(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas

Especialistas discutem novos métodos de emagrecimento


postado em 12/07/2011 07:17 / atualizado em 12/07/2011 09:42

Procedimentos cirúrgicos contra a obesidade não são milagrosos(foto: Arte D.A Press)
Procedimentos cirúrgicos contra a obesidade não são milagrosos (foto: Arte D.A Press)
Quando o assunto é um novo método de emagrecimento, independentemente de quantos quilos a pessoa precisa ou quer eliminar, a ansiedade é sempre a mesma. Atualmente, dois procedimentos para o tratamento de obesidade estão na moda. O balão intragástrico (BIB) e a banda gástrica ajustável. Por terem efeitos colaterais mais amenos do que a cirurgia de redução de estômago, estão sendo utilizados também para fins estéticos, o que é um erro, segundo especialistas. Os procedimentos não são milagrosos, portanto só são recomendados a pessoas com reais problemas de excesso de peso. Para aquelas que não se enquadram nas características, a fórmula milagrosa para emagrecer é composta por dois ingredientes: a reeducação alimentar e a prática de exercício físico.

O problema das dietas é sempre o mesmo: a fome acarretada pela diminuição da ingestão de alimentos. Ao atuar exatamente no xis dessa questão, os dois procedimentos conquistaram a fama da eficácia. O BIB é uma prótese de silicone, uma espécie de bolinha de ar ou cheia de soro fisiológico e azul de metileno — corante bacteriológico usado para tornar visível o objeto caso o balão estoure —, que, ao ser introduzida no tubo digestivo por meio de endoscopia, ocupa cerca de 40% do estômago (veja arte). Ela é feita para ficar na cavidade estomacal por um período de quatro a seis meses.

Já a banda gástrica ajustável, popularmente conhecida como cirurgia do anel, é colocada na parte superior do estômago por cirurgia videolaparoscópica. A banda provoca a diminuição de parte do estômago e os efeitos do balão acabam por produzir uma saciedade precoce no indivíduo, fazendo com que o paciente adquira hábitos alimentares saudáveis. Colocado assim, parece simples. Mas não é.

O professor de gastroenterologia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas Hércio Cunha explica que, para usar uma das técnicas, é necessário estar com o índice de massa corpórea (IMC) acima de 35, mas com comorbidades associadas — por exemplo diabetes, hipertensão arterial e apneia do sono. “São indicados principalmente para pessoas que não obtêm o emagrecimento desejado com medicações. O balão é dirigido a um público específico, é uma terapia temporária e ambulatorial”, descreve o médico.

Orientação e esforço

A servidora pública Aline Moura, 1,65m, 102 quilos e IMC 37,5, conta que sua vida foi marcada pelo temido efeito sanfona. De tempos em tempos ela emagrecia e, não demorava muito, engordava de novo. Mas isso ocorre por motivos óbvios: “Não consigo manter o peso. Já tomei remédio, fiz dietas, mas, sempre paro no meio dos tratamentos”, relata.

Agora, depois de ser aconselhada por amigos, Aline procurou orientação médica para saber sobre qual dos procedimentos seria mais adequado ao perfil dela. Atualmente, espera os resultados de exames para se submeter à cirurgia da banda gástrica. “Hoje frequento palestras e vou me esforçar para dar tudo certo. Além disso, vou começar o acompanhamento psicológico e nutricional. Acredito que destsa vez vou fazer a coisa certa”, espera.

Com o balão, o paciente pode eliminar cerca de 10% a 15% do peso inicial e, em média, 25% com a banda. Talvez seja pela perda de peso mais rapidamente que as pessoas estejam em busca dos métodos com intenções estéticas. No entanto, Hércio Cunha explica que antes de indicar os procedimentos é necessário realizar uma avaliação do perfil do paciente. “O balão deve ser usado somente para tratamento da obesidade”, salienta. O especialista afirma que sempre alerta os pacientes na primeira consulta que não existe mágica ou milagre e que qualquer método de emagrecimento deve ser aliado a mudança de hábitos, incluindo alimentação e prática de exercícios físicos.

Asma, gordura no fígado e o desconforto dos quilos extras fizeram André Alves Guimarães, de 33 anos e 108 quilos, querer usar o balão intragástrico. Em seis meses com o mecanismo no corpo, o engenheiro emagreceu 27 quilos. Quando o retirou, eliminou mais seis. “No começo é horrível, enjoava como mulher grávida. Mas, no quarto dia, passou”, recorda. Guimarães conta que não tinha alternativa, tinha que emagrecer mais rápido e conseguiu de uma forma equilibrada. “Eu recomendo”, aconselha.

Reeducação

O gastroenterologista Lucas Seixas é rígido em relação à indicação dos procedimentos. Ele destaca que não realiza as técnicas quando o IMC é menor do que 30, para fins estéticos, quando a pessoa submeteu-se à cirurgia abdominal. “Digo não também para aqueles que não desejam participar de programas de mudanças alimentares e comportamentais.” Segundo ele, é necessário ter cautela, participar de reuniões de grupo, discutir o assunto com o médico para avaliar as vantagens e as desvantagens de cada procedimento, pesar os riscos e benefícios e escolher com o médico o melhor método porque cada caso exige uma solução individual.

Dessa forma, Seixas explica que prepara o paciente para uma vida diferente. Como o balão é temporário, produz bons resultados na reeducação alimentar. Já a banda gástrica beneficia doentes com síndrome metabólica da obesidade, IMCs mais altos e que não conseguem controlar o distúrbio. “Há protocolos de cirurgia plástica que colocam o balão no obeso para perder peso, com orientação nutricional, antes de fazer uma cirurgia plástica”, diz.

De acordo com Lucas Seixas, é inegável que, além da saúde, os pacientes queiram obter um ganho estético — o que em geral a perda de peso proporciona. Os efeitos de um tratamento com bons resultados para o obeso, segundo o médico, melhoram a saúde mental, inserem os pacientes novamente no convívio doméstico, social e possibilitam muitas vezes um recomeço com a autoestima elevada.

Seixas alerta que o Brasil vive uma epidemia de obesidade e os números são preocupantes. Segundo pesquisas recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país já tem 17 milhões de habitantes acima do peso (9,6% da população). “Este é um problema sério de saúde pública, pois representa a gênese de patologias cardiovasculares e oncológicas, principais causas de mortes no mundo.” Para o médico, é importante seguir um programa alimentar saudável, consumir alimentos frescos e praticar atividades físicas. Além disso, dormir bem, trabalhar o suficiente, comer lentamente e ainda ingerir bastante água são recomendações básicas para um processo de reeducação de hábitos.

“Estamos vivendo em um mundo que exige produção, consumo e isso só estimula uma péssima alimentação. A falta de tempo para atividades físicas, para a saúde mental e a ausência de uma boa educação alimentar, desde a infância, significam o que chamo do mal do século”, adverte, numa referência à necessidade, urgente, da montagem de uma política de saúde pública que realmente funcione.

 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)