-Selassie espera que alguns de seus colegas se mostrem céticos sobre a nova espécie Australopithecus deyiremeda. “Acho, no entanto, que é hora de assistirmos a esse momento da evolução humana com uma mente aberta e que examinemos cuidadosamente os fósseis disponíveis, em vez de rejeitá-los quando eles não correspondem às nossas hipóteses”, acrescentou.

 

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