A primeira fase do trabalho consiste em um levantamento quantitativo de dados. Nessta etapa, será possível identificar quais são as universidades que mais produzem no país, quais temas são mais abordados e as metodologias mais empregadas. “Isso permitirá enxergar tendências, ou seja, o que tem sido feito e, consequentemente, o que não tem sido feito. Esses resultados ajudarão muitas pessoas que querem se dedicar à pesquisa de música”, observa Lia Tomás.
A partir daí, começará a etapa qualitativa do projeto. Interpretações e perguntas poderão ser formuladas a partir da enorme base de dados recolhida anteriormente. “Poderão ser analisadas questões como a maior incidência de um compositor em relação a outro como tema de trabalho e outras curiosidades. Por enquanto, tenho apenas suposições e ainda é muito cedo para dizer algo a respeito de resultados.” A compilação de trabalhos ainda está em andamento, embora Lia já tenha começado a lê-los. Ela estima que a leitura de todos levará cerca de sete meses.
O projeto deverá contemplar os universos erudito e popular da música, mas a expectativa da professora é de que haja predomínio do primeiro. “Quando surgiram, esses trabalhos quase sempre eram focados na música erudita. Os estudos sobre música popular vêm ganhando espaço nos últimos cinco ou 10 anos”, justifica. Lia, que é formada em piano pela Unesp, chegou a atuar como musicista, tendo morado na Itália para estudar o instrumento. Na volta ao Brasil, resolveu dedicar-se à carreira de professora.
Ela não tem dúvidas de que, uma vez finalizado, o projeto precisa ser disponibilizado para o público; seja em forma de livro, seja na internet. “Apesar dessa parte trabalhosa de recolhimento de dados, é um projeto fascinante, instigante. Será muito gratificante pelo raio X que a gente terá do tema”, diz. Ao mesmo tempo, Lia coordenará com o professor Mário Videira, da Universidade de São Paulo, a criação de laboratório de estudos na área de estética e filosofia da música, projeto financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).