Jornal Estado de Minas

Tarde de quatro heróis

Com assistência de Moreno, Pedro Bicalho abriu o caminho da vitória no Mineirão




Juntos. Todos juntos. Arquibancada, campo e bastidores. A sintonia fina que o Cruzeiro tem de encontrar, obrigatoriamente, começa com um Campeonato Mineiro bem disputado, se possível, na briga pelo título, como sempre foi. Ontem, pela sétima rodada, no Mineirão, diante do Uberlândia, a Raposa, liderada pelo 'estreante' Marcelo Moreno, teve dia de vitória no sufoco: 2 a 1, depois de sair na frente, sofrer  o empate, vibrar de novo com a vantagem e se assustar com um pênalti desperdiçado pelