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Estado de Minas

Perigo no ouvido

Ouvir músicas durante as atividades diárias é bom, mas é preciso cuidado para preservar a audição


postado em 23/10/2008 12:33 / atualizado em 08/01/2010 04:09

"O problema grave é que os aparelhos não vêm com medidor de decibéis" João Luiz Cioglia, otorrinolaringologista
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Os sucessos de hip hop se sucedem, com as batidas graves marcando presença. O consultor comercial Gabriel Felipe dos Santos cruza as ruas da Savassi com os fones de ouvido plugados no telefone celular. “Quando estou me deslocando, ouço direto. O volume é alto, quase estourando. Sei que faz mal, mas é igual cigarro, né? É um vício, mesmo porque quando se está na rua andando, ouvir música ajuda a relaxar”, define. Como ele, não são poucos os que, na mesma praça, caminham ouvindo música com os pequenos fones. Com a popularização dos MP3 players e a nova onda de celulares musicais, o hábito de esquecer da vida entregando os ouvidos aos tocadores digitais já preocupa os especialistas.

Uma geração de pessoas surdas pode estar por vir. Foi o que concluiu estudo da União Européia, de acordo com o qual até 10 milhões de europeus (10% dos consumidores de iPods e MP3 players no Velho Continente) correm o risco de perder a audição por causa do uso indiscriminado dos fones de ouvido. De acordo com o otorrinolaringologista João Luiz Cioglia, da Sociedade Mineira de Otorrinolaringologia, os dois principais fatores preocupantes são o volume do áudio e o tempo que a pessoa passa escutando as músicas. “Sabemos que o ouvido tolera um certo nível de exposição. Se esse limite é extrapolado, pode sim causar lesões temporárias ou definitivas”, alerta o médico.

"O volume é alto, quase estourando. Sei que faz mal, mas é um vício porque quando se está na rua andando, ouvir música ajuda a relaxar" Gabriel Felipe dos Santos, consultor comercial

O caso do professor de geografia Felipe Marçal é típico. Quando está dando aulas, de manhã, repreende os alunos que porventura trocam as lições pelo áudio dos players. À tarde, quando está livre, ele mesmo se rende ao hábito: ouve música das 13h às 17h, todos os dias. O “culpado” é o celular com rádio FM, tocador de MP3 Players e o fone com vedação de silicone: “Funciona muito bem, eu não ouço os ruídos externos. Se alguém buzinar, nem vou ouvir”, diz. Ele garante que o ouvido vai bem, obrigado, e não sente que tem perdido a capacidade auditiva.

“Na maior parte das vezes, a pessoa não percebe mesmo, porque o ouvido vai se acostumando. Mas o perigo existe, é comprovado”, diz Cioglia. Ele acrescenta que os aparelhos ficam cada vez mais baratos e a qualidade do áudio cada vez melhor, de forma que as pessoas nem se incomodam de ficar muito tempo plugadas aos fones. O risco de lesão, de acordo com o especialista, é agravado com os ruídos externos – dificilmente aplacáveis pelos fones que prometem o milagre da vedação sonora.

"Quando ando de ônibus e tem muito barulho na rua, eu aumento o volume do MP3" Bruna Rúbia Ferreira Cota, secretária

Á exceção dos fones com arco, usados profissionalmente em estúdios, os produtos encontrados no mercado não são capazes de reduzir o impacto dos sons ambientes – nem mesmo os earphones com capinha de silicone, que encaixam mais suavemente no ouvido, garante o médico: “Isso é grave porque a pessoa aumenta o volume do som para competir com o ambiente. Os ruídos se somam à música, aumentando o nível de decibéis”.

A medição precisa do risco é a grande questão. O limite médio, baseado em estatísticas, é de 85 decibéis, por oito horas contínuas de exposição ao som. “O problema grave é que os aparelhos não vêm com medidor de decibéis”, constata Cioglia. Segundo ele, a cada cinco decibéis acrescentados a esse volume, o tempo de exposição deve ser reduzido pela metade, para manter o nível sonoro dentro da tolerância. “Já que não há como medir precisamente os decibéis no dia-a-dia, as pessoas devem ficar atentas e regrar o uso, com o mínimo de tempo possível, só mesmo em poucos momentos de lazer”, aconselha o médico. Outra dica é afastar o fone a cerca de 60 centímetros de distância do ouvido. Se ainda for possível perceber o áudio, é sinal de que o volume está excessivo.

"Os fones com silicone funcionam muito bem, eu não ouço os ruídos externos. Se alguém buzinar, nem vou ouvir" Felipe Marçal, professor de geografia

TIPOS DE FONE

• EARPHONES

Os modelos variam entre R$ 3 (foto) e R$ 25, em lojas de informática da cidade. Os mais caros vêm com capinhas de silicone, que prometem vedar o som externo, mas na verdade são apenas fator de conforto no ouvido. 

• DE CONCHA

Com preços entre R$ 14 e R$ 45 (foto), o modelo mais clássico de headset pode funcionar como uma tampa para o ouvido. Nesses casos, a vedação é mais eficaz, especialmente nos fones acolchoados e mais caros.-->


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