Se quase todas as festividades religiosas e cívicas de 2011 caíram justamente no fim de semana, os esticadores de feriados não têm do que reclamar da folhinha deste ano: segunda, terça, quinta e sexta serão as datas das folgas nacionais e dos pontos facultativos, conforme publicado no Diário Oficial da União. Caso um grupo de pesquisadores dos Estados Unidos conseguir emplacar, universalmente, um projeto ousado, porém, dificilmente os trabalhadores terão tantos dias livres por ano. Eles pretendem alterar o calendário, de forma que fique permanente – 7 de janeiro, por exemplo, será sempre um sábado; o Natal, sempre um domingo.
Para a dupla, há excessos de horários no mundo. Só no Brasil, existem três fusos – eram quatro até 2008. “As pessoas não precisariam trabalhar na madrugada, o que muda é só o nome da hora”, justifica Henry. No projeto de alteração do calendário, a ideia é que o primeiro dia inicie no que, atualmente, se costuma chamar de 19h, considerando o fuso da zona que cobre o leste dos Estados Unidos e do Canadá e fica cinco horas atrás do registrado no Meridiano de Greenwich. “O tempo é uma questão de semântica”, filosofa Henry. “Veja que prático: bancos, instituições financeiras e bolsas de valores, por exemplo, abririam e fechariam à mesma hora no mundo todo.”
“As pessoas podem achar estranho, mas a mudança permitiria planejamentos a longo prazo muito mais produtivos”, acredita o economista Steve H. Hanke. “Além dos benefícios práticos, haveria grandes vantagens econômicas”, garante.
“Todos os anos, gastam-se tempo e energia com cálculos e o desenho do calendário do ano seguinte. Isso sem pensar no cálculo de juros de hipotecas, contratos e empréstimos. As pessoas nem sabem, mas um dia a mais ou a menos pode significar uma grande perda financeira e, com o calendário atual, cheio de anomalias, cada instituição financeira calcula taxas de juros como quer. Nosso calendário terá, permanentemente, 91 dias por trimestre, dois meses com 30 dias e um com 31. Isso acabará com qualquer risco de abusos na cobrança de juros”, explica.
Para chegar ao calendário permanente, Richard Conn Henry se valeu de cálculos matemáticos complexos e programas de computador, de forma a encaixar “perfeitamente”, como ele define, os 365,2422 dias que a Terra leva para dar uma volta ao redor do Sol em 12 unidades de tempo. Pela ideia do astrofísico, só haverá meses com 30 ou 31 dias. Os meses mais longos seriam março, junho, setembro e dezembro.
Aniversário
E alguém que nasceu em 31 de janeiro? Não teria mais aniversário? “Mais uma vez repito que essa questão de tempo é relativa. A pessoa poderá fazer sua festa normalmente, embora precise mudar a data de nascimento no cartório. Mas basta que ela escolha: prefere ‘ter nascido’ em 30 de janeiro ou em 1º de fevereiro? No fim das contas, dá no mesmo”, garante Henry. Da mesma forma, ele não vê problemas em alguém, muito azarado, saber que seu aniversário cairá sempre em uma segunda-feira. “Faça a festa no sábado! Muita gente já faz isso, adianta a comemoração ou adia, de acordo com a conveniência”, afirma.
O astrofísico lembra que não é o primeiro a propor uma mudança. “Ao longo da história, tivemos diversos calendários. A última grande alteração foi o gregoriano (veja quadro). Então, estamos vivendo no século 21 baseados em um cálculos medievais”, diz. O sonho de Henry era que seu calendário fosse adotado em 2006, porque, naquele ano, 1º de janeiro caiu em um domingo.
Agora, ele e Hanks esperam que a mudança aconteça em 2017, quando o mesmo ocorrerá. Para isso, contam com o entusiasmo de cidadãos comuns. “Imprima nosso calendário, mostre para os vizinhos e não se esqueça de pedir à sua presidente (Dilma Rousseff) que compre essa ideia”, sugere Henry.