Os estudos, um da Universidade de Washington e outro do CDC (Centro de Controle de Doenças de Atlanta), foram realizados em Botsuana, no Quênia e em Uganda. O trabalho TDF2, do CDC, foi realizado com 1.219 homens e mulheres heterossexuais em Botsuana, todos não infectados, alguns recebendo um comprimido de antirretroviral (ARV) -uma mistura de tenofovir/emtricitabina- uma vez por dia; outros, um placebo. O ARV reduziu o risco em 63% em relação ao grupo placebo.
A pesquisa da Universidade de Washington, Partners PrEP, analisou 4.758 casais heterossexuais sorodiscordantes (um infectado, outro não) no Quênia e em Uganda. A pessoa não infectada tomou o tenofovir, ou uma mistura de tenofovir com emtricitabina, ou um placebo. No primeiro caso, o risco de infecção foi reduzido em 62% em relação ao grupo placebo; no segundo, em 73%.
Os pesquisadores interromperam o estudo após a os resultados intermediários, considerando que não seria "ético" mantê-lo com as pessoas que tomavam um placebo, e divulgaram seus resultados. O CDC, que deveria divulgar seu trabalho em Roma na semana que vem durante a conferência sobre a Aids, fez o mesmo. Um estudo anterior, conduzido com casais de homens sorodiscordantes, havia registrado em novembro uma redução de 44% da infecção entre aqueles que receberam uma mistura de tenofovir/emtricitabina. Mas não havia certeza de que a prevenção pudesse funcionar em casais heterossexuais.
Um outro estudo, FEM-Prep, não constatou o efeito protetor entre as mulheres heterossexuais. Em maio, um teste clínico realizado em nove países com 1.763 casais, em grande parte heterossexuais, mostrou que entre os casais em que os soropositivos tomaram antirretrovirais em um estágio precoce da doença o risco de infectar seu parceiro caiu 96%.
Esses resultados indicam o papel central que os antirretrovirais podem desempenhar na prevenção, e este assunto estará no centro da conferência de Roma. Vários pesquisadores, incluindo aqueles que trabalharam no estudo TDF2, revelaram que é essencial utilizar esse método em combinação com outras formas de prevenção, principalmente os preservativos.
"Estamos em um momento importante", frisou Mitchell Warren, diretor executivo da ONG americana Avac, para quem é necessário agora estabelecer "como utilizar melhor os ARV como meios de prevenção". Esses resultados deverão também estimular as pessoas em risco a se submeterem a testes, já que apenas a metade das 33 milhões de pessoas que vivem com o vírus sabem que são soropositivas.