Jornal Estado de Minas

Estudo desvenda como o gelo se comporta sob altas pressões

Pesquisadores do Instituto para Ciência Carnegie, nos Estados Unidos, anunciaram na revista Proceedings of the National Academy of Sciences uma descoberta que mostra a compreensão de como o gelo se comporta sob altas pressões. Com a nova tecnologia desenvolvida no Laboratório Nacional Oak Bridge, no Tennessee, Michel Guthrie e sua equipe conseguiram pela primeira vez observar átomos de hidrogênio em gelo sob uma pressão 500 mil vezes maior que a atmosférica.

“Os resultados mostram que a dissociação das moléculas da água seguem dois mecanismos diferentes. Algumas começam a se separar em pressões bem mais baixas que as previstas em 1964”, informa Russell Hemley, coautor do estudo. “Nossos dados traçam uma nova fotografia do gelo. Não só podemos entender melhor as ligações em H2O como temos dados importantes para apoiar a teoria proposta anteriormente de que os prótons no gelo do interior de planetas (onde a pressão é muito alta) podem se mover mesmo quando o gelo permanece sólido”, diz Guthrie.

Esse é um feito perseguido há quase 50 anos. Quando a água congela, suas moléculas se juntam em uma rede cristalina unida por ligações de hidrogênio. Entretanto, essas ligações são muito versáteis e, assim, o gelo pode se configurar em diferentes estruturas – pelo menos 16, dizem os cientistas. Em todas essas formas de gelo, a molécula H2O é a matéria-prima universal.

Contudo, em 1964, foi previsto que, sob uma determinada pressão, as ligações de hidrogênio poderiam se fortalecer a ponto de separar a molécula de água. Desde então, diversos estudos procuraram observar uma molécula de água dissociada. A mobilidade dos prótons nessas condições pode beneficiar não só o estudo sobre o gelo mas levar a novas tecnologias, acreditam os autores. “Nossa descoberta pode criar diferentes formas de produção de energia, como métodos de armazenar o hidrogênio e transformá-lo em um eficiente combustível para automóveis”, acrescenta Guthrie.