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Estado de Minas

Aposta nos emergentes

Portais de vendas on-line investem no mais recente público do e-commerce no Brasil: as pessoas com renda de até R$ 3 mil. Podem comprar, inclusive, sem cartão de crédito


postado em 27/10/2011 11:10

Lucas Mesquita compra perfumes pela web, aproveitando ofertas maiores e preços mais acessíveis do que nas lojas (foto: Breno Fortes/CB/D.A Press)
Lucas Mesquita compra perfumes pela web, aproveitando ofertas maiores e preços mais acessíveis do que nas lojas (foto: Breno Fortes/CB/D.A Press)

É possível encontrar quase tudo na internet. Perfumes, filmes, revelação de fotos. É só fuçar que lá estará o produto a um preço muitas vezes bem mais acessível que nas prateleiras das lojas. E embora o comércio eletrônico não esteja mais registrando o crescimento de alguns anos atrás e enfrente hoje algumas dificuldades com o fechamento de portais, ainda há oportunidades no mercado.

A expectativa para o ano todo, segundo dados da e-bit, empresa especializada em informações do setor de comércio eletrônico, é de que o e-commerce brasileiro movimente R$ 20 bilhões até o fim de 2011, 30% a mais do que em 2010. E um dos grandes responsáveis é o consumidor com renda menor. De acordo com a e-bit, 61% dos novos compradores no primeiro semestre de 2011 possuem renda familiar igual ou menor a R$ 3 mil.

No intervalo de dois anos, cerca de 5 milhões de novos consumidores da classe C – também chamados de nova classe média – aderiram a esse tipo de comércio. Em 2009, essas pessoas correspondiam a 44,6% do total de compradores na internet. Em 2011, o percentual subiu para 46,5%.

Para o técnico Lucas Mesquita, 23 anos, que tem salário compatível com esses dados, uma das principais vantagens é que os sites oferecem maiores facilidades de pagamento e preços mais acessíveis do que nas lojas. “Compro de tudo: celular, roupas, tênis. Comecei a ficar de olho nos perfumes porque são mais baratos e não preciso sair andando à procura do produto”, conta. “Um desses perfumes custava R$ 350 no comércio; adquiri por R$ 120 pela internet”, completa.

O estudante de direito Antônio Borges aproveita os sites para fazer uso do salário de estagiário. “Duas vezes por mês, eu compro. A maior vantagem é poder comparar preços e produtos”, analisa. A última aquisição do jovem foi um jogo do vídeo game Playstation 3, que, importado do Reino Unido pela internet, ficou mais barato do que no comércio local. “No Brasil, custaria uns R$ 200; pela internet, incluindo o frete, saiu por R$ 80”, conta.

Opções
Atentas a esse nicho de mercado, as empresas investem. Por exemplo, a Tutudo, firma americana com investidores brasileiros, funciona como uma carteira virtual. A ideia é que o consumidor use um cartão pré-pago que pode ser carregado com dinheiro em 200 mil postos credenciados pelo site. Por meio dele, é possível comprar nos mais de 80 sites credenciados da Tutudo. “O sistema permite que a pessoa sem cartão de crédito faça compras e que o processo corra com total segurança”, explica Pierre Schurmann, diretor-executivo da Tutudo.

Dos cerca de 100 mil usuários, dois terços são consumidores da nova classe média. “Esse público é mais fiel, tem frequência maior e tíquete (média de gastos) menor”, avalia Schurmann. “Focamos muito em jogos sociais e em outros bens virtuais, como músicas e vídeos”, completa.

A diretora do portal de compras coletivas Peixe Urbano, Leticia Leite, conta que o perfil dos consumidores mudou ao longo dos anos. “Quando lançamos o site, o público-alvo eram pessoas que já tinham acesso à internet e a cartão de crédito. Eram pessoas antenadas na tecnologia, o que ajudou o modelo a se expandir”, conta a diretora. “Hoje, cada vez mais, pessoas que nunca tinham feito compras on-line estão fazendo pela primeira vez. Elas estão com poder aquisitivo incrementado e maior acesso a internet”, comenta.

A consolidação do site obriga a equipe a manter a criatividade. “Quando completamos um ano, fizemos 100 ofertas a um centavo para agradecer os usuários e alcançamos um público mais amplo”, conta. Um dos serviços oferecidos pela empresa nessa promoção foi a revelação de 40 fotos, o que significou a venda de 150 mil cupons. “Quanto mais baratas as ofertas, mais pessoas atraímos”, afirma

Dinheiro na mão
Além da economia que as compras pela internet geralmente propiciam, um novo serviço virtual está surgindo no Brasil prometendo, mais do que ajudar a economizar, devolver parte do investimento feito na aquisição dos produtos. Já há endereços que dão retorno em milhagens de passagens aéreas ou pontuações nos cartões de crédito, mas oferecer resgate em dinheiro é realmente novidade.

