Jornal Estado de Minas

Windows 8 é uma pechincha?

B.Piropo - Técnicas & Truques
- Foto: Reprodução de tela
Como sabem todos os que leem este caderno, Windows 8 está disponível há duas semanas. Funciona, é mais rápido que Windows 7, tão estável quanto, carrega mais depressa e é mais seguro, além de outras vantagens. Tudo isso foi dito na cerimônia de lançamento, levada a termo com a devida pompa e circunstância em uma grande casa de espetáculos de São Paulo. E nada disso foi surpresa para quem usava o produto já havia algum tempo. A novidade foi a estratégia de mercado adotada pela MS para seu novo sistema, inédita na história da empresa.
Para começar, correm boatos de que a campanha de divulgação do produto em escala mundial será, literalmente, bilionária. Fala-se em bilhão e meio de dólares, cifra que não foi negada ou confirmada pelo presidente da MS Brasil, Michel Levy, na entrevista coletiva que se seguiu ao lançamento. Mas levando em conta que são 140 países e a quantidade de comerciais de Windows 8 que se vê nos intervalos do horário nobre da TV, não deve estar longe disso.

Depois, o preço. A versão de atualização na caixa (“box”) para ser instalada em máquinas que rodam uma versão anterior de Windows custa R$ 269. Uma pechincha se comparada aos preços de lançamento usuais dos sistemas operacionais da MS. Mas não se incomode com ela, pois até o final de janeiro de 2013 a mesma atualização pode ser baixada de https://windows.microsoft.com/pt-BR/windows/buy?OCID=GA8_SEM_ROW_Null_Null_Null_Null pela módica quantia de R$ 69. E para quem adquiriu um computador com Windows 7 a partir de junho (ou para quem comprar até o final de janeiro), o custo será R$ 29.

Uso produtos MS há mais de 25 anos e jamais vi coisa igual. E note que se trata da versão Windows 8 Pro, a mais completa. Mais ainda: há relatos – que eu não confirmo porque não testemunhei, mas parecem verídicos pelo que tenho lido a respeito em comentários de fóruns na internet dedicados à tecnologia – de usuários que adquiriram a versão de R$ 69 (e até mesmo a de R$ 29) e conseguiram com ela fazer uma instalação “limpa” (ou seja, a partir do zero, sem qualquer outro sistema instalado).

Ora, um “erro” destes não pode ser por acaso. Seria demasiadamente infantil para ser cometido por uma empresa com a experiência de uma MS. Parece coisa proposital. Então o que estaria por detrás de tudo isto? Por que Windows 8 tornou-se uma pechincha?
Bem, eu tenho cá minha opinião que pretendo compartilhar com vocês, advertindo porém que se trata de mera especulação baseada na concatenação de fatos aparentemente desconexos. Senão, vejamos. Um destes fatos foi a declaração de Michel Levy em sua apresentação para o público no lançamento de Windows 8 informando que a MS vive um período de transição de uma desenvolvedora de software para prestadora de serviços. Depois, a personalização de Windows 8, que, como o Android, exige o cadastramento de uma “conta Microsoft” durante a instalação (pode ser do Hotmail, Windows Live ou qualquer outro serviço MS e, se o usuário não tiver nenhuma, pode criar na hora).

Junte a isso a consolidação da “Loja Windows”, onde, seguindo o exemplo da Amazon, ou Apple, ou Google, basta cadastrar sua conta Microsoft e uma forma de pagamento para poder adquirir qualquer exemplar dentre a enorme variedade de programas disponíveis (cujo número deve aumentar significativamente considerando a atraente remuneração que a MS oferece aos desenvolvedores). Considere ainda as duas lojas de música (“Música” e “Xbox Music Store”) e o “Xbox Games”, todas integradas a Windows 8 e todas oferecendo produtos que, feito o devido cadastramento, podem ser adquiridos com um simples clicar de mouse.

E isto pode ser só o começo. Agora pense: migrando para o ramo de serviços, como já está fazendo a concorrência, a MS precisará de um forte ponto de venda. Windows 8 é um bom sistema operacional. Sendo bom e tornando-se barato, é uma compra atraente. E quer melhor ponto de venda que um sistema operacional instalado em bilhões de máquinas? Quer dizer: baixar o preço é parte de uma estratégia de vendas não de Windows, mas do que poderá ser comprado por meio dele. E isso sem comprometer o desempenho do sistema. Um achado.