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Estado de Minas

Fóssil e réplica de dinossauro com filhote são apresentados em Uberaba

Batizado como Uberabatitan ribeiroi, o maior dinossauro brasileiro da espécie será apresentado hoje em Peirópolis, no Triângulo Mineiro


postado em 08/08/2014 10:28 / atualizado em 08/08/2014 10:24

O Uberabatitan ribeiroi em tamanho natural. Dos 20 grupos de dinossauros já descritos no país, sete foram descobertos em Uberaba, entre os quais, três espécies únicas(foto: L. ADOLFO/ESP. EM/D.A PRESS)
O Uberabatitan ribeiroi em tamanho natural. Dos 20 grupos de dinossauros já descritos no país, sete foram descobertos em Uberaba, entre os quais, três espécies únicas (foto: L. ADOLFO/ESP. EM/D.A PRESS)
 

Um dinossauro de 18 metros de comprimento e seu filhote, de quatro metros, representantes do maior animal terrestre que habitou o Brasil, acabam de ganhar corpo e forma, em Uberaba, no Triângulo Mineiro. O gigante do período Cretáceo, batizado como Uberabatitan ribeiroi, está sendo apresentado hoje ao país, numa reconstrução em vida como os cientistas imaginam que ele era em carne e osso. As primeiras réplicas “vivas” desse Titanossauro estão inseridas numa paisagem que simula o ambiente em Uberaba há 70 milhões de anos.


A iniciativa é do Complexo Cultural e Científico de Peirópolis (CCCP), da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), que mostra também pela primeira vez uma vértebra do pescoço do animal, encontrada em meados de junho. O fóssil mede 63 centímetros de comprimento e dá respaldo científico à tese que diz que a espécie poderia medir até 22 metros da cauda à cabeça, e quase sete metros de altura, garantindo a ela o posto de maior dinossauro brasileiro.

De acordo com Luiz Carlos Borges Ribeiro, geólogo da UFTM e um dos responsáveis pela descoberta, o exemplar está preservado, apesar de uma das extremidades apresentar-se fragmentada. Até onde se sabia, o maior dos três indivíduos poderia alcançar cerca de 18 a 20 metros de comprimento, por cinco a seis metros de altura. “Considerando o tamanho dessa nova vértebra, pode-se inferir que o animal teria alcançado até cerca de 22 metros de comprimento, por quase sete metros de altura, o que confirma que se trata do maior dinossauro do país. O novo fóssil está em fase de preparação. Concluída a etapa, deverá ser catalogado e depositado na coleção científica do CCCP/UFTM com os outros fósseis da espécie.

A reconstrução (de como seriam em vida) dos dois dinossauros começou em janeiro e levou 170 dias até ser concluída, neste mês. Junto das duas réplicas vivas apresentadas hoje, um Abelissauro (carnívoro) tenta atacar o filhote de Uberabatitan, que se protege debaixo da cauda da mãe. Os animais mostrados hoje representam seres que viveram em condições ambientais extremas, marcadas pela pronunciada aridez climática e pelo estresse. Nesse contexto, conviveram com inúmeros outros animais encontrados na região de Uberaba, como outros titanossauros de menor porte, crocodilos, anfíbios, lagartos, peixes, tartarugas, invertebrados e até mesmo dinossauros carnívoros de pequeno e grande portes, como o Abelissauro.

Luis Carlos Ribeiro, geólogo da UFTM e um dos responsáveis pela descoberta, mostra a diferença de tamanho da vértebra encontrada este ano para outra descoberta há alguns anos(foto: L. ADOLFO/ESP. EM/D.A PRESS)
Luis Carlos Ribeiro, geólogo da UFTM e um dos responsáveis pela descoberta, mostra a diferença de tamanho da vértebra encontrada este ano para outra descoberta há alguns anos (foto: L. ADOLFO/ESP. EM/D.A PRESS)
Projeto maior

As réplicas da mãe Uberabatitan e seu filhote custaram cerca de R$ 120 mil e foram feitas pelo paleoartista Norton Fenerich e sua equipe. Até agora, só existem réplicas desses animais em esqueleto, uma delas no museu da PUC Minas, em Belo Horizonte. A apresentação feita hoje é parte de um projeto maior, capitaneado pela UFTM e coordenado por Vicente de Paula Antunes Teixeira, responsável pelo CCCP. Uma das propostas é dotar o Geossítio Peirópolis de atrativos que potencializem o turismo paleontológico no bairro e também em Uberaba. Com outros seis geossítios, o de Peirópolis integra o Patrimônio Geológico já inventariado e descrito dentro do contexto do Geoparque Uberaba – Terra dos Dinossauros do Brasil.

O geoturismo é responsável pela geração de 100 empregos diretos em Peirópolis, onde vivem 350 moradores. O lugar, segundo Ribeiro, “é um exemplo nacional da aplicação da ciência dos fósseis como ferramenta de desenvolvimento socioeconômico, mecanismo de desenvolvimento regional sustentável”. A ideia é atrelar essa característica a outras vocações do município, como a histórica presença do zebu e a religiosidade, que tem como ícone a imagem de Chico Xavier. Dos 20 grupos de dinossauros já descritos no país, sete foram descobertos em Uberaba, entre os quais, três espécies únicas, o que projeta o município como a terra dos dinossauros no Brasil.

A ideia é transformar Uberaba em um geoparque. Até o momento, só existem três parques desse tipo nas Américas com a chancela da Unesco, um no Ceará (Geopark Araripe), um no Canadá (Stonehammer Geopark) e outro no Uruguai (Grutas del Palacio), aprovado no ano passado. “As ações postas em prática em Peirópolis desde 1991 estão em total consonância com o que propõe o Serviço Geológico do Brasil e a Unesco para a consolidação de Uberaba como geoparque. Os dinossauros são os mais importantes elementos da geodiversidade local, protagonistas na atração e popularização da ciência dos fósseis. A apresentação de duas novas réplicas vivas não é um fato isolado. Depois disso, virão outras réplicas, que estão sendo programadas. Já temos os recursos alocados”, diz Ribeiro, cujo sobrenome batizou o Uberabatitan ribeiroi.

 

Origem da nova espécie
A escavação que possibilitou a descoberta da vértebra cervical do Uberabatitan foi financiada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Ela foi realizada no nível geológico, escavado entre 2004 e 2006, onde foram descobertos cerca de 210 elementos ósseos, que deram origem à descrição dessa nova espécie de dinossauros pertencentes ao grupo dos Titanossauros, no qual se inserem os maiores dinossauros do planeta. Os diversos fósseis foram encontrados desarticulados, porque estão associados a um ambiente de rios e depósitos sedimentares, formados por enxurradas e avalanches, reinantes na região no fim do período Cretáceo.

 


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