Essa é a proposta do Meliuz (www.meliuz.com.br/), site lançado em setembro por dois empresários mineiros, Ofli Guimarães e Israel Salmen. A ferramenta reúne diversas lojas virtuais de comércio eletrônico parceiras nessa empreitada. Ofli explica que remunerar o usuário com dinheiro é uma forma mais clara e eficiente de agradar do que programas de fidelidade, por exemplo. “Dinheiro você usa como quer. Além disso, as pessoas compreendem melhor o quanto estão resgatando. Em pontos e milhas não é assim: às vezes o usuário tem 50 mil pontos e não sabe que aquilo vale só R$ 0,5, por exemplo. Ele só vai descobrir na hora de trocá-los”, afirma.

O sistema de recepção de recompensas, o chamado cashback, é pouco explorado no Brasil, mas já existe em outros países, como os Estados Unidos. Lá, porém, funciona de forma diferente, já que o usuário paga mensalidades ou taxas para se cadastrar no site. E foi de uma insatisfação pessoal com os sistemas de fidelidade que os empresários montaram o endereço. “Nós sempre tínhamos alguma reclamação na hora de resgatar pontos e milhas. Então, pensamos em montar algo melhor. Foi quase no fim do processo de construção do site que descobrimos a existência de outros lá fora. Mas o nosso é totalmente gratuito”, explica.

O Meliuz tem parcerias com diversos sites de e-commerce, como Walmart, Compra Fácil, Americanas.com, Submarino, além de endereços de compras coletivas, pacotes de viagens e seguros. A ideia dos empreendedores deve ditar o consumo dos próximos anos, com expectativa de 500 mil usuários em um ano. Com mais usuários, o serviço pode perder a ideia inicial e diminuir porcentagens de resgate? “Não, nossa intenção é que até aumente. Com mais usuários, a empresa associada ganha maior visibilidade, mais um canal de venda”, responde Ofli Guimarães.

Para facilitar o acesso ao internauta brasileiro que já usa com frequência as redes sociais, o site estará integrado ao Facebook, Twitter, Orkut e Google. “O usuário pode se cadastrar por meio de qualquer rede social, compartilhar com os amigos os produtos que está procurando, as compras que faz e até mesmo o quanto já recebeu em cada aquisição feita pelo Meliuz”, explica Israel Salmen. O Meliuz ainda oferece a possibilidade de comissão: os usuários que indicarem amigos receberão 10% do resgate recebido pelo autor da compra. (Com Anderson Rocha)

Público definido
Criar boas ofertas para um público ou um segmento específico foi a medida encontrada por algumas empresas de compras coletivas para se diferenciar dos demais sites. O Espiga de Milho promete oferecer as melhores ofertas para os empresários do campo. São promoções que vão desde compras de motosserra até pistolas para vacinação do gado. Ainda na área animal, no site Dog Urbano os donos de animais de estimação podem comprar desde ração até diárias em resorts com preços mais baixos. “Quanto maior o nível de segmentação para esse modelo, mais fortes as chances de os pequenos obterem sucesso e se posicionarem de maneira diferente. Por exemplo, sites de compras coletivas de pesca conseguem força em eventos, patrocinadores e atingem um foco mais definido”, aponta Flávio Filho, da Buy2Joy.

Viajar também pode sair mais barato. Há mais de 20 endereços desse setor, com descontos que variam de 30% a 50% nos pacotes de passagens, nas hospedagens, nos traslados e, até mesmo, nas visitas às lojas mais conhecidas. Mas se a intenção é ficar em casa e dar aquela festa, por que não contratar um bufê mexicano para 50 pessoas, com 40% de desconto? “O consumidor vai saber aproveitar os sites neste momento de crise econômica, que não deve afetar de forma significativa esse mercado”, afirma Filho.

Como funciona
O procedimento não é diferente do que já se está acostumado nos sites de compras da internet. O consumidor busca o produto que deseja, compara os preços e confere o valor que poderá resgatar, caso a compra seja efetivada. Logo depois da confirmação, o usuário passará a acumular o resgate. Ao somar R$ 20 no programa, ele já pode sacar normalmente o dinheiro na conta corrente.

Valores de repasse
A porcentagem da compra que é repassada ao usuário é definida a partir da comissão que o portal recebe da loja virtual em que foi efetuada a compra. “A comissão média dos usuários, ao comprar por intermédio do Meliuz, é de 5%. Em algumas ofertas pontuais, certas lojas chegam a pagar até 50% de cashback”, explica Israel Salmen.

Vale a pena?
Na prática, sim. “Numa média de 5%, significa dizer que para conseguir receber 50 reais a pessoa teria que comprar R$ 1 mil”, explica Ofli Guimarães. Empresas como Americanas.com e Submarino reembolsam o usuário em 1,5%. Já a Compra Fácil tem uma porcentagem de reembolso de 5,30%. O site de compras coletivas CityBest oferece 8% e a Ingresso.com dá retorno de até 3,30%. “Seguros de saúde, por exemplo, oferecem reembolso de 25% no Meliuz”, afirma.


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