O público também é selecionado. Foram escolhidas pessoas que sejam engajadas, atuantes e que estejam dispostas a olhar o mundo de outra forma. Como Paulo Arantes, de 20 anos, estudante de administração e funcionário na Endeavor, empresa de fomento ao empreendedorismo. “É bom conhecer histórias que fazem brilhar o olho”, afirma o universitário. Para ele, o importante nesse encontro não são só as palestras, mas também o tempo de convivência, que foi organizado proporcionalmente.
Esse ponto também foi observado por Ludmila Ivo, de 24 anos, estudante do último período de engenharia ambiental e colaboradora do projeto Asas. No Varal dos Sonhos, espaço de interação do público, a jovem pregava o seu desejo: conseguir um emprego após a formatura. Para ela, o TEDx expande a rede de contatos por reunir pessoas de áreas totalmente diferentes. “Achei o máximo. Sempre leio no jornal sobre o encontro, mas aqui o entusiasmo é mais real, afeta a gente”. O casal André Coelho, 23 anos e Samanta Coan, de 24, disse ter medo de que essa empolgação descrita por Ludmila seja só inicial. “Igual quando você vê um filme a favor do vegetarianismo e fica apenas uma semana sem comer carne”, ironiza a jovem.
Conduzindo sua narrativa com o exemplo das borboletas, desde o casulo até a fase madura, Raquel arrancou gargalhadas do público que, ao final, bateu palmas de pé. A mineira contou situações inusitadas, como o dia em que Christine Lagarde, atual diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), perguntou para ela, nos bastidores de um jantar, se deveriam retocar a maquiagem. “No final das contas nós todos somos seres humanos. Ninguém merece aparecer com a testa brilhando em rede internacional”, brincou.
Já os estudantes de arquitetura, Mariana de Paula, 24 anos, e Rafael Lamounier, 26, não conseguiram fugir da área de atuação e elegeram a palestra de Roberto Andrés, mestre em arquitetura, como a melhor da primeira rodada. Andrés apresentou imagens que simulavam rios, como o Tâmisa, de Londres, sendo asfaltados. Com isso, queria questionar as obras que estão cobrindo o Rio Arrudas, em Belo Horizonte. Para ele, quando mais pistas, mais carros e maior o caos urbano. “Há uma ideia de que o asfalto é sinônimo de progresso”, contestou.
Do outro lado
Apesar do coração bater em ritmo de balada, Ana Carolina Martins, de 14 anos pisou firme e se apresentou a centenas de pessoas da plateia. A jovem é fotógrafa do Imaginário Coletivo, projeto no Morro do Papagaio, na Região Centro-Sul da capital mineira. “Dá muito nervosismo, mas fui a mais soltinha do grupo. É só falar o que vem do coração”, diz.
Para Augusto Barros, um dos organizadores do TEDx Belo Horizonte, houve uma série de “loucuras instantâneas” durante o evento, como a tradução simultânea do rap dos Racionais na palestra do psicólogo Fernando Braga. “Ao mesmo tempo que o encontro é apoiado por grandes marcas, ele contesta toda essa organização social. Tem a capacidade de colocar na mesa de debate os desajustes e questioná-los”, afirmou. (SP)