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Estado de Minas

Pesquisa desenvolve produto que aumenta validade de alimentos atacados por bactérias e fungos


postado em 04/05/2015 06:00 / atualizado em 05/05/2015 11:13

Ver um produto alimentício se deteriorando ainda no prazo de validade ou deixando de ser consumido porque o tempo de armazenamento previsto pelo fabricante expirou são problemas que todo consumidor já enfrentou algum dia. E isso sem contar que o tempo de armazenamento da maioria dos alimentos é garantido com a ação de produtos químicos ou com a retirada de nutrientes, o que, em um ou em outro caso, inibe a ação dos micro-organismos.

Pesquisa iniciada em Minas no ano passado, a partir de uma substância natural isolada em laboratório, busca ampliar o tempo de prateleira de itens da panificação em mais de 50%. O produto desenvolvido e patenteado pela mineira Phoneutria Biotecnologia e Serviços Ltda. e pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) é resultado de uma reação enzimática (provocada por enzimas), foi batizado como PHT 436 e tem função antimicrobiana (substância que mata ou inibe o desenvolvimento de micro-organismos como bactérias e fungos).

“A ideia é que o produto possa ser usado como conservante de alimentos”, afirma Christiane Contigli, diretora do Instituto de Tecnologia em Alimentos e Bebidas do Centro de Inovação e Tecnologia Senai Fiemg – câmpus Cetec e coordenadora das pesquisas com o PHT 436. “Temos bons resultados nos testes de toxicidade que estão em andamento”, completa a pesquisadora. “Os resultados das análises feitas pela empresa in vitro utilizando células animais são animadores”, acrescenta o doutor Evanguedes Kalapothakis, professor do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG e fundador da Phoneutria.

Experiências feitas a partir da aspersão do PHT 436 sobre frutas e alimentos indicaram a possibilidade de uso do produto como conservante, o que levou a Phoneutria a apresentar a substância ao Senai. “A Phoneutria descobriu o produto antimicrobiano e o patenteou. Em 2014, iniciamos as pesquisas para verificar se ele pode ser usado como conservante de alimentos”, conta Christiane. De acordo com ela, os alimentos apresentados pela empresa e que receberam o PHT não foram contaminados por muito tempo. “Nos testes iniciais, a conservação aumentou meses, sem contaminação”, revela.

A explicação é simples. A substância ataca os micro-organismos e impede que os mesmos se desenvolvam nos alimentos. As pesquisas vão indicar a atuação exata do PHT no combate a bactérias, fungos e outros seres microscópicos. “Ainda aguardamos os resultados, mas provavelmente ocorre uma destruição da membrana de produção dos micro-organismos, o que mata ou impede a proliferação dos mesmos”, explica Evanguedes, responsável pelas pesquisas que levaram à descoberta do produto.

Entre os micro-organismos que o PHT combate estão as bactérias E.coli, causadora de problemas intestinais, Staphilococcus aureus, que causa infecções – incluindo pneumonia – e Bacillus cereus, uma das maiores responsáveis por problemas gerados por contaminação alimentar. Há ainda fungos como cândidas e leveduras e a bactéria Salmonella, que “acabam se dividindo muito rápido e infestando o alimento, gerando um problema de contaminação, que gera prejuízo para a saúde pública”, acrescenta Kalapothakis.

PÃES DE FORMA Ainda que exista a possibilidade de aplicação em vários alimentos, o CIT Senai está pesquisando o uso apenas na conservação de pães de forma. “Essa ação sobre a membrana dos micro-organismos permite usar o produto nos alimentos à base de trigo”, afirma o fundador da Phoneutria. De acordo com ele, a intenção é que, em certa quantidade usada, o PHT possa ampliar em 50% ou mais o prazo de validade do pão de forma. “Estamos finalizando os testes e assim que recebermos os resultados das pesquisas em animais vamos definir como o produto vai ser utilizado e comercializado, a forma de apresentação e que tipo de cliente ele vai atender”, revela Christiane Contigli.

O primeiro passo após a confirmação de que o PHT 436 não é tóxico para seres humanos será a realização de testes no alimento, para definir as quantidades necessárias para ampliar o tempo de preservação do pão de forma, hoje, em média, de 15 dias. “As pesquisas visam ao desenvolvimento de tecnologia para produção em escala industrial”, observa a responsável pela coordenação da pesquisa no Instituto de Alimentos do Senai.

O Senai vai mensurar também o custo/benefício e o custo final do produto. “A nossa intenção é que ele seja aplicado sem a necessidade de se alterar a forma de produção”, observa Christiane Contigli. Já na Phoneutria, segundo Evanguedes, os pesquisadores buscam reduzir custos de produção do PHT 436. No Senai, há também uma equipe trabalhando na escolha de um nome para o antimicrobiano da Phoneutria.


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