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Estado de Minas

O Pingüim é radical?

Militantes do software livre defendem mudança cultural em prol do desenvolvimento colaborativo do conhecimento e da informação


postado em 13/11/2008 10:49 / atualizado em 08/01/2010 04:04

Fotos: Frederico Bottrel/EM/D. A Press
John Hall, diretor-executivo da Linux internacional, defende que os governos devem parar de pagar para usar programas e investir em sistemas abertos
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Nos corredores da Latinoware, os participantes se espremiam para assistir às palestras, com pequenos pingüins de pelúcia nos ombros. O evento para discutir os rumos do software livre na América Latina, no início deste mês, em Foz do Iguaçu, reuniu adeptos do movimento, representado pelo simpático mascote do Linux, um dos mais conhecidos sistemas operacionais de código aberto. Com os bonequinhos grudados na camisa, os militantes defenderam uma mudança cultural. “A idéia é ter um software bom, aberto, gratuito. É muito mais do que comprar um produto e pronto”, acredita Presleyson Lima, da comunidade Br.Office em Belo Horizonte.

Ele organizou a caravana de jovens mineiros que estavam entre os 3 mil presentes. Conheceram “celebridades” do software livre como John “Maddog” Hall, espécie de guru do Open Source. O diretor -executivo da Linux Internacional falou sobre computação sustentável, assegurando que o futuro está no software livre. A todo momento o barbudo era parado para tirar foto com algum fã. Presleyson, é claro, trouxe a recordação para casa. Mas nem só de tietagem o Latinoware foi feito.

Uma das principais apostas discutidas no evento foi na troca de informações entre países de língua latina, para compartilhar experiências no desenvolvimento de programas de código aberto. “Em vez de os governos pagarem para usar os programas, deveriam investir no desenvolvimento de sistemas e de projetos de softwares abertos, que promovem a educação, a ciência e o acesso à tecnologia, a custos mais baixos”, defendeu Maddog, citando o Brasil como exemplo nessa área.

A discussão também teve efeitos práticos de cooperação. Entre Brasil e Paraguai, por exemplo. Representantes do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) repassaram ao governo paraguaio as tecnologias Zope/Plone (para desenvolvimento de sites web em plataforma aberta); Ginga (o software para TV Digital) e Expresso (solução para envio de e-mails). Todas essas ferramentas são baseadas em código aberto.

Mesmo com pingüins nos ombros e trabalhando na produção executiva do evento, o casal de estudantes Lúcio e Cristiani confessou que, em casa, usa Windows

IMORAL Enquanto alguns adeptos defendem a transformação gradual do ponto de vista dos usuários de tecnologia, houve também espaço para os, digamos, menos flexíveis. O professor de Linux, Antônio Marques, fez palestra que misturava punk-rock, anarquismo e software livre. Entre citações que passavam por Bakunin, Pierre Lévy e Paulo Coelho, ele disse que o software proprietário é “imoral, antiético e anticientífico”. O professor defendeu que o combate aos programas-produtos deve ser extremo: “Nenhuma vírgula de concessão”. Pairou o climão de altruísmo custe o que custar.

Na sala ao lado, o discurso era bem mais amaciado. Cezar Taurion, da IBM, defendeu que as empresas podem se apropriar do incentivo à inovação e do desenvolvimento colaborativo, próprios ao universo open source, para gerar modelos de negócios rentáveis: “O software livre permite que empresa e sociedade trabalhem em sinergia e dá dinheiro também”. Para ele, o modelo open source deve ser encarado também pelo aspecto econômico e não apenas por questões ideológicas ou emocionais. “Existe uma relação direta entre maior uso de software e aumento de produtividade empresarial e econômica”, capitulou.

Com posturas bem díspares, os militantes não chegaram a se chocar fisicamente, mas a pluralidade se fez presente nas idéias e nos diferentes fervores na defesa dos argumentos, nas palestras e oficinas. Mesmo assim, os pingüins continuaram nos ombros, até de quem não comprava tanto assim a idéia. Era o caso dos estudantes Lúcio Ricken, de 21 anos, e Cristiani da Silva, de 23, que trabalhavam na produção executiva do Latinoware. Era a primeira vez que o casal teve de usar o Linux durante a preparação para o evento. Em casa, os dois usam Windows. “Teria Linux, com certeza, mas no momento eu manteria também o Windows, como opção. Não sei se me adaptaria”, diz Ricken. “É uma necessidade de se familiarizar mesmo”, completa a namorada.-->


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