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Estado de Minas

Romance reinventado

Internautas recriam, por meio de rede social, uma das maiores histórias de amor da humanidade


postado em 18/12/2008 11:41 / atualizado em 08/01/2010 03:56

Reprodução da internet/www.Flicker.com - 16/12/08
Vanessa e Riff se amam no curta-animado, abraçadinhos a seu modo
-->Romeu e Julieta (quem diria?) chegaram à era da internet. Uma das mais conhecidas histórias de amor de todos os tempos inspira uma adaptação no mínimo curiosa, no projeto Mass Animation, com o curta-metragem colaborativo Live Music. A idéia é usar a web para que internautas de diferentes partes do mundo possam participar do processo de criação do filme, animando trechos da produção. Para isso, adotam o Facebook, rede social que faz muito sucesso entre os americanos: no site é possível baixar as seqüências, acompanhar o roteiro, assistir às cenas feitas por outros internautas e (se você é um reles mortal que não entende nada de técnicas de animação) votar nas suas cenas favoritas. A brincadeira segue on-line até o fim de janeiro.

A história é cheia de licenças poéticas ao original de Shakespeare: em vez de Verona, a ação se passa em uma loja de instrumentos musicais. O filme gira em torno do amor proibido entre a guitarra Riff (que anda com uma turma de baterias e teclados arruaceiros) e o violino Vanessa (que não sai da prateleira mais alta, junto a seu pai violoncelo). Construídas a partir da linguagem universal da música, as falas dos personagens se resumem aos acordes da trilha sonora. E não são acordes quaisquer: o lendário guitarrista Steve Vai dá “voz” a Riff, e a violinista Ann Marie Calhoun interpretou as emoções de Vanessa. Os nomes conferem peso ao projeto, que tem a pretensão de se tornar o primeiro curta colaborativo da história, segundo os organizadores.

Live Music é concebido para ser criado em CGI (Computer Graphic Imagery), com personagens virtuais desenvolvidos em três dimensões. O projeto é encabeçado por Yair Landau, ex-presidente da Sony Pictures Digital, que assina a direção do curta colaborativo. “Tive essa idéia de unir artistas de lugares diferentes, com o poder da internet, para contar uma história”, diz ele, no vídeo de boas-vindas aos internautas, no Facebook. Funciona como um concurso: o voto popular, pela web, se soma à decisão de um júri especializado, que decidirá quais as seqüências merecedoras de integrar a edição final do filme. É como se fosse uma colcha de retalhos: cada um faz um pedacinho do filme, somando os cinco minutos de duração total.

Reprodução da internet/www.Flicker.com - 16/12/08
Usuários do Facebook acompanham processo de criação do desenho, dos rascunhos à mão aos movimentos dos personagens

Para concorrer, é preciso baixar uma versão limitada do software Autodesk Maya, próprio para criar seqüências animadas. O download está disponível no próprio Facebook e é possível usar o programa gratuitamente até o fim do concurso, quando expira a licença. Pacotes de arquivos contêm o material necessário para o desenvolvimento das cenas, como os modelos já pré-definidos de cenários e personagens, criados pela equipe de produção do filme. Eles também já prepararam todo o planejamento do curta, por meio de esboços que os animadores chamam de story-board. Os rascunhos, já editados em ordem, dão uma noção bacana de como o filme vai ficar – e já é possível acompanhar todo esse processo, em tempo real, enquanto o material é criado. Para os curiosos de plantão, é um prato cheio.

Assim, a parte que cabe aos internautas-animadores é dar vida aos personagens. Aos internautas espectadores, cabe acompanhar o concurso e votar nas melhores seqüências. Na animação gráfica criada com o auxílio do computador, os animadores criam versões básicas das cenas, com início, meio e fim já predeterminados. Por razões óbvias de economia, só na pós-produção é que são acrescentadas texturas e efeitos mais elaborados de iluminação – detalhes que consomem boa parte do orçamento.

O que vai contar na disputa é o traquejo na hora de imprimir nuanças ao movimento dos personagens. As microcenas estão divididas também por três diferentes níveis de dificuldade, a partir dos desafios propostos pelo roteiro, e não passam de 15 segundos. O formato pode soar um tanto engessado, já que a criatividade parece ter ficado por conta mesmo dos desenvolvedores do roteiro, mas o diretor garante: “Se você tiver uma idéia que é melhor do que a que tivemos no story-board, mande para a gente, queremos vê-la.”

Depois que o animador concluir o trabalho, é só fazer o upload do vídeo no próprio Facebook e aguardar a votação. Semanalmente, o responsável pelas seqüências que forem mais votadas pela comunidade recebe um computador como prêmio. Cada animador pode participar com quantas seqüências desejar. As cenas que, por decisão do júri, entrarem para o filme rendem US$ 500 de recompensa, além do nome do criador nos créditos da produção.

“Esse novo método de fazer filmes animados por meio de uma comunidade mundial e de uma tecnologia social permitirá que as pessoas se unam em um tipo completamente novo de colaboração. Animadores de todo o mundo terão a chance de demonstrar seu talento e imaginação nesse filme e os fãs de animações dirão quais histórias são melhores para a trama e os personagens e, por isso, merecem ficar na versão final”, diz Landau. De tão revolucionário, o filme não teme um ataque de Shakespeare se revirando no túmulo: não é para estragar a onda de ninguém, mas o final da história (bem diverso daquele a que estamos habituados) já está disponível on-line. É só conferir a ousadia. O bardo inglês que perdoe a www.

PARA PARTICIPAR
www.facebook.com/massanimation
Até 30 de janeiro


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