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Estado de Minas NEM TUDO É TÃO BONITO QUANTO PARECE

Até Caetano Veloso já reclamou do exagero na edição de imagens. Conheça outros casos

Uso com critério dessas ferramentas é o ideal, mas nem sempre é o que ocorre na prática


postado em 25/08/2011 11:46 / atualizado em 25/08/2011 13:53

Para Rafael Passos, às vezes se mexe tanto em uma imagem, apela-se tanto aos efeitos, que fica uma montagem falsa(foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
Para Rafael Passos, às vezes se mexe tanto em uma imagem, apela-se tanto aos efeitos, que fica uma montagem falsa (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
 

Claro que os programas de edição e tratamento de imagens que surgiram com o desenvolvimento das tecnologias computacionais, como o Photoshop, são bastante interessantes e de grande ajuda, principalmente para o mercado publicitário. O problema deles é o exagero. “O pessoal, às vezes, coloca muito efeito e a montagem fica falsa”, diz Rafael Passos, da agência Stalo. Ele explica que a pele tem uma textura própria, que deve ser mantida. “Muitas vezes, o usuário começa a limpar as imperfeições e manchas e a pessoa passa a parecer uma boneca, o que é feio”, complementa. Nas agências, são menos comuns os erros causados pelo exagero. Mas no meio doméstico...

“Fica feio. Horrível mesmo”, opina o supervisor de vendas Marco Vieira, 29, que utiliza o Aperture – programa de gerenciamento e edição de imagens criado pela Apple – para trabalhar imagens no seu computador. “Mas sem errar a mão”, diz ele, ressaltando que usa filtro de luz, brilho,  e quando faz retoque é para tirar pequenas marcas de espinhas, por exemplo. Para ele, nem toda fotografia precisa de alteração. Algumas, inclusive, quando recebem tratamento exagerado, se tornam ridículas. “Na hora que você vê a foto, até assusta.” Se quem está acostumado a usar esses programas fica assustado, imagine então quem vê. Na internet, não é difícil encontrar imagens de pessoas comuns e de celebridades em fotografias, digamos, exóticas.

Tratamento sem cura

O coordenador de ensino da Escola de Imagem, Henrique Ribas, ao ressaltar a necessidade de critérios na hora de usar os programas e aplicativos disponíveis atualmente no mercado, destaca que o Photoshop é uma ferramenta de plástica virtual. Com ele é possível obter muitos resultados interessantes, como aumentar seio, diminuir cintura etc. “Mas se não souber como usar, aí teremos um problema”, explica. O uso com parcimônia é necessário, mas nem sempre encontrado na prática.

Na web, as “pérolas” da fotografia tratada podem ser encontradas em sites como o Photoshop Disasters (www.psdisasters.com) e o Pérolas do Photoshop (www.perolasdophotoshop.blogspot.com). As cantoras Madonna e Beyoncé, além de modelos da grife Ralph Lauren e Victoria’s Secret, aparecem, nesses endereços, em imagens que foram modificadas sem obedecer à proporção.

Caetano reclamou do tratamento dado à sua foto: ''Fiquei com cara de político babaca''(foto: Revista Rolling Stone/Divulgação)
Caetano reclamou do tratamento dado à sua foto: ''Fiquei com cara de político babaca'' (foto: Revista Rolling Stone/Divulgação)
Nem todos, porém, parecem querer esconder a passagem do tempo ou alterar imagens. “Fiquei com cara de político babaca”, disse Caetano Veloso, em entrevista na TV a Jô Soares, se referindo à foto em que aparece, com rugas suavizadas, ao lado de Gal Costa, na capa da revista Rolling Stone, de julho. (Colaborou Anderson Rocha)

Liderança absoluta
Photoshop é nome do programa líder no mercado de edição de imagens bidimensionais, utilizado profissionalmente nas áreas de design, fotografia e publicidade. Com ele, é possível fazer alterações e tratar cores, texturas e formas de imagens em formato raster (bitmap)e vetoriais (imagem construída a partir de vetores matemáticos). A versão mais recente (CS5) corresponde à 12ª edição desde o lançamento, em 1999, pela Adobe. É disponível para sistemas Microsoft e Mac OS. www.adobe.com/products/photoshop.html

E o meu direito de imagem?
Na foto da embalagem, biscoito de chocolate delicioso, com brilho, cremoso. Na prática, seco, pequeno e feio. O que fazer?

Vale aí um processo, segundo informa Fernanda Paula Diniz, especialista em direito privado e professora da PUC Minas, explicando que, de acordo com o artigo 37 do Código de Defesa do Consumidor, é proibida toda publicidade enganosa ou abusiva, que altera ou omite informação sobre um produto. De lógica semelhante, imagens retocadas por programas de edição também podem ser alvo de processo. No início deste mês, no Reino Unido, fotografias da atriz Julia Roberts para a empresa de cosméticos Lâncome, da L’Oreal, tratadas em computador, foram retiradas de circulação sob a alegação de que eram enganosas. No Brasil, o Projeto de Lei 6.853, do ano passado, está em análise na Câmara Federal. Pela “Lei do Photoshop”, toda imagem publicitária manipulada deverá vir com uma advertência. O projeto, do deputado Wladimir Costa (PMDB-PA), propõe que quem descumprir a determinação está sujeito a multa de R$ 50 mil reais.

A beleza de Julia Roberts, na publicidade da Lancôme, pareceu enganosa aos ingleses(foto: Lancome/Divulgação)
A beleza de Julia Roberts, na publicidade da Lancôme, pareceu enganosa aos ingleses (foto: Lancome/Divulgação)
Para Fernanda Diniz, a proposta é positiva. “Algumas fotografias induzem, por exemplo, a pessoa a correr atrás de uma magreza que, entre outras coisas, é prejudicial à saúde”, afirma. Ela reitera, porém, que alterações na imagem não são ilegais, desde que haja consentimento entre as partes. “Se em um contrato de pacote de fotografias para uma formatura a empresa contratada, por exemplo, usou recursos de Photoshop nas fotos e os efeitos resultantes dessa ação não agradaram, os contratantes têm o direito de recorrer ao juizado especial. Isso porque tais alterações nas fotos ferem o direito de imagem, o que é ilícito e passível de indenização”, complementa.

Memória - Recurso moderno, invenção antiga

Uma ferramenta de nome Camadas é o principal recurso que possibilita a alteração e criação de imagens no Photoshop. Com ela, de forma bem simplificada, um arquivo de imagem é dividido em diversas partes, que são modificadas individualmente. É dessa forma que se consegue alterar somente um pedaço da imagem, uma camisa, por exemplo, ou tirar uma pessoa de um lugar e colocar em outro. Mas engana-se quem acredita que ela é uma invenção recente. Assim como diversas outras ferramentas, o recurso de camadas veio do mundo real para os computadores. Ela foi desenvolvida por ilustradores e patenteada em 1914 pelo norte-americano Earl Hurd. Consistia, na época, em fazer desenhos sobre folhas de celuloide transparentes (acetato), que eram as camadas, possibilitando assim fazer alterações. Era considerada a grande contribuição para a animação tradicional até a chegada da computação gráfica.


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