Para comprovar as constatações, os cientistas realizaram um experimento com três insetos de características bem distintas: um pulgão, um besouro e uma mariposa. “Monitoramos as variações pelos dados fornecidos pelo Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) e notamos que, assim que a pressão atmosférica baixava, com seis a 12 horas de antecedência das chuvas, os insetos interrompiam as atividades de reprodução, como os rituais para o acasalamento, e se abrigavam, mesmo estando em um lugar fechado, como o laboratório.”
O experimento foi repetido no Canadá, na Universidade de Ontário, com uma câmara barométrica, que permitiu o controle da pressão atmosférica. As mudanças no comportamento foram novamente constatadas. Segundo Bento, a pesquisa comprova observações anteriores no mesmo sentido. “Vimos algo parecido em um tsunami que atingiu a Malásia. Alguns bichos fugiram antes da tragédia e sobreviveram. Também temos casos isolados, como o comportamento dos cachorros que uivam quando vai chover. Nossa pesquisa reforça essa suspeita de mudança (de comportamento) com um experimento, que tem valor científico ”, diz.
Para o biólogo do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Roberto Magno, que não participou do estudo, o resultado do trabalho mostra claramente umas das ferramentas utilizadas para a sobrevivência dos bichos e um comportamento evolutivo. “Os insetos estão na Terra há mais de 300 milhões de anos. Eles chegaram bem antes do homem e precisavam utilizar os recursos para se proteger até por conta da estrutura, que é pequena e frágil”, explica. De acordo com Bento, o próximo passo da pesquisa será descobrir como funciona esses mecanismos de preservação e quais os recursos utilizados por esses animais para agir dessa forma.