Chega a ser irônica a ideia de que no ano em que o Brasil vive uma das piores crises energéticas, com risco de apagão, a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) e a Organização para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) comemoram o Ano Internacional da Luz. A ideia, que foi proclamada em 2013, é mostrar ao mundo a importância da luz na criação de um futuro mais sustentável. Para físicos, a sensibilização da sociedade chega atrasada, uma vez que o planeta já sofre com os impactos do efeito estufa, que nada mais é do que o aumento da temperatura terrestre (não só numa zona específica, mas em todo o planeta), colaborando para uma seca cada vez mais agressiva, preocupando a comunidade científica.
Há quem pense que uma coisa não tem nada a ver com a outra (aquecimento global/luz), e muito menos imagina que sem luz não existiria vida na Terra ou que qualquer outro tipo de luz artificial impediria o desenvolvimento humano e hábitos noturnos. É por isso que a maioria das pessoas só percebe a importância da luz quando está sem ela. “Nem nos damos conta, mas a verdade é que as tecnologias da luz estão popularmente presentes em nosso cotidiano em forma de LEDs, fibras ópticas, lasers, lâmpadas e outros tantos dispositivos”, afirma o físico da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Aba Israel Cohen Persiano, coordenador de três cursos homologados pela Unesco (organizados pela Uber Laboratório de Tendências para a cidade de Belo Horizonte). Ele acrescenta ainda que o mundo precisa mudar os hábitos, com ações mais conscientes, ou o problema vai se agravar a cada dia.
O Ano Internacional da Luz foi lançado em 20 de janeiro. A Unesco vai promover com outras entidades o desenvolvimento de ações de sensibilização de políticos e da sociedade como um todo para despertá-los sobre a importância da luz na vida e no bem-estar, assim como as novas descobertas da área. Durante a temporada, a organização vai reunir sociedades científicas, instituições educacionais, ONGs e o setor privado ao redor do mundo, com objetivo de estudar e divulgar os fenômenos relacionados à luz.
Entre tantos avanços comemorados, estão também os 75 anos da descoberta da radiação cósmica de fundo (luz proveniente dos primeiros instantes do universo de acordo com a teoria do Big Bang), que em associação com previsões pela Teoria da Relatividade demonstra que o Universo não é estático e se encontra em constante expansão, ou seja, as galáxias estão se afastando umas das outras –, transportando informações nunca antes previstas ou imaginadas. Além disso, o Prêmio Nobel da Física de 2014 que reconhece o valor dos LEDs azuis será lembrado, além de colocar em evidência outros estudos de grande importância que estão em curso, como a viabilização da produção de painéis (TVs etc.) multicoloridos. “Ainda há um vasto campo a ser pesquisado. Estamos na transição da fase da microeletrônica para a nanoeletrônica (habilidade de manipular e criar dispositivos com dimensões menores que 100 nanômetros), vamos passar para a optoeletrônica (que lida com todas as interações entre luz e campos elétricos, quer eles formem ou não parte de um aparelho eletrônico), até chegarmos à era da computação quântica.”
Para o professor do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IF-UFRJ), Cláudio Lenz, a ideia de a Unesco promover a apreciação do conhecimento em torno da luz é bem-vinda, já que o Universo passa pela revolução da iluminação com o avanço para as lâmpadas de LED. “Numa época em que se fala em racionamento de energia, a descoberta das lâmpadas de LED é um dos melhores feitos da ciência, já que elas têm eficiência muito melhor do que as lâmpadas comuns, com economia de até 80% de energia”, afirma Lenz, que acrescenta dizendo que em poucos anos todas as lâmpadas serão substituídas por LED.
RESPOSTAS PARA DESAFIOS
O professor da UFMG destaca ainda a oportunidade de chamar a atenção global sobre como as tecnologias baseadas na luz (como conversão fotovoltaica de energia solar em elétrica em carros, em vez de hidroeletricidade, assim como o uso de energia elétrica em carros ao invés de combustíveis fósseis, diminuindo o uso da água represada e a emissão de gases que aumentam o efeito estufa) podem vir a ser soluções para os desafios mundiais de energia, educação, agricultura e saúde.
“A luz desempenha um dos principais papéis na ciência e tecnologia, sendo importante na fotossíntese, que reflete na crescente demanda de alimentos e regulação da quantidade de carbono despejada na atmosfera, passando pelos lasers usados em cirurgias, telecomunicações e o próprio conhecimento do Universo, cujs informações nos chegam por meio de radiações dessa natureza.”, diz Cohen.
Segundo ele, em termos científicos, a luz abrange toda a série de radiações eletromagnéticas, desde as ondas muito longas (ondas rádio) até as mais energéticas, correspondentes a frequências muito elevadas, como raios X e laser de raios gama. Além da luz visível, outras manifestações de mesma natureza (eletromagnética) permitem o fluxo de informações digitais/internet assim como a transmissão ou recepção de dados e imagens obtidas por telescópios espaciais, nas faixas de raios X ao infravermelho.
E são essas tecnologias, como a computação quânticaelétrons e fotons (luz), que serão efetivadas daqui a cerca de 15 anos, tendo como objetivo processar informações em velocidades cada vez mais altas que irão transformar o século 21.
