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Estado de Minas

Descoberta sugere que primeiros mamíferos do planeta são mais antigos do que se pensava

Espécies encontradas na China sugerem que o grupo ao qual o homem pertence surgiu há, pelo menos, 208 milhões de anos


postado em 14/09/2014 13:09 / atualizado em 15/09/2014 13:04

A aparência das novas espécies lembra a de pequenos esquilos(foto: ZHAOCHUANG/DIVULGAÇÃO)
A aparência das novas espécies lembra a de pequenos esquilos (foto: ZHAOCHUANG/DIVULGAÇÃO)

Até agora, acredita-se que os mamíferos tiveram origem em algum momento do Período Jurássico — entre 176 milhões e 161 milhões de anos atrás —, quando a Terra era dominada pelos dinossauros. Contudo, uma descoberta feita na China pode colocar a origem desse grupo de animais, ao qual pertence o homem, em uma era ainda mais antiga do planeta. De acordo com paleontólogos da Academia Chinesa de Ciências e do Museu Americano de História Natural, os precursores dos mamíferos surgiram ao menos há 208 milhões de anos, no Triássico Superior, muito antes do que o imaginado. O estudo foi publicado na revista Nature.

Os mamíferos fazem parte de um extenso e diverso grupo que inclui marsupiais, como o ornitorrinco, e placentários, como humanos e baleias. A história evolutiva desse grande conjunto de espécies, contudo, é confusa, e não há muitas informações sobre a origem e a evolução dos primeiros representantes desses animais. “Por décadas, os cientistas têm debatido se um grupo extinto, chamado Haramiyida, pertence ou não ao grupo Mammalia”, diz o coautor do artigo, Jin Meng, curador da Divisão de Paleontologia do Museu de Americano de História Natural.

“Anteriormente, tudo que sabíamos sobre esses animais era baseado em mandíbulas fragmentadas e dentes isolados”, conta Meng. Agora, porém, foram descobertos seis fósseis de três espécies muito bem preservados, o que, segundo o autor, ajuda a desvendar o enigma. “Temos uma boa ideia de como era realmente a aparência deles, o que confirma que eram, de fato, mamíferos”, assegura o especialista.

As três novas espécies — Shenshou lui, Xianshou linglong, e Xianshou songae — lembravam pequenos esquilos e foram incluídas em um novo grupo ou clade, chamado Euharamiyida. Eles pesavam entre 0,20g e 200g e tinham rabos e pés que deviam facilitar a escalada em árvores. “Suas mãos e pés eram adaptados para segurar galhos, mas não pareciam bons para correr no solo”, diz Meng.

Dentes
Provavelmente, os membros do grupo Euharamiyida comiam insetos, nozes e frutas com seus estranhos dentes, que tinham muitas cúspides, ou extremidades agudas, nas coroas. Acredita-se que os mamíferos evoluíram de um ancestral comum que era tricúspide; os molares humanos podem ter até cinco. Mas os dentes das espécies recém-descobertas tinham duas fileiras paralelas de pontas em cada molar, com até sete em cada lado. Como esse padrão dentário complexo evoluiu para chegar ao que se observa em outros mamíferos é algo que desafia os cientistas há muito tempo.

Apesar da estranha dentição, as características físicas em geral vistas nos novos fósseis são condizentes com um mamífero. Por exemplo, os espécimes achados mostram evidências do típico ouvido médio desse grupo, a área imediatamente dentro do tímpano que transforma as vibrações do ar em ondas sonoras. Essa parte anatômica é única dos mamíferos, no sentido de ser constituída por três ossos. Os novos fósseis já apresentavam essa característica.

A afirmação de que essas espécies eram mamíferos sugere a necessidade de uma revisão sobre a época que esse grupo surgiu. Os fósseis analisados no artigo têm 160 milhões de anos. Mas, para que eles tenham alcançado esse grau de evolução, ancestrais mamíferos precisam ter surgido antes do Jurássico, o que joga a origem para o Triássico Superior, entre 235 milhoes e 208 milhões de anos atrás. Essa possibilidade já é amparada por alguns estudos que usam dados de DNA. “O que mostramos nos convence muito de que esses animais eram mamíferos e que precisamos voltar mais o relógio da divergência dos mamíferos”, diz Jin Meng. “Mas o mais importante é que esses fósseis podem nos ajudar a contar muito mais histórias sobre os primeiros animais do grupo.”


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