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Estado de Minas

Aquecimento global transforma ciclo das chuvas


30/11/2008 09:58 - atualizado 08/01/2010 03:59

Morador recolhe água em poço na província de Lamongan, na Indonésia, após meses de estiagem
Morador recolhe água em poço na província de Lamongan, na Indonésia, após meses de estiagem (foto: Sigit Pamungkas/Reuters - 20/8/08)

Uma simples chuva ou a falta dela pode esconder os principais desafios energéticos e climáticos do planeta. Estudos já observam o aumento de 0,74 grau na superfície terrestre e essa elevação afeta, diretamente, o ciclo hidrológico: a circulação de água na atmosfera, no mar e nos rios altera significativamente os padrões de precipitação. De acordo com a co-presidente do Painel Intergovernamental da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e doutora em estatística espacial, Thelma Krug, os impactos da redistribuição de chuva no globo terrestre pode resultar em doenças, catástrofes ambientais e também na falta de energia elétrica.

Depois de participar da Conferência Internacional Diálogos da Terra no Planeta Água, em Belo Horizonte, ela segue amanhã rumo à Polônia para integrar a Convenção das Nações Unidas sobre Mudança no Clima. A água foi o tema central do fórum que durou três dias e terminou na última sexta-feira. A especialista observa que há dificuldade em atribuir as mudanças climáticas ao ciclo da água. No entanto, há projeções que indicam que as alterações no clima estão além da normalidade. “Avaliamos a temperatura global na série histórica dos últimos 100 anos. O estudo nos permite dizer que da Era Industrial até agora houve elevação na temperatura. Diante disso, fenômenos extremos que vem ocorrendo no planeta, deixam de ser coincidências”, afirma.

Ela reforça que a água está presente em todos os elementos do sistema climático e, assim, o fluxo hidrológico é o primeiro a ser afetado. Muito embora o volume médio de chuvas permaneça o mesmo, a principal alteração será a forma de distribuição das precipitações. “A mudança do clima está diretamente relacionada com a água. Quando analisamos que esse recurso está na atmosfera, nas plantas, animais, mares, rios, lagos e no solo, percebemos que a vida dos seres humanos está comprometida. Já verificamos que em áreas de altitudes elevadas, como Europa, Estados Unidos e Canadá, houve aumento de chuvas”, explica Thelma. Em contrapartida, as regiões áridas, incluindo alguns pontos dos trópicos, apresentaram redução de precipitação.

“Um exemplo é o Nordeste brasileiro. Os impactos são diferenciados no âmbito global, mas a tendência é de que sejam mais extremos”, define. Ela acrescenta que a diminuição das chuvas pode ocorrer também em áreas com usinas hidroelétricas e isso causaria insegurança energética com conseqüências irreparáveis. “Se não houver ações para mitigar as emissões de gases poluentes, por exemplo, teremos muita chuva em um curto período de tempo, culminando em inundações e mortes”, avisa.

Atualmente, 2,4 bilhões de pessoas não têm acesso a água potável no mundo. Estimativas revelam que até o fim deste século, serão 3,2 bilhões de habitantes sofrendo com a escassez. Mas o pesadelo da falta do recurso fundamental à vida já mata anualmente 1,7 milhão de pessoas. O aumento de doenças e alterações na agricultura são outras conseqüências envolvendo a desordem do fluxo hidrológico. “Nas regiões com maior incidência de chuva, enfermidades como a leptospirose serão mais comuns. Já em áreas de seca, os problemas de higiene vão resultar em outras doenças”, diz Thelma Krug.

Ela observa que as questões ambientais do Brasil avançaram com a criação do Plano Nacional sobre Mudanças no Clima. A iniciativa serve para que o país identifique os problemas ecológicos internos e busque soluções para mitigar os transtornos ambientais . “Percebo que os estados estão se organizando e Minas Gerais também está no caminho”, aponta. Thelma alerta que, independentemente das mudanças climáticas, a população deve tomar uma atitude responsável em relação ao uso da água. “Parece insignificante que a ação de uma pessoa possa afetar o quadro global. Mas se cada um fizer a sua parte, a situação muda drasticamente”, afirma a especialista.


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