No caso do câncer de cérebro, os investigadores de Hopkins dizem que mutações no CIC e no FUBP1 podem ser o “elo perdido” para a confirmação da chamada “teoria do desenvolvimento do câncer”. A tese é baseada no fato de que cada célula do corpo humano tem duas cópias de 23 cromossomos, que contêm milhares de proteínas produtoras de genes. Se um gene em um cromossomo está danificado ou faltando, a outra cópia compensa a perda de proteína. Se a segunda cópia, porém, também é falha, a célula não consegue fazer a proteína adequada e pode se tornar cancerosa.
A pesquisa só foi possível por causa dos avanços nas técnicas de sequenciamento genético, cada vez mais rápidas e eficientes. “Graças ao Projeto Genoma Humano e aos avanços no sequenciamento do genoma do câncer, um único estudo pode agora resolver décadas de questões não respondidas e revelar a genética desse tipo de câncer do cérebro”, diz Kenneth Kinzler, professor da Universidade Johns Hopkins, também nos EUA. “Saber o caminho genético de um câncer é a chave para atacá-lo”, sustenta.
Chance de cura
O oncologista brasiliense Gustavo Ribas explica que o oligodendroglioma é uma das formas mais agressivas de câncer. “Infelizmente, trata-se de um tumor avançado e de alto grau. Ele está relacionado às células da glia, que desempenham um papel importante no processo de conexão neural. Vem daí a gravidade da doença”, explica o especialista. “No entanto, com intervenções cirúrgicas, quimioterapia e radioterapia, é um câncer que tem cura”, completa.
Para ele, um dos principais problemas do oligodendroglioma é o fato de a doença não apresentar sintomas durante boa parte do seu desenvolvimento. “É uma doença silenciosa. Na maior parte do tempo, não há manifestações clínicas e, quando ocorrem, é porque a doença já está em estágio avançado”, conta o oncologista. “Os sintomas, geralmente, são muito inespecíficos, como dores de cabeça e problemas de visão (veja infografia).”
A melhor forma de potencializar o tratamento é começá-lo o mais cedo possível. “É importante que os pacientes procurem tratamento logo que os primeiros sintomas surgirem, mesmo que pareça algo sem importância”, alerta o médico. Para confirmar a doença, é necessário fazer um exame de ressonância magnética ou uma tomografia. “Por isso, defendo que essas duas avaliações se tornem mais frequentes e os médicos as peçam para seus pacientes, pois eles são a única forma de diagnosticar precocemente a doença”, completa.