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Estado de Minas

Estrela do tamanho do sol é sugado por buraco negro em galáxia distante


postado em 17/06/2011 09:42 / atualizado em 17/06/2011 09:57

(foto: Universidade de Warwick )
(foto: Universidade de Warwick )
Com seus quase 14 bilhões de anos, o Universo continua surpreendendo os astrônomos, exibindo eventos até então desconhecidos. O satélite Swit, da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa), captou um novo fenômeno, jamais registrado por qualquer outro equipamento. No coração de uma galáxia distante, a 3,8 bilhões de anos-luz da Terra, o satélite identificou uma forte explosão, com emissões de todos os tipos de radiação eletromagnética, de ondas de rádio a raios gama, muito mais duradouras do que se imaginava. O novo evento, batizado Sw1644-57, brilha 100 vezes mais que outros jatos de luz já emitidos pelos centros galácticos.

“Isso é diferente de tudo que foi visto antes, e nossa melhor explicação é a de que uma estrela deve ter caído dentro do buraco negro no centro da galáxia”, disse ao Correio o astrônomo Andrew Levan, pesquisador da Universidade de Warwick e principal autor de um artigo que descreve o evento, publicado na edição de hoje da revista especializada Science. Assim que os astrônomos viram as imagens registradas pelo satélite, capturadas na Constelação Draco, eles pensaram que se tratava de uma estrela em colapso. Quando uma estrela massiva — com massa maior do que o Sol — morre, acontece a supernova, um dos eventos celestes mais bonitos de se observar. É uma grande explosão brilhante, deixando um rastro de gás, poeira e, eventualmente, estrelas de nêutron.

Ao estudar profundamente as imagens, porém, o pesquisador da Universidade da Califórnia em Berkeley Joshua Bloom desconfiou que o evento não se comportava como uma típica emissão de raios gama. Na verdade, parecia mais que uma estrela do tamanho aproximado do Sol estava sendo sugada por um enorme buraco negro, milhões de vezes mais massivo. As doses altas de energia emitidas seriam o resultado desse processo. Os dados foram analisados novamente e confrontados com observações feitas pelo telescópio espacial Hubble e pelo observatório de raios X Chandra. O palpite de Bloom estava certo. “O evento, de fato, é completamente diferente de qualquer outra explosão que já vimos”, disse o cientista ao Correio.

Buracos negros não são propriamente estrelas, mas os astrônomos os consideram remanescentes estrelares. Da mesma forma como uma estrela explode, ela também poderia implodir, formando um núcleo tão massivo e denso que sua gravidade não deixa escapar nada à sua volta, nem mesmo a luz. Apesar de o buraco negro não ter uma aparência visível, é detectável por causa de jatos de partícula de alta energia emitidas pela matéria sugada por ele. Não é que o buraco negro emita raios eletromagnéticos — nada sai de dentro dele. Essas partículas são liberadas pela própria matéria prestes a ser engolida.

Sem redução

O que chamou a atenção dos astrônomos foi a persistência da radiação eletromagnética, pois o mesmo nível de brilho foi detectado semana após semana, além do fato de o evento ter sido detectado a uma distância tão grande, de quase 4 bilhões de anos-luz. Como comparação, a galáxia complexa mais próxima da Via Láctea está a 2,3 milhões de anos-luz.

Além disso, o brilho parecia vir do coração da galáxia. “Acreditamos que os buracos negros, objetos tão densos que nem mesmo a luz pode escapar deles, existem nos centros de quase todas as galáxias. Esse que identificamos tem uma massa cerca de um milhão de vezes maior que a do Sol. Enquanto a estrela vai se aproximando do buraco negro, ela fica esticada por causa da extrema gravidade e, em seguida, cai muito lentamente, ao longo de meses. É isso que alimenta o objeto que vemos”, diz Levan.

Segundo o cientista, o evento é bastante incomum. Ele parece estar criando um par de jatos, observados na concepção artística feita pela equipe da Universidade de Warwick que ilustra esta página.

“Nós enxergamos o fenômeno como uma explosão brilhante porque estamos olhando para os jatos. É como olhar diretamente para uma lanterna”, afirma. De acordo com ele, apesar de ser um evento raro, poderia acontecer na Via Láctea. “Seria algo tão brilhante que poderia prejudicar a vida na Terra. Mas isso só ocorre uma vez a cada 100 milhões de anos”, tranquiliza o astrônomo.

Levan conta que o estudo do Sw1644-57 aumenta a compreensão do processo de coevolução das galáxias e dos buracos negros. “Acreditamos que a massa do buraco negro está relacionada com a massa da galáxia. Nesse sentido, ambos parecem evoluir juntos, mas ainda não sabemos a ordem das coisas, se é a galáxia que influencia o buraco negro ou ou contrário. Quando os buracos negros engolem as estrelas, sua massa aumenta. O que estamos vendo agora é esse ‘abastecimento’, por isso pode nos ajudar a entender como o buraco negro e a galáxia que o abriga crescem.”


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