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Estado de Minas

Mielodisplasia é muito mais do que uma anemia. Conheça a doença


postado em 08/09/2011 08:33

Internado em BH, Marcelo Andrade recebeu visita do hematologista Vanderson Rocha, médico no Hospital Sírio-Libanês de São Paulo e um dos maiores especialistas da doença no país(foto: Arquivo pessoal)
Internado em BH, Marcelo Andrade recebeu visita do hematologista Vanderson Rocha, médico no Hospital Sírio-Libanês de São Paulo e um dos maiores especialistas da doença no país (foto: Arquivo pessoal)
Comumente confundida com a anemia, a mielodisplasia é uma doença grave e pouco conhecida. Ocorre quando as células-tronco hematopoéticas da medula óssea sofrem alterações, deixando de produzir de forma correta os glóbulos vermelhos, neutrófilos e plaquetas, podendo levar o paciente a quadros de anemia, infecções e sangramentos.

Os portadores geralmente têm deficiência de células no sangue, pois elas costumam morrer antes de serem liberadas na corrente sanguínea. São cinco tipos de mielodisplasia, classificadas de acordo com o grau de seriedade e comprometimento da saúde do paciente. Além de contagens baixas de hemácias, leucócitos e plaquetas, as células apresentam mudanças em sua estrutura, devido a alterações nos cromossomas dos bastos.

Segundo Vanderson Rocha, médico hematologista e coordenador da Unidade de Transplantes de Medula Óssea do Hospital Sírio-Libanês, do Instituto de Tratamento do Câncer Infantil da Universidade de São Paulo e diretor científico do Registro Internacional em Transplante de Sangue e Cordão Umbilical (Eurocord), normalmente as células imaturas, conhecidas como blastos, representam menos de 5% de todas as células da medula óssea. “Pacientes com mielodisplasia têm mais. E, quando passa de 20%, já podemos considerar como leucemia mieloide aguda”, explica.

Tratamentos de quimioterapia ou radioterapia em casos de câncer, como linfoma ou câncer de mama, podem desencadear o desenvolvimento da mielodisplasia. Assim como contato constante com produtos químicos como o benzeno, presente na fumaça do cigarro, que danifica o DNA das células-tronco normais. Acomete principalmente pessoas mais velhas, embora não seja uma doença exclusiva de idosos. Vitiligo e diabetes também estão frequentemente associadas.

O principal sintoma é a anemia moderada ou grave. Fadiga exagerada, falta de fôlego para atividades normais, palidez, fraqueza, perda de apetite também podem estar presentes. Ocasionalmente, o sangramento da pele (chamado de púrpura) e o sangramento prolongado de cortes são também sintomas. Resultado da baixa contagem de leucócitos.

O diagnóstico se dá com a presença de pelo menos um dos seguinte fatores: mais de 5% de blastos entre as células da medula óssea, anomalias citogenéticas (alteração nos cromossomos das células) e mudanças óbvias na estrutura ou forma da medula óssea. O tratamento pode incluir medidas paliativas, como transfusões periódicas de plaquetas e hemácias. Outra opção terapêutica são os medicamentos hipometilantes, que têm um mecanismo responsável pela alteração do funcionamento dos genes supressores tumorais.

CURA
De acordo com o hematologista, a única solução definitiva é o transplante de medula óssea. “O microambiente da medula, onde as células são produzidas, está alterado. Então o transplante consiste em matar todas as células-tronco da medula óssea e fazer o transplante de novas células sadias, que vão assumir a função de dar origem às células necessárias ao organismo de forma correta. Nesse caso, é preciso um doador compatível. Caso contrário, uma alternativa é usar células-tronco retiradas de cordão umbilical”, esclarece.

Depois do transplante, o paciente fica internado, respirando ar filtrado e com acesso restrito. Vive quase numa bolha, já que qualquer infecção ou complicação poderia ser fatal. Durante este período, também é observada a possibilidade de doença do enxerto contra hospedeiro, uma vez que a doença é uma rejeição potencialmente fatal que ataca as células da medula, principalmente os linfócitos, atingindo a pele, o intestino e o fígado.

O assistente financeiro Marcelo Andrade, de 44 anos, está em vias de passar pelo procedimento. Em fevereiro, ele começou a ter dores abdominais muito fortes. Com dificuldades para conseguir marcar consulta e exames em Macaé, no interior fluminense, a doença foi se tornando mais agressiva. “As dores estavam se intensificando. Eram tão fortes que não conseguia nem comer. Me sinto muito fraco. Em seis meses, perdi 15 quilos. Estou pesando 53 quilos. Então resolvi ir para Belo Horizonte, com indicação de procurar o clínico geral Renato Mussi Lara Safar e a hematologista Andréia Gonçalves de Oliveira na Clínica Divina Providência. Só então levantou-se a suspeita de mielodisplasia. Se realmente o quadro se confirmar, vou precisar ganhar peso para o transplante. Mas o problema é que não estou conseguindo. Quando como, sinto que o alimento leva horas para ser digerido. Vou precisar, inclusive, fazer exames no sistema digestivo para averiguar a razão dessa dificuldade de digestão”, revela.

O desafio de Marcelo realmente não é fácil. Não raro os pacientes necessitam mudar seu estilo de vida. A doença também atinge membros da família e amigos. A esposa de Marcelo, por exemplo, Luciana Andrade, precisou se afastar do emprego para acompanhá-lo. Conversar com os médicos e enfermeiras que tratam do paciente pode ajudar a diminuir a preocupação com a doença e com o futuro. A equipe profissional também está preparada para indicar outros recursos. Muitos pacientes sentem um alívio emocional quando conseguem recuperar uma sensação de controle sobre suas vidas.

 

 


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