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Estado de Minas CAMPEONATO BRASILEIRO

Triplo sonho mineiro no Brasileirão deste ano

Título, permanência, vaga na elite. Atlético, América e Cruzeiro arrancam com metas particulares na disputa nacional, cuja largada será neste fim de semana


29/05/2021 04:00 - atualizado 29/05/2021 09:47

Atlético e América na Série A, Cruzeiro na Série B. A partir deste fim de semana, os maiores clubes de Minas iniciam a disputa da maior competição nacional, cada um buscando seus objetivos e esperando terminar o ano comemorando, o que seria inédito para o futebol mineiro.

Isso será possível porque cada clube tem meta própria, ainda que, em última instância, o desejo seja de título. Mas para o América, por exemplo, a missão já seria alcançada com a permanência na Primeira Divisão, inédita neste século, e especialmente com a conquista de vaga na Copa Sul-Americana.

Já o Galo, depois de reforçar um grupo cheio de estrelas, com a chegada do armador Nacho Fernández e do atacante Hulk, mira voltar a erguer o troféu. Assim, colocaria fim a um jejum de 50 anos, o maior entre os grandes times, em se tratando da competição mais importante do Brasil – o alvinegro ganhou a Libertadores em 2013 e a Copa do Brasil no ano seguinte, o que deixa a torcida sedenta pelo Brasileiro.

No caso da Raposa, voltar à Primeira Divisão será um verdadeiro feito. Rebaixado em 2019, o time fracassou na tentativa inicial, em 2020, até por ter começado a Série B com 6 pontos a menos em função de punição imposta pela Fifa. Agora, mais experiente no torneio, espera atingir o objetivo para não afundar no terreno pantanoso da Segundona.

Quebrar o jejum de cinco décadas


Com praticamente todos os grandes clubes afetados pela pandemia de COVID-19, o Atlético conta com a ajuda de mecenas para se tornar a agremiação que mais investiu na contratação de jogadores para o Campeonato Brasileiro de 2021. O clube apostou pesado para tirar o armador Nacho Fernández (cerca de R$ 36 milhões) do River Plate e também para ter o atacante Hulk, que voltou ao Brasil depois de quase 15 anos de sucesso no exterior. Não precisou gastar na contratação, mas os vencimentos e luvas são altos.

Também foi atrás do volante Tchê Tchê, outro que logo se tornou titular com o técnico Cuca. Até para a reserva foi feito investimento, com a chegada do lateral-esquerdo Dodô, que estava sem clube. Ele foi contratado para suprir as ausências de Guilherme Arana, considerado por muitos o melhor da posição no Brasil e constantemente convocado para a Seleção Brasileira.

“O Dodô, quando entra, faz grandes jogos, está preparado. Claro que vou sentir falta de ajudar meus companheiros, mas estar na Seleção, representando meu país, é uma sensação única, que sonhei desde criança”, afirma Arana.

No Galo desde o ano passado, ele acredita que o time tem tudo para ser campeão brasileiro nesta temporada. “Reforçamos nosso elenco. Em 2020, batemos na trave, tropeçamos em algumas partidas que não poderíamos. Este ano é dife- rente. A equipe está mais madura, chegaram grandes jogadores, que vão nos ajudar bastante. A gente vem bem mais forte que o ano passado”, declara o defensor, referindo-se ao fato de a equipe mineira ter ficado a apenas três pontos do campeão, Flamengo, o qual venceu duas vezes, uma delas por goleada.

Justamente por essa perspectiva de quem ficou em terceiro lugar em 2020 e pela chegada de tão bons jogadores, os atleticanos estão confiantes. Porém, sabem que a concorrência é grande, pois outros clubes também se reforçaram, como o Grêmio, que repatriou o atacante Douglas Costa. Ou Internacional e São Paulo, que mantiveram a base e ainda buscaram jogadores. Além do Palmeiras, que, como o Galo, conta com mecenas para garantir time sempre forte.

O início de temporada boa também é animador. Campeão mineiro e com a melhor campanha da fase de grupos da Libertadores, o alvinegro só precisa se concentrar em todos os jogos, principalmente contra equipes que não brigam no mesmo bloco, o que faltou no ano passado.


Mirando alto, até em Sul-Americana


O América segue sem ter o investimento dos grandes clubes nacionais, mas nem por isso deixa de sonhar alto nesta volta à Série A do Campeonato Brasileiro. Até porque, parece ser a vez em que está mais estruturado, neste século, para permanecer se comparado às edições de 2001, 2011, 2016 e 2018, quando também esteve na elite, mas voltou à Segundona logo no ano seguinte.

