Um estudo que investiga os mecanismos da ação imunológica dos probióticos acaba de apresentar os primeiros resultados, na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP. Um alimento probiótico é aquele que é rico em microorganismos vivos e traz melhorias a seu consumidor, como o equilíbrio microbiano intestinal. A pesquisa, desenvolvida como parte do projeto de doutorado de Cristina Stewart Bogsan, mostrou que a fermentação altera o efeito probiótico na mucosa intestinal. Enquanto o probiótico apenas dissolvido em leite apresenta diminuição da proteção intestinal, o leite fermentado com probiótico teve ativação da mucosa e proteção. Esse efeito depende da bactéria em estudo.
A pesquisa, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), é intitulada Efeito do leite probiótico fermentado na resposta imune celular em cólon de camundongo BALB/c, e teve início em fevereiro de 2009. Foram utilizados 40 animais em dois experimentos realizados de maneira idêntica, em períodos diferentes, para assegurar a veracidade dos resultados.
Cada grupo experimental contava com cinco animais que consumiram leite fermentado e não fermentado por duas semanas. Após esse tempo, os animais foram examinados e comparados, avaliando se havia ou não diferença na mucosa intestinal promovida pela forma de se administrar o probiótico, adicionado ao leite ou fermentado no leite.
Funcionalidade
Cristina observou que “o leite não fermentado apresenta menor produção de muco e infiltrado celular que o leite fermentado. Mudar a funcionalidade desse probiótico exerceu um fator chave na interação alimento funcional hospedeiro e que a resposta imune a esses produtos é diferente”.
Segundo a professora Maricê, “houve aumento da produção de muco e do infiltrado celular e a alteração do padrão de células imunes presentes na mucosa intestinal revelam que não apenas a ingestão do probiótico, mas sim seus metabólitos e ou a modificação de funcionalidade pelo processo de fermentação são fundamentais para exercer o efeito imunomodulador almejado”.
A importância do estudo pode ser verificada pela falta de consenso na forma de administrar cepas probióticas no alimento, seja em cápsulas ou em sachês. “Hoje sabemos que a matriz alimentícia e a tecnologia empregada alteram o efeito que os probióticos têm e, no caso de doenças, diferentes tipos de alimentos podem ser recomendados para o alívio dos sintomas”, conclui a orientadora.