O cientista britânico-americano John O'Keefe e o casal norueguês May-Britt e Edvard I. Moser foram anunciados nesta segunda-feira como os vencedores do Prêmio Nobel de Medicina pela descoberta de um sistema de "GPS interno" no cérebro.
"A descoberta solucionou um problema exposto por filósofos e cientistas durante séculos, o de como o cérebro cria um mapa do espaço ao nosso redor e como nos movimentamos em um entorno complexo", destacou.
Segundo o júri, a descoberta tem repercussões que vão da Filosofia à Medicina e podem ser aplicadas para tratar o Mal de Alzheimer.
Outras células "de locais" eram ativadas quando estavam em outros lugares, o que levou O'Keefe a concluir que estas acabavam formando um mapa do cômodo no cérebro do rato.
Mais de três décadas depois, em 2005, May-Britt e Edvard Moser descobriram uma segunda chave do "GPS" ao identificar outro tipo de células nervosas, de "rede", que geram um sistema coordenado para o posicionamento preciso e o traçado de itinerários.
"Estas pesquisas mostraram como as células de locais e de rede tornam possível determinar uma posição e deslocar-se", explicou o júri.
O Comitê Nobel destacou que doentes de Alzheimer geralmente se perdem e não reconhecem o entorno. "Portanto, o conhecimento sobre o sistema de posicionamento do cérebro pode nos ajudar a entender a devastadora perda da memória espacial, que afeta as pessoas com esta doença", completou.
May-Britt Moser afirmou à Fundação Nobel que estava "desconcertada" com o prêmio e que seu marido ainda não estava a par, pois estava em um avião com destino a Munique.
"Temos a mesma visão, ficamos felizes de entender e conseguimos isto conversando entre nós, com outras pessoas e depois fazendo as perguntas que nos interessam da melhor maneira possível", explicou Moser.
O júri destacou ainda que a descoberta do "GPS interno" representa uma "mudança paradigmática" na compreensão de como os grupos de células especializadas trabalham em conjunto no cérebro.
John O'Keefe nasceu em 1939, May-Britt Moser em 1963 e seu marido Edvard Moser em 1962.
Os vencedores dividirão igualmente o prêmio de oito milhões de coroas suecas (1,1 milhão de dólares, 881.000 euros).
No ano passado, o Nobel de Medicina foi atribuído a James E. Rothman, Randy W. Schekman e Thomas C. Suedhof, todos americanos, por trabalhos sobre como as células organizam seu sistema de transporte.
Os vencedores de 2014 receberão o prêmio em uma cerimônia em Estocolmo no dia 10 de dezembro.