Rebeca Ramos
A qualidade de vida de um adulto está intimamente ligada ao prazer. No campo da sexualidade, isso significa que as relações precisam ser saudáveis e agradáveis, independentemente do gênero. Problemas físicos e fisiológicos, no entanto, comprometem essa equação entre as mulheres. E muitas delas, por constrangimento ou desconhecimento, passam anos ou até mesmo a vida toda sem conseguir resolvê-los. Para prevenir os transtornos, os especialistas são enfáticos: é preciso estar sempre em dia com as consultas médicas e cuidar do bem-estar físico.
“A relação sexual é uma atividade que demanda muita energia. Quando o organismo encontra-se abatido, ele tende a concentrar toda a sua força no combate ao que lhe causa mal. Sendo assim, sobra pouca energia para a atividade sexual”, explica a psicóloga e sexóloga Lorena Torres Noronha. De acordo com o ginecologista Paulo Henrique Cordeiro, as patologias ginecológicas que mais comprometem a resposta sexual são as leucorreias, as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), a doença inflamatória pélvica (DIP) e a endometriose.
O diabetes também interfere à medida que a patologia avança, causando queda das defesas imunológicas e abrindo as portas para um quadro de infecções vaginais recorrentes, como a candidíase e a vaginose bacteriana. “É recomendável que a mulher vá ao ginecologista pelo menos uma vez ao ano, independentemente de ela ter uma vida sexual ativa. É importante lembrar que doenças sexualmente transmissíveis são muito mais agressivas no corpo da mulher”, alerta Lorena. Ela usa o papilomavírus humanos (HPV) como exemplo da complexidade dos efeitos das DSTs no organismo feminino. Embora não cause tanto transtorno no homem, na mulher o HPV pode gerar câncer do colo do útero. “Sendo assim, é indispensável fazer o controle anual para evitar que algo simples se transforme em uma doença grave”, ressalta.
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Sexo é tabu para idoso, mostra pesquisaMulheres jovens se comunicam mais com sexo oposto do que homens, diz estudoNoites mal dormidas comprometem a qualidade do sexoReação adversa A libido pode ser prejudicada ainda pela ingestão de remédios. De acordo com o ginecologista e sexólogo Gerson Lopes, a maioria dos antidepressivos é danosa à satisfação sexual. “Ele e os remédios para hipertensão, entre outras drogas, podem induzir à disfunção sexual, mas isso deve ser investigado”, observa. O efeito ocorre principalmente porque há uma diminuição do nível de testosterona no organismo da mulher. “A testosterona, que é um hormônio conhecidamente masculino, está altamente ligada à libido feminina.
Os quimioterápicos também podem interferir negativamente no desempenho sexual, mas Gerson Lopes observa que os usuários desse tipo de medicamento geralmente estão em uma fase tão delicada da vida que dificilmente pensam em sexo. A hiperprolactina – aumento do hormônio prolactina, responsável, entre outras coisas, pela produção de leite – é outro problema comum que afeta a libido. Nesse caso, ela pode ser tratado com regulagem hormonal.
Estímulo
Algumas peculiaridades fazem com que a mulher tenha poucas chances de ter orgasmos com a penetração. Isso porque a parte interna da vagina tem pouquíssimos pontos erógenos. Nessas regiões, há maior concentração de terminações nervosas. Sendo estimuladas, produzem maior excitação sexual. Segundo a psicóloga e sexóloga Lorena Torres Noronha, as zonas erógenas estão espalhadas por todo o corpo, sendo que o organismo feminino tem mais áreas que o masculino, principalmente na parte externa do órgão sexual.
“A nuca, o pescoço, os lóbulos da orelha, os mamilos, as coxas, as nádegas são alguns dos pontos”, pontua Lorena.
De acordo com o ginecologista e sexólogo Gerson Lopes, na entrada da vagina está posicionado um músculo chamado bulbo vestibular. Por ser muito sensível, ele promove prazer no início da penetração. “Quando manipulada a parede anterossuperior da vagina, que corresponde ao corpo interno do clitóris, a mulher sente muito prazer e acredita ter encontrado o ponto G, mas não é verdade. Ele não existe”, justifica. É comum, segundo Lopes, que mulheres percam tempo buscando formas de sentir orgasmo e, dessa forma, não aproveitem o prazer que o sexo pode proporcionar.
“O coito é uma das menores chances de a mulher sentir orgasmo. Entretanto, é possível ter muito prazer sem ter orgasmo. Acredito que a mulher tem o direito de buscar seus orgasmos, mas não é uma obrigação”, afirma Lopes.
Leia amanhã: Quando problemas psicológicos afetam a relação sexual.