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Estado de Minas

Especialistas dão dicas de como se livrar do desconforto da cãibra


postado em 06/05/2011 17:31

Desde que começou a nadar longas distâncias, o advogado Leonardo Sanches sofre com cãibras na parte posterior das coxas. Para evitar o problema, ele busca reforçar os músculos(foto: Ronaldo de Oliveira/CB/D.A Press)
Desde que começou a nadar longas distâncias, o advogado Leonardo Sanches sofre com cãibras na parte posterior das coxas. Para evitar o problema, ele busca reforçar os músculos (foto: Ronaldo de Oliveira/CB/D.A Press)

A cãibra é um desconforto conhecido pela maioria das pessoas. Ela faz parte da rotina de atletas, sejam eles de alta performance ou não, além de ser comum entre indivíduos que não abrem mão de exercícios físicos regulares. O problema, contudo, não está ligado somente à prática de atividades esportivas, já que os sedentários não escapam da contração muscular involuntária e repentina. Médicos e fisioterapeutas trabalham com possíveis causas do inconveniente, mas não existem ainda explicações científicas para ele, o que dificulta a prevenção. Sabe-se, porém, que as cãibras podem ser manifestações de doenças circulatórias e neurológicas.

O cirurgião vascular Walter Campos, especialista do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, em São Paulo, explica que cãibras eventuais não devem ser motivo de preocupação. Quando ocorrem com muita frequência, porém, podem sinalizar má circulação decorrente de doenças como aterosclerose, isquemia e insuficiência venosa. “O estreitamento ou obstrução dos vasos impede que o sangue leve oxigênio e nutrientes às células. Há indícios de que os espasmos apareçam justamente devido ao ácido lático produzido na ausência do oxigênio”, aponta. Segundo o médico, a panturrilha é a região mais acometida pelas contrações decorrentes da má circulação.

O transtorno dura alguns segundos ou minutos e geralmente impede a movimentação do membro afetado. “Devemos ter em mente que a cãibra não é uma doença, mas o sintoma de alguns males. Quando ocorre mais de três vezes por semana, é importante verificar se não está relacionada a patologias vasculares, cujos maiores fatores de risco são a obesidade, o tabagismo, o sedentarismo, a hipertensão e o diabetes”, acrescenta o cirurgião. Outras enfermidades provocam cãibras. O neurologista Henrique Braga, especialista do Hospital Anchieta, pondera que o transtorno indica doenças neurológicas, como a pós-neuropatia periférica e a síndrome de Guillain-Barré, ou mesmo distúrbios metabólicos.

Segundo o médico, não se pode esquecer que a cãibra também é definida como dificuldade de relaxamento muscular. “Os neurônios liberam cálcio dentro das fibras musculares para que o músculo possa se contrair. Para retirar tal mineral inserido na células desses segmentos existe um mecanismo chamado bomba de cálcio, que funciona como uma drenagem, permitindo o relaxamento”, detalha. Para que todo esse processo seja executado, é necessário ter energia, fator promovido pelo metabolismo da glicose. Qualquer distúrbio que atrapalhe esse trabalho impede a saída do cálcio e promove a cãibra.

Energia extra
Com isso, é fácil compreender por que os diabéticos com a doença avançada e sem controle também sofrem com as cãibras. Como a irrigação sanguínea para músculos e nervos é deficiente, a energia não chega até a bomba de cálcio. Braga observa ainda que outras doenças musculares provocadas por lesões, sejam elas traumáticas ou não, são, da mesma forma, desencadeadoras de cãibras. Por conta da fraqueza do músculo promovida pela desnervação, esse tipo de paciente passa a fazer muito esforço para movimentar os membros. “O gasto extra de energia demanda mais nutrientes e oxigênio, elementos que nem sempre chegam ao destino, ocasionando a cãibra. Quando existe uma doença de base, é preciso tratá-la. Se o mal é crônico, pode-se controlar as cãibras com medicamentos específicos”, afirma o neurologista.

A professora Marizete Alves de Oliveira, 49 anos, costuma acordar no meio da noite com cãibras terríveis. Vítima da síndrome de Guillain-Barré, o desconforto é sentido, principalmente, na panturrilha esquerda. O sintoma vem sendo contornado com medicação e exercícios que fortalecem a musculatura. A combinação das terapias, no entanto, trouxe ainda mais dor no começo do tratamento. “Precisei encontrar um equilíbrio, pois quando me exercitava em excesso e tomava o remédio, sentia dores durante o dia também. É uma ocorrência que tira qualquer um do sério, mas que estou conseguindo vencer com a dosagem certa de atividade física e medicamento”, avalia.

O equilíbrio, aliás, é sempre um aliado. A cãibra mais comum é aquela que ocorre esporadicamente durante exercícios muito intensos. Especialistas costumam identificá-la como cãibra do esportista. Nesse caso, ela também é causada por excesso de ácido lático ou fadiga aguda das fibras musculares, sem, no entanto, ter qualquer doença de fundo.

O fisioterapeuta Márcio Antonelo, especialista do Instituto Nacional do Esporte (Inesp), observa que a contração involuntária do músculo sempre intrigou quem trabalha com a fisiologia humana. Por ser um evento inesperado, é complicado estudá-lo cientificamente. “Não temos uma explicação precisa de quando e como esses espasmos podem ocorrer. Sabemos apenas que a cãibra está associada à dor — o enrijecimento muscular ativa os receptores dessa sensação desagradável — e a perdas hídricas e de minerais. Porém também temos casos idiopáticos, ou seja, sem causa conhecida”, pondera.

Na piscina
Por enquanto, esse é o caso do advogado Leonardo Sanches, 44 anos. Ele conta que o esporte está presente em sua vida desde a infância. Judô, vôlei, capoeira e polo aquático já fizeram parte de sua rotina sem que o desconforto fosse sentido. Depois que Leonardo começou a nadar longas distâncias, as cãibras se tornaram recorrentes. “Sinto uma dor muito forte nas coxas posteriores. Na última Travessia dos Fortes, no Rio de Janeiro, senti a contração no fim da prova. Não corri riscos porque tenho técnicas de flutuação e consigo manter a calma”, diz o nadador master da Companhia Atlética.

Preocupado com a frequência das dores, Leonardo tem contado com a ajuda de um médico especialista em medicina esportiva para pesquisar o motivo das contrações. “Confesso que preciso reforçar a musculação, porque todo atleta deve fazer esse trabalho, mas cogitamos que a minha hiperidratação — eu bebo muita água — também pode desencadear as cãibras, já que perco minerais demais no suor e na urina”, desconfia.

Quando não está associada a doenças ou ao desconhecido, porém, é mais fácil prevenir. Uma sessão de alongamento pré e pós-exercícios e a ingestão de isotônicos antes, durante e depois do esforço são medidas que ajudam a evitar o desconforto. O cuidado na escolha do horário, evitando-se a atividade nas horas muito quentes também é um aliado para minimizar o desgaste muscular e, consequentemente, as cãibras.

Desordem
A síndrome de Guillain-Barré é uma desordem na qual o sistema imunológico ataca parte do sistema nervoso periférico. Os primeiros sintomas dessa desordem incluem graus variados de fraqueza ou sensações de formigamento nas pernas. Em muitos casos, essas manifestações se espalham para os braços e para a parte superior do corpo.

Reposição de líquidos
Isotônicos são bebidas à base de água, sais minerais e carboidratos ideais para a reposição de líquidos e eletrólitos perdidos com o suor durante atividade física. São chamados isotônicos por possuírem formulação semelhante ao plasma, o que facilita a absorção pelo organismo.

 


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