“Um jogo atrasado pode vir a ser bom. Um jogo ruim é ruim para sempre.” A frase, creditada ao criador do Super Mario, Shigeru Miyamoto, é a máxima sobre os games cujo lançamento é adiado e a aflição que causa em seus fãs, algo corriqueiro na indústria do setor. Mas, quando um jogo há muito tempo aguardado finalmente chega, qualquer falha que ele possa ter é aumentada pelo longo tempo que ele ficou em produção. E tudo isso só piora quando o jogo em questão é o detalhadíssimo Gran Turismo 5, lançado no fim do ano passado.
Um dos símbolos da produção de games da Sony, o Gran Turismo 5 foi mostrado ao mundo pela empresa em 2005, quando nem o console para o qual ele estava sendo feito tinha entrado no mercado – o PlayStation 3 só chegaria às lojas no ano seguinte. De lá até aqui, foram diversos atrasos e promessas de lançamento não cumpridas. Tudo para conseguir o melhor simulador de corridas existente, justificava o perfeccionista Kazunori Yamauchi, mentor da série.
Essa busca pela perfeição é algo que só se pode perceber observando o jogo por seus detalhes, desde a iluminação dos faróis e dos holofotes nas pistas noturnas até os efeitos da chuva e neve sob o vidro dos carros em uma visão de primeira pessoa. O visual de Gran Turismo 5 não salta aos olhos se você experimentar o game sem atenção, algo que pode decepcionar ao se levar em conta os atrasos e a demora. Mas se você gosta de carros e de corrida não há game mais completo.
A começar pelos números: cerca de mil carros, mais de 70 pistas e diversos eventos diferentes: eventos de rally, corridas de longa duração, disputas com karts, carros da Nascar e até carros-conceito da Fórmula 1. A variedade de opções e de itens a explorar é capaz de entreter por meses a fio. Isso, claro, se você estiver disposto a se entregar a seus complexos comandos e ajustes finos.
Felizmente, tudo isso é feito de um modo que ensina os jogadores leigos de forma gradual e fácil. Gran Turismo 5 é dividido em três grandes modos: o arcade, com corridas descompromissadas em supercarros, o modo de corridas on-line e o modo GT, o verdadeiro desafio do jogo. Ele é dividido em dois estilos: A-Spec e B-Spec.
Para quem já jogou a série, o A-Spec é um velho conhecido. Você começa com uma determinada quantia de dinheiro, suficiente apenas para comprar as máquinas da lista de carros usados. Daí, o objetivo é participar de todos os campeonatos possíveis e expandir sua coleção de carros. O desafio aumenta à medida que você vence corridas e avança seu nível de corredor, o que libera novas funções do jogo, como o sistema de colisões. Alguns campeonatos só podem ser disputados sob algumas condições: se o carro tem tração dianteira, ou se ele é de uma determinada marca, além dos famigerados testes de licença de motorista, também uma marca registrada da série.
Já no modo B-Spec, você assume a direção de uma equipe de pilotos controlados por inteligência artificial. Recruta diversos corredores e, além de ser responsável pelo seu desenvolvimento nas corridas, também pode dar ordens durante as competições, e orientá-los quando ultrapassar e aumentar ou segurar o próprio ritmo.
Detalhe
Em ambos os modos, uma diferença logo fica clara: o nível de detalhe entre os veículos. Da frota de mil máquinas, apenas 200 receberam o tratamento premium, como descreveram os criadores do jogo. Esses carros são idênticos às suas contrapartes reais em praticamente todos os aspectos, do exterior ao painel. O detalhismo é tanto que até mesmo o barulho dos carros e os tapetes embaixo dos pedais de aceleração e freio são fiéis à realidade.
Mas, na pista, todos se comportam de maneira exemplar. Como sempre, dirigir continua sendo a melhor parte de Gran Turismo 5 e, por mais que seja trabalhoso aprender como controlar o seu carro nas curvas e saber quando é a melhor hora de acelerar em níveis mais avançados, a experiência é ótima, e fica mais próxima da realidade se você utilizar um volante em vez do controle.
O maior problema de Gran Turismo 5 está em sua apresentação. O game tem ótima jogabilidade, mas faz de tudo para criar uma péssima primeira impressão. A começar pela demora para simplesmente deixar você jogar. No teste que fizemos, o game levou seis horas para iniciar, entre processos de atualizações e correções de bugs e instalação, recomendada para que ele carregue mais rápido.
O espaço necessário para fazer isso – 8GB, um dos maiores exigidos entre os jogos do PlayStation 3 – também é um ponto negativo. Os menus são um bom retrato da desorganização do jogo. No modo GT, é preciso tempo para se acostumar com os ícones assimétricos e coloridos, que escondem opções importantes como a loja de carros, o tuning e os testes de licença.
Ficha técnica
>> Produção: Sony Computer Entertainment
>> Desenvolvimento: Polyphony Digital
>> Plataforma: Exclusivo para PlayStation 3
>> Número de jogadores:
1 (single-player), 4 (multiplayer off-line)
até 16 (multiplayer on-line)
>> Preço: R$ 199
Avaliação
Jogabilidade
Entretenimento
Gráficos
Som