Depois do longo período de pesquisas, das quais participaram 74 casais com risco de transmissão de doenças genéticas, os médicos concluíram que o uso do laser no procedimento de fertilização in vitro é mais adequado que o do ácido, considerando, sobretudo, a integridade das células embrionárias. “Quando eu coloco uma solução ácida para abrir a casquinha, não tenho um controle tão preciso. Se demorar um pouco mais para abrir, vou jogando mais ácido, que fica ali, depositado e pode destruir a célula e, dessa forma, perderia todo meu trabalho. Além disso, teria de retirar outra célula, o que poderia comprometer o desenvolvimento do embrião”, relata Geber.
Segundo o médico, a retirada de outra célula só não prejudica o desenvolvimento do embrião se ele tiver oito células. Normalmente, o procedimento é realizado no terceiro dia do estágio embrionário, justamente quando ele tem esse número de células. “Lesar a célula não tem problema, mas me faz retirar uma segunda e, assim, posso comprometer o desenvolvimento do embrião até chegar ao estágio de blastocisto (quinto ou sexto dia, quando ele fixa no útero) e, consequentemente, a chance de a mulher ficar grávida.”
Biópsia
Os pesquisadores também levaram em consideração o tempo de exposição do embrião nos dois processos. Duzentos e treze embriões foram biopsiados com o ácido tyrode e cada biópsia demorou três minutos. O procedimento inteiro, para cada paciente, durou cerca de meia hora. Cinco por cento dos blastômeros romperam e 49% dos embriões formaram blastocistos. Trinta e seis por cento das mulheres ficaram grávidas.
No outro grupo, foi utilizado laser em 229 embriões e cada biópsia durou 30 segundos. O procedimento inteiro, sete minutos. Dois e meio por cento dos blastômeros usados se romperam e 50% deles formaram blastocistos. Quarenta e sete por cento das mulheres engravidaram. “Até que na formação de blastocistos não mudou muito, mas na gravidez houve aumento de 36 para 47. Percebemos que o laser pode ser usado para a biópsia e percebemos também uma redução da exposição do embrião e da remoção de blastômeros”, conclui o especialista, destacando que a escolha dos casais de cada processo foi aleatória. “Todos foram submetidos a uma completa avaliação de infertilidade e a avaliação do sêmen foi realizada de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde. Selecionamos apenas as mulheres que tinham as dosagens de hormônio normais para garantir que o resultado observado não interferisse no desenvolvimento do embrião”, acrescenta.