Fartos, volumosos, na tonalidade certa. Hoje, existe não apenas um arsenal de cosméticos para a beleza dos cílios como também tratamentos estéticos que prometem tudo quanto é efeito: alongar, preencher, ondular, pigmentar e ainda colar fios artificiais aos naturais. Segundo especialistas, tais procedimentos deixam o olhar turbinado de forma natural, e duram por até 30 dias, quando é necessária nova sessão de cuidados.
O impacto no visual é imediato, porém discreto. “As pessoas identificam uma mudança, mas não conseguem determinar qual é. Muitas vezes, confundem com plástica. Isso porque, como diz o poeta, os olhos são a janela da alma. Quando bem marcados, eles chamam mesmo a atenção, deixam a mulher mais sensual”, descreve Gustavo Henrique Pereira Elias, especialista em alongamento de cílios fio a fio do Núcleo Fidelaide, no Bairro Gutierrez.
Elias conta que a moda surgiu no Japão, há cerca de 15 anos. “As mulheres orientais têm como característica física a pálpebra grande, daí elaboraram técnicas para suavizar e demarcar o olhar”, conta. Os fios usados no procedimento chamado alongamento são sintéticos, com origem na Coreia, assim como a cola usada para unir o produto artificial aos fios naturais, em técnica semelhante àquela usada no megahair. “A duração é de 20 a 30 dias e os cílios ‘postiços’ não entram em contato com a pele”, garante o profissional.
O preço para turbinar os cílios não é dos mais salgados, R$ 120 para colocação e R$ 80 para manutenção. Ainda segundo Elias, o público-alvo é formado por mulheres de todas as faixas etárias. “Trata-se de um serviço estético prático e cômodo, já que a pessoa acorda com 60% da maquiagem pronta”. Outra técnica muito procurada no local é a permanente dos fios naturais, ideal para aumentar a curvatura dos cílios. “Passamos o produto para permanente, enrolamos os fios em rolinhos, como se fosse uma permanente de cabelo. O efeito dura por até dois meses”, descreve.
Pigmentação Em São Paulo, a maquiadora e designer de sobrancelha Márcia Pedroso trabalha com a beleza dos olhos há 25 anos. Entre os procedimentos, realiza pigmentação (com tintura especial para a região), permanente e alongamento fio a fio e ainda promove cursos para outros profissionais da área. Lá, o preço dos procedimentos varia de R$ 80 a R$ 250.
A especialista descreve o público-alvo como mulheres que têm cílios com fios curtos, poucos pelos ou claros demais. Fora isso, trata-se de vaidade, da busca por um olhar mais marcante e sensual. “A moda surgiu com os cílios postiços, mas as clientes queriam um efeito mais duradouro. Daí a indústria investir em fios sintéticos com aspecto natural, para serem colados aos fios verdadeiros.” O resultado, conta, é um olhar mais bonito e sedutor durante o dia e à noite, e não apenas em festas.
Desde que não sejam realizados em excesso, o médico Ivan Curtiss Silviano Brandão, dermatologista membro-titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Europeia de Dermatologia e Venereologia, dá sinal verde para práticas como a colocação de cílios postiços, alongamentos e outros procedimentos estéticos. “Feitos por profissionais competentes e cuidadosos, eles não oferecem maiores riscos. A frequência desses procedimentos também não deve ser excessiva, pois, como tudo na vida, o excesso pode ser prejudicial.”
Colírio
Uma técnica polêmica também tem feito sucesso entre mulheres que desejam bombar os cílios: o uso do Latisse, remédio para o tratamento do glaucoma, fabricado pela californiana Allergan, que tem filial no Brasil. O princípio ativo do produto é o bimatoprosta.
Após observações e estudos, os médicos oftalmologistas perceberam que um dos efeitos colaterais dessa substância e fazer crescer os cílios. A partir daí, o Latisse, que não é um colírio, mas sim uma solução, passou a ser usado com esse objetivo. O produto também tem sido testado como recurso para cobrir falhas na sobrancelha, apesar de a fabricante não garantir nenhum dos efeitos “estéticos” da solução.
Além do tratamento do glaucoma, o médico Ivan Curtiss Silviano Brandão esclarece que o bimatoprosta também foi aprovada pela agência norte-americana Food and Drug Administration (FDA) para casos de hipotricose dos cílios – ou seja, a perda parcial dos fios. “É interessante lembrar que o crescimento dos cílios com o uso desse produto é um efeito colateral. Assim, também podem ocorrer prurido ocular e hiperemia da conjuntiva (em 4% dos pacientes), hiperpigmentação da pele, olhos secos e eritema palpebral. A questão é: vale a pena usar o produto apenas para uma finalidade estética?”
Ainda segundo o dermatologista, não há um consenso na indicação do Latisse para uso estético, já que não está claro qual é o percentual de pacientes que apresentam os efeitos indesejáveis do produto. Portanto, o uso deve ser criterioso e avaliado por um dermatologista associado à Sociedade Brasileira de Dermatologia. “Com certeza, eu não prescreveria o produto para pacientes interessados em um aumento dos cílios de forma geral. É preciso avaliar cada caso e pesar a relação risco x benefício.”