“A demanda na Copa vai ser alta, é preciso ampliar o espectro, para atender a todos. E temos calendário para isso”, defende o presidente da Anatel. A TIM desdenha dos planos. “Se a cada três anos tiver uma tecnologia nova, fica complexo. E o custo sobe para o consumidor, que precisa de novos aparelhos”, diz Luca Luciani, indicando que a empresa prepara pontos de acesso à internet sem fio, e estrutura sua estratégia para as cidades sedes da Copa a partir dessa cobertura em Wi-fi. “Quantos aparelhos no mundo hoje têm LTE? Quase nenhum. E quantos têm Wi-fi? Quase todos. Os turistas que vierem para a Copa vão querer uma rede para a qual tenham aparelho”, alfineta Luciani. Os pontos de acesso Wi-fi são também uteis à inclusão digital de comunidades carentes, segundo ele.
A operadora italiana também deu de ombros para a sanção do Projeto de Lei da Câmara (PLC) 116, que modificou a antiga Lei do Cabo, e não pretende entrar no negócio de TV por assinatura, na contramão do mercado. “Nosso negócio é mais básico, com foco na voz e nos dados móveis”, diz Luciani, que mencionou as dificuldades em infraestrutura como um dos principais desafios do setor, comparando o horizonte brasuca com sua terra natal: “Este é um país que tem o mesmo número de antenas da Itália, mesmo sendo do tamanho da Europa”.
O presidente da TIM disse também que a frequência de 2,5 GHz demandaria que a atual estrutura de antenas fosse cinco vezes maior, em comparação com a implantação da frequência de 700 MHz. Nesse ponto, o assunto é ainda mais espinhoso. O conselheiro da Anatel disse que as operadoras pressionam para que a discussão em torno dessa frequência seja antecipada. “Mas não vamos fazer isso, porque a frequência de 700 MHz é usada pela TV aberta, que tem, no Brasil, papel muito diferente em relação ao resto do mundo. A discussão é política e envolve o setor de radiodifusão.” A conversa fica para depois, mas também será inevitável, segundo Rezende. “Assim que resolvermos a questão dos 2,5 GHz, partiremos para essa discussão. Mas será cada coisa a seu tempo."
Muito a favor
A Claro apressou-se para posicionar-se a favor da telefonia de quarta geração. Em nota aos jornalistas, informou que é "contra a possibilidade de mudar o leilão previsto pela Anatel para permitir a chegada da tecnologia 4G ao país. A operadora se organizou dentro do planejamento previsto pela agência reguladora". A Claro não detalhou, contudo, que parte dos R$ 10 bilhões em investimentos previstos no Brasil até 2012 deve ser encaminhada para a telefonia de quarta geração. Mas a empresa diz ter "a certeza de que um eventual adiamento traria prejuízos no momento em que nos preparamos para as exigências de eventos da magnitude de uma Copa do Mundo e de uma Olímpiada" e que "não existe antagonismo entre a democratização da banda larga e a chegada do 4G. A questão toda é de investimento", completou a nota.
Como funciona a tecnologia
Basicamente, o 4G (ou quarta geração de comunicação sem fio) coloca as comunicações móveis completamente no reino do VoIP (voz sobre protocolo de internet). Embora a tecnologia 4G vá, eventualmente, ser implementada em vários gadgets móveis, como laptops e dispositivos para jogos, ela terá impacto mesmo nos telefones celulares.
Esses aparelhos vão passar a usar o mesmo sistema básico de VoIP, que programas como o Skype usam. Algumas operadoras de longa distância e empresas também já aderiram. A transferência das informações se dá via conexão sem fio à internet, tudo a partir do mesmo protocolo. Com isso, os técnicos garantem que as trocas de pacotes de dados vão ser mais rápidas e mais baratas.
Para fazer diferença, o 4G precisa tornar-se padrão. A pedra no sapato são os investimentos pesados que as operadorastêm que fazer nesse sentido. E também os usuários, que vão passar por aquela fase de trocar de aparelhos. E nisso o pessoal já está escolado: durante um ou dois anos, os preços vão ser salgados, o que dificulta a previsão de ter uma plena tecnologia de quarta geração na Copa do Mundo. O provável, segundo especialistas, é que,s enquanto a bola role por aqui, o 4G seja ainda coisa para poucos.