Cientistas alemães reconstruíram o crânio de um rinoceronte lanudo, que viveu há 460 mil anos, a partir de 53 fragmentos. O trabalho permitiu que se revelasse o passado do animal, o mais antigo da espécie encontrado na Europa e que viveu na Era do Gelo.
Os mamíferos extintos tinham até 3,5 metros de altura e eram cobertos por lã, ao contrário das espécies de rinocerontes que vivem hoje.
Segundo os cientistas, a pesquisa, que foi publicada no Quaternary Science Reviews, permite que se entenda como os rinocerontes se desenvolveram da Era do Gelo até os dias de hoje.
"Este é o rinoceronte lanudo mais antigo encontrado na Europa", disse Ralf-Dietrich Kahlke, do instituto de pesquisas de Senckenberg, em Weimar, na Alemanha.
"Isso nos dá uma data precisa para a primeira aparição de animais de clima frio se alastrando pela Ásia e pela Europa durante a era glacial."
Evolução
Os 53 fragmentos só foram montados recentemente por Kahl e pelo seu colega Frederic Lacombat, do Museu Crozatier, da França.
Depois de examinar e reconstruir o crânio, eles identificaram-no como Coelodonta tologoijensis, uma espécie de rinoceronte que ainda não havia sido descrita antes.
O Coelodonta surgiu pela primeira vez há 2,5 milhões de anos no norte do Himalaia. Por muito tempo, estes animais estiveram restritos às estepes da Ásia continental.
A alimentação básica deles eram folhas de árvores. Mas na medida em que o clima do planeta se tornou cada vez mais árido, os rinocerontes lanudos mudaram a sua característica e passaram a procurar comidas no solo.
Os animais provavelmente migraram da Ásia para a Europa para regiões mais frias entre 478 mil e 424 mil anos atrás. A mudança geográfica foi acompanhada de uma mutação anatômica.
"Análise do espécime de Frankenhausen mostra que o Coelodonta tologoijensis [...] levava a cabeça baixa próxima do solo e tinha uma boca como um cortador de grama, com grandes dentes trituradores", diz Lacombat.
"Na medida em que o clima esfriou, esses animais ficaram mais eficientes no uso dos alimentos disponíveis."
Para os dois cientistas, a espécie estudada é um ancestral do Coelodonta antiquitatis, que era comum na Eurásia durante a era glacial.