"Nós não avaliamos a tecnologia, para saber se ela é possível ou não, nem os aspectos econômicos" , disse à AFP Olivier Boucher, diretor de pesquisa do IPCC e pesquisador do laboratório de meteorologia dinâmica de Paris.
"Mantemos uma abordagem puramente climática: se conseguirmos fazê-lo, qual seria o impacto sobre o clima? Funcionaria? Quais seriam os efeitos colaterais ? ", questiona o cientista, co-autor do capítulo do IPCC sobre as nuvens e aerossóis.
Neste capítulo, foram avaliadas duas técnicas: a injeção de partículas na estratosfera para refletir a luz solar (e, assim, evitar que parte do calor solar atinja a Terra) e a injeção de sal marinho sobre os oceanos para fazer as nuvens mais reflexivas.
"De um ponto de vista puramente climático, a injeção de aerossóis estratosféricos pode, efetivamente, arrefecer o clima, mas sabemos que há um certo número de efeitos colaterais", amplificando, por exemplo, as mudanças nas precipitação em algumas regiões, explica Olivier Boucher.
Outro risco: os cientistas acreditam que, se esta técnica for interrompida depois de um tempo, haveria um aquecimento mais rápido, e potencialmente de maior impacto.
Para os sais marinhos, o pesquisador considera que não há neste momento "garantias que funcione de um ponto de vista climático" , com base em simulações.
O IPCC publicou nesta sexta-feira o resumo do primeiro volume de seu novo relatório, o primeiro desde 2007. Apresentado em quatro partes até outubro de 2014, ele deve atualizar os conhecimentos sobre o aquecimento global.