Vilhena Soares
O trabalho, publicado na revista americana Plos One, se concentrou em avaliar quais os danos sofridos pelos ursos desde 2006. Com essas informações, os cientistas estimaram a situação que os animais terão que lidar futuramente, sob um clima já diferente. Os pesquisadores utilizaram dados de cobertura de gelo e observaram o comportamento dos ursos-polares na região ártica, usando também outras análises realizadas por pesquisas anteriores feitas no local.
Na investigação, eles constataram que o gelo do mar em todo o Ártico tem diminuído e alterado as características físicas dos ecossistemas marinhos, o que prejudica os ursos-polares, animais vulneráveis à diminuição do gelo. “ O aquecimento global é a principal ameaça para os animais.
Fome
Os cientistas acreditam que os ursos podem sofrer períodos longos sem coberturas de gelo, de dois a cinco meses, e isso deve ocorrer até 2100. Para a equipe de investigadores, há esperanças de se mudar esse cenário, caso se coloquem em prática medidas de combate ao aquecimento global. “Nossa pesquisa sugere que, se não fizermos nada para reduzir nossas emissões globais de gases de efeito estufa, o gelo vai ser tão limitado que pode haver muito pouco hábitat do urso-polar no mundo. No entanto, eu sinto que é importante reconhecer que há esperança, se reduzirmos as emissões globais de gases que provocam o efeito estufa em pouco tempo”, destaca Hamilton.
Previsão
Para Clive Tesar, pesquisador do Global Arctic Programme, da World Wildlife Fund (WWF) do Canadá, o estudo da revista Plos One mostra um cenário que já era previsto. “A pesquisa mostra claramente os resultados assustadores das mudanças climáticas.
Tesar acredita, ainda, que somente com medidas que combatam o aumento das temperaturas será possível mudar as previsões climáticas. “Essas condições envolvem uma rápida redução das emissões de gases que provocam o efeito estufa. Outros relatórios da WWF mostraram que a obtenção de uma redução quase total em tais emissões é viável até 2050. Sob esse cenário, o gelo do mar Ártico poderia regredir, e mais hábitat estaria disponível para ursos e outras formas de vida que dependem do gelo”, acredita o especialista. “ Esse cenário não é apenas algo sobre o hábitat de ursos — o mar de gelo do Ártico é uma parte muito importante no sistema climático global”, acrescenta.
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