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Estado de Minas

Decifrado DNA mais antigo do homem

Genoma tem rastros de neandertais, espécie que viveu e se miscigenou com o Homo sapiens antes de desaparecer misteriosamente. Descoberta esclarece pontos da colonização do planeta pelos humanos modernos


postado em 23/10/2014 11:00 / atualizado em 23/10/2014 11:12

Svante Pääbo (E), Ed Greeen, Adrian Briggs e Johannes Krause, pesquisadores à frente da decodificação do genoma a partir de osso do Homo sapiens(foto: AFP PHOTO/Image courtesy of Max-Planck-Institute EVA )
Svante Pääbo (E), Ed Greeen, Adrian Briggs e Johannes Krause, pesquisadores à frente da decodificação do genoma a partir de osso do Homo sapiens (foto: AFP PHOTO/Image courtesy of Max-Planck-Institute EVA )
 

Paris – Cientistas anunciaram ontem ter decifrado o mais antigo DNA já recuperado do osso de um Homo sapiens, um feito que lança luz sobre a colonização dos humanos modernos no planeta. O fêmur encontrado por acaso nas margens de um rio do oeste da Sibéria em 2008 pertenceu a um homem que morreu cerca de 45 mil anos atrás, afirmaram. Obtido a partir do colágeno contido no osso, o genoma contém rastros de neandertais: uma espécie próxima da nossa que viveu na Eurásia com o Homo sapiens, antes de desaparecer misteriosamente.

Estudos anteriores revelaram que Homo sapiens e neandertais se miscigenaram e, como resultado, esses últimos teriam deixado uma pequena marca de apenas 2% nos humanos atuais, exceto os africanos. A descoberta tem impacto no chamado cenário Fora da África, teoria segundo a qual o Homo sapiens evoluiu no Leste africano há cerca de 200 mil anos e, então, se aventurou fora do continente. Datar quando ocorreu a miscigenação indicaria quando o H. sapiens saiu da Eurásia rumo ao Sul e ao Sudeste da Ásia. O novo estudo, publicado na revista britânica Nature, foi chefiado por Svante Pääbo, renomado geneticista do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva em Leipzig, Alemanha, pioneiro nas pesquisas sobre os neandertais.

Cruzamento

O osso encontrado no Rio Irtyush contém uma quantidade maior de DNA neandertal do que os não africanos da atualidade, dizem os cientistas. Mas assume a forma de tiras longas, enquanto o DNA neandertal no nosso genoma, hoje, foi retalhado em seções minúsculas, como consequência da reprodução ao longo das gerações. Essas diferenças fornecem uma pista para uma datação do DNA.

Usando este método, a equipe de Pääbo estima que a miscigenação entre os neandertais e os Homo sapiens tenha ocorrido entre 7 mil e 13 mil anos antes de quando o indivíduo siberiano viveu, portanto, não mais de 60 mil anos atrás. “Isso fornece um esboço de datação para estimar quando os H. sapiens partiram rumo ao Sul da Ásia”, disse Chris Stringer, professor do Museu Britânico de História Natural.

Se os australasiáticos atuais têm DNA neandertal, isso se deve ao fato de seus antepassados terem atravessado um território ocupado por neandertais e se misturaram com eles. “Embora ainda seja possível que os humanos modernos tenham atravessado o Sul da Ásia antes de 60 mil anos atrás, esses grupos podem não ter dado uma contribuição significativa às populações modernas remanescentes fora da África, que contêm evidências de miscigenação com os neandertais”, acrescentou Stringer.

Antropólogos sugerem que um ramo de Eurasiáticos do Norte fez a travessia para onde hoje fica o Alasca mais de 15 mil anos atrás, por meio de uma “ponte de gelo”, que conectava as ilhas do Estreito de Bering, habilitando o Homo sapiens a colonizar as Américas.

 


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