Agora, pesquisadores da Universidade Nacional da Austrália e do Instituto Niels Bohr, na Dinamarca, usaram esses dados para realizar uma série de cálculos que ajudam a estimar quantas estrelas da Via Láctea têm planetas em suas zonas habitáveis. O número impressiona: seriam bilhões de astros com um a três corpos orbitando na região propícia a vida — e isso apenas em nossa galáxia.
Para realizar o estudo, os autores utilizaram uma versão adaptada da Lei de Titius-Bode, método formulado nos anos 1770 e que possibilitou estimar a posição de Urano antes de o planeta ser descoberto em 1781 por William Herschel. Segundo essa lei, a relação entre o período orbital de Mercúrio e Vênus é a mesma entre Vênus e a Terra e assim por diante. Assim, sabendo o tempo que um objeto leva para dar uma volta em torno do Sol, é possível calcular a posição do planeta seguinte.
Os cientistas fizeram uma nova versão da lei e a testaram em 151 sistemas planetários descobertos com a ajuda do Kepler.
Para Fernando Roig, pesquisador do Observatório Nacional, as projeções de Jacobsen e colaboradores fazem sentido. Entretanto, na opinião dele, a Lei de Titius-Bode é questionável. “Na verdade, ela não é uma lei, porque não tem fundamento físico. É, na realidade, uma regra que permite os cientistas ajustarem as coisas para remontar um sistema planetário”, explica.
Para o brasileiro, o trabalho tem valor do ponto de vista estatístico. “O fato é que você não pode afirmar que as previsões que eles fazem de fato estão corretas. O que sabemos é que essa regra funciona para o nosso sistema, mas não dá para dizer que vale também fora daqui”, pondera Roig. “O resultado é interessante, mas questionável.
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