Biografia do físico Hawking
Na época em que o mundo vai celebrar o Ano Internacional da Luz, a física ganha espaço também nas telas de cinema. Na última semana, A teoria de tudo, filme biográfico sobre o físico inglês Stephen Hawking, baseado no livro de sua primeira mulher e seu grande amor, Jane Hawking, entrou em cartaz. Por suas descobertas nas áreas de física e cosmologia, o gênio se tornou um dos físicos mais conhecidos desde a era Einstein e conquistou a admiração de profissionais da área e também a cadeira que foi ocupada por Isaac Newton na Universidade de Cambridge, em 1663.
Hawking deu importantes contribuições para as leis básicas que governam o Universo, como a radiação. Ele indicou que a Teoria Geral da Relatividade de Einstein teria um começo no Big Bang e um fim em buracos negros. Os estudos indicaram que era necessário unificar a relatividade geral com a teoria quântica, outro grande desenvolvimento científico da primeira metade do século 20.
O filme conta ainda como o físico, interpretado pelo ator Eddie Redmayne, fez descobertas importantes sobre o tempo, além de retratar seu romance com a aluna de Cambridge Jane Wide, vivida por Felicity Jones, e a descoberta de uma doença motora degenerativa, a Lou Gehrig (também conhecida como esclerose lateral amiotrófica, ELA), quando ele tinha apenas 21 anos. O longa já recebeu cinco indicações ao Oscar 2015 e pode levar o prêmio de melhor filme se vencer concorrentes como Birdman e O Grande Hotel Budapeste. A fama de Hawking vai além da vida de físico e passa por participações em séries de TV como The Big Bang Theory, e no desenho animado Os Simpsons.
Sete curiosidades sobre Stephen Hawking
1 – Um gênio preguiçoso
Quando tinha 9 anos, ele foi considerado o pior aluno da turma. Apesar disso, sempre demonstrou interesse pelo Universo, principalmente em descobrir como ele funciona de fato. Nessa época, recebeu o apelido de Einstein.
2 – Universo sem limite
Uma de suas maiores pesquisas diz respeito à teoria de que o Universo é ilimitado. Para explicar isso, Hawking usa a ideia da própria Terra, que, se imaginada em sua forma, não apresenta um começo ou um fim. A única diferença é que o planeta é tridimensional, enquanto o Universo se apresenta em 4D. Outra teoria a respeito do Universo sem limites é a que relaciona tempo e espaço.
3 – Prêmios e nomeações
Em 1974, tornou-se membro da Academia Real de Ciência, criada em 1660. Um ano depois, recebeu das mãos do papa uma medalha de ouro em homenagem aos seus estudos científicos. Foi o ganhador do Prêmio Albert Einstein e professor de matemática na Universidade de Cambridge (Inglaterra), posição que manteve por 30 anos. Em 2009, recebeu das mãos do presidente Barack Obama uma medalha de liberdade, a mais alta honraria civil concedida pelos EUA. Muitas pessoas acreditam que ele ainda vai ganhar um Nobel.
4 – Autor de livros infantis
Poucos sabem, mas Stephen Hawking, com a ajuda de sua filha Lucy, colaborou com a escrita do livro infantil George’s secret key to the Universe. O livro propõe explicar às crianças alguns conceitos importantes da ciência.
6 – Aliens existem
Durante o aniversário de 50 anos da agência espacial norte-americana (Nasa), em 2008, ele declarou acreditar na possibilidade de vida em outros planetas.
7 – Defensor do turismo espacial
Em 2007, Hawking experimentou os efeitos da gravidade zero e, pela primeira vez em décadas, saiu por alguns instantes de sua cadeira de rodas e praticou exercícios. Sua vontade de experimentar esse tipo de efeito ia além da óbvia paixão pelo Universo: ele queria incentivar o aumento de viagens espaciais e sua acessibilidade. Segundo Hawking, é importante que os homens possam logo viajar de um planeta para outro, pois no futuro isso pode garantir a sobrevivência da Terra.
Fonte: www.megacurioso.com.br
A supercadeira
Como Hawking escreve e pronuncia seus discursos
1) Um tablet é instalado em um suporte de metal acoplado a um dos braços da cadeira.
2) No menu, há termos prontos, como “sim”, e uma lista de palavras em ordem alfabética, além da função Soletrar.
3) Um sensor nos óculos capta movimentos da bochecha usados para escolher as frases.
4) O texto completo é enviado ao sintetizador, que cria a voz simulando entonação, segundo Sam Blackburn, assistente de Hawking. O som sai atrás do suporte do computador.
5) Para palestrar, ele escreve o discurso antes. Na hora da participação, envia ao sintetizador uma frase por vez, o que deixa a fala mais natural.
6) A Intel, fabricante de processadores para computadores, pesquisou por três anos uma nova tecnologia para ajudar Hawking e apresentou a ACAT (Assistive Context Aware Toolkit) que está habilitada a interpretar o toque, o piscar de olhos, os movimentos das sobrancelhas do usuário para ele se expressar em palavras. O equipamento será disponiblilizado em breve ao mercado.
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