Ele se refere à prova final dos 100 metros livres na Olimpíada de Barcelona, em 1992. O tempo do nadador brasileiro foi marcado errado pelo placar eletrônico. Duas revisões precisaram ser feitas até garantir a Borges a medalha de prata. Nos Jogos de Inverno de 2002, em Salt Lake City (EUA), dois atletas foram premiados com a medalha de ouro na mesma prova porque nem os testes mais ostensivos das centrais tecnológicas conseguiram resolver o impasse.
Além da tecnologia aplicada às disputas em si, todos os sistemas de segurança, de credenciamento, de obtenção e de processamento de resultados são integrados e controlados pelo Centro de Operações Tecnológicas – o cérebro eletrônico que tem funcionado ininterruptamente.
Chefe da integração de sistemas para Londres 2012 da Atos – parceira tecnológica dos Jogos Olímpicos, Michele Hyron ressalta que incessantes testes foram realizados para evitar erros. “Realizamos mais de 200 mil horas de avaliação minuciosa do sistema de TI (tecnologia da informação) para Londres 2012, que irá processar 30% a mais de informações do que em outros jogos da história”, afirma Hyron. Gondim acredita que os cuidados devem servir de exemplos ao brasileiros, que realizarão o evento em 2016. “É uma lição que precisamos levar e lembrar quando os Jogos forem aqui. Tudo começa muito cedo. A infraestrutura de TI estava razoavelmente pronta quase um ano antes dos ogos”, alerta.
Redes sociais A interação das redes sociais e a velocidade de navegação que está disponível nos locais de provas também estão entre as principais novidades do evento. Na edição de 2008, ocorrida na China, inúmeras restrições do país ao tráfego livre de informação delegou o papel de coadjuvante à rede mundial de computadores, que, agora, voltará à posição dianteira. A Inglaterra está entre os mais avançados polos tecnológicos do mundo e deve elevar em muito o nível do serviço de interação e fluxo de informações.
“É um grande desafio porque, hoje, um dos tipos de informação que mais gera tráfego na rede móvel são as fotos. A gente sabe que em um estádio, por exemplo, temos uma quantidade imensa da celulares transmitindo imagens simultaneamente. É muita coisa”, detalha o professor da Faculdade de Engenharia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Edgar Bortolini.
Os dados estão sendo transmitidos ao mundo todo por uma conexão de altíssima performance. “O Centro de Operações Tecnológicas é basicamente o centro nervoso, para onde são enviados todos os mapeamentos e monitoramentos que estão sendo feitos em cada um dos locais por meio de uma rede de telecomunicações extremamente avançada. Ao mesmo tempo em que chega, ela precisa ser imediatamente repassada”, enfatiza Christian Carlos de Souza Mendes, chefe do Departamento de Infraestrutura e Tecnologia da Informação da Universidade Tecnológica Federal do Paraná.
A pressão para que não haja erros vem não só dos atentos espectadores e atletas, como também de diversas instituições esportivas que são contra o uso de tecnologia de ponta. “Muitos alegam os problemas que a tecnologia pode gerar e principalmente que o envolvimento dos dispositivos levaria à perda da paixão pelo esporte. É muito difícil nada dar errado”, considera o professor Mendes.