No meio do texto, o golpista lança a isca: “Enviamos o novo extrato do seu CPF com o ‘nada consta’, comprovando a habilitação de crédito. Nós (sic) envie o número do CPF a ser limpo, para que possamos consultar os seus débitos e lhe fazer uma proposta”. O golpista também frisa que não é preciso recuperar cheques, duplicatas e muito menos pagar as contas: “Nada de juros abusivos e taxas absurdas”. E, por fim, vai ao que interessa: o preço da brincadeira. A recuperação do crédito de pessoa física custa R$ 199 e de pessoa jurídica sai por R$ 350. A primeira modalidade tem desconto de R$ 50 para pagamentos em até dois dias. Sites que vendem “dicas” para limpara o nome cobram, em média R$ 20, segundo a própria Serasa.
Por fim, a descrição do serviço alerta que “os valores podem variar para mais e para menos, dependendo do valor da dívida” e joga duro com os inadimplentes: “O pagamento é antecipado. Dispensamos clientes que desejam fiado”. Em tréplica, a reportagem pediu que fosse encaminhado um número de telefone para contato, ao que o golpista respondeu: “Olá. Por motivo de segurança, todo contato é feito por e-mail”.
Artilharia
“Não existe milagre para resolver as dívidas se não for pagando”, esclarece Carlos Henrique de Almeida, economista da Serasa Experian. A proliferação de golpes fez com que a equipe da instituição reforçasse a artilharia nas cartilhas de alerta (veja quadro). “Esses criminosos que garantem limpar o nome agem de diversas maneiras, mas a mais comum é entrar na Justiça para discutir a dívida da pessoa. Cabe ao juiz determinar que os órgãos de proteção ao crédito retirem aquela anotação até julgar a dívida. Depois da análise dos documentos, ele pode decidir pela manutenção do nome”, diz o economista.
Mas se a dívida for indevida e o nome foi parar na lista por equívoco da empresa, a questão pode ser resolvida fora da Justiça, segundo Marcelo Barbosa, do Procon Assembleia. “Mas se a dívida existe, não tem escapatória; só pagando que o nome é limpo”, conclui.