O que permite até sonhar com a disputa do primeiro torneio internacional da história. “Todos os jogos que fizemos na temporada passada (quando o time subiu e ainda foi semifinalista da Copa do Brasil) nos deram essa credibilidade para poder sonhar com algo a mais. Neste ano, acredito que vamos colher tudo aquilo que a gente plantou na temporada passada. Então, vamos almejar coisas maiores (Sul-Americana). Nosso grupo tem totais condições para isso”, afirma o zagueiro Anderson, um dos pilares do sistema defensivo americano.

Até por estar vindo de boa temporada e ter encarado o poderoso Atlético na decisão do Campeonato Mineiro, o clube não investiu em contratações chamadas de peso. Buscou, sem custos, o lateral-esquerdo Alan Ruschel no vizinho Cruzeiro, cedendo em troca o volante Flávio por empréstimo.

Também trouxe outros jogadores que estavam ficando sem contrato ou que foram liberados gratuitamente. Os destaques entre eles são o zagueiro Ricardo Silva, o volante Juninho Valoura, ambos velhos conhecidos da torcida, o armador Bruno Nazário e os atacantes Leandro Carvalho, Ribamar e Luiz Fernando, entre outros.

CONTROLE Mas a força mesmo está no comando de Lisca, o mais longevo da Primeira Divisão. No cargo desde o início de 2020, quando foi confirmado para substituir Felipe Conceição, hoje no rival, Cruzeiro, o gaúcho tem mostrado muito domínio sobre o grupo, o que aumenta a chance de o alviverde se dar bem no Brasileiro.

Para isso, o treinador precisará conter um pouco a espontaneidade, o que é um fator positivo, mas também atrapalha em determinadas situações, como no exagero ao cobrar a arbitragem. Além disso, terá de resistir a possíveis propostas de outros clubes, que vêm ocorrendo desde o ano passado.
Para alcançar todos os objetivos, a diretoria segue atrás de mais uns dois reforços. Mas mostra sabedoria ao não extrapolar os gastos, como ocorreu em outras vezes em que chegou à Série A.


Lições de 2020 viram inspiração


O acesso à Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro se torna obrigatório para o Cruzeiro. Não só pela imagem institucional do clube, mas também pelo aspecto financeiro, uma vez que estar pela terceira vez seguida na Segunda Divisão seria um desastre para as já combalidas contas da Raposa.

Segundo os balanços, em 2020, comparado com 2019, último ano na Série A, o déficit foi de R$ 151 milhões. Só em direitos de transmissão, a queda foi de R$ 77 milhões para R$ 22 milhões. Para piorar, houve a pandemia de COVID-19. A dívida baixou para R$ 900 milhões com cortes feitos pela diretoria, mas segue difícil de ser paga, principalmente pelos valores de curto prazo.

Assim, voltar à elite se torna essencial para o clube, que aposta em um projeto de longo prazo, sob o comando do jovem Felipe Conceição. “Chegou o grande momento da temporada, todos nós esperamos por ele, sabemos da importância da Série B para o Cruzeiro neste momento. Vamos colocar toda a força que temos e a que não temos para conseguir o acesso, que é o principal objetivo. A gente vem em uma crescente, nos preparando bem e estamos prontos para estrear bem. Temos certeza de que em dezembro vamos estar comemorando o objetivo”, afirma o experiente armador Rômulo, um dos contratados para a Série B.

Sem dinheiro, o clube não buscou grandes contratações. Preferiu apostar na “mão” de Conceição, responsável por “montar” o América que conseguiu o acesso em 2020, também sem investimento vultoso, sob o comando de Lisca.

Uma das dificuldades à parte será a presença de outras equipes consideradas grandes na disputa, como Botafogo e Vasco, que, a exemplo do Cruzeiro, já foram campeãs na Série A. Além delas, Coritiba e Guarani também já alcançaram o título.

Há três meses no clube, o treinador vislumbra um torneio de alta competitividade. Ele deu declarações recentes de que a Raposa estava preparada para buscar seu objetivo maior, que é a garantia do retorno à Primeira Divisão, ainda que tenha ficado fora das finais do Campeonato Mineiro, superada pelo América nas semifinais.

Nos últimos dias, ele recebeu mais contratações, direcionadas especialmente para a Segunda Divisão: o zagueiro Joseph, ex-América e que atua também na lateral direita ou no meio-campo defensivo; o volante Flávio, de 20 anos, emprestado até dezembro pelo Coelho, além do lateral-direito Klebinho, sob empréstimo do Flamengo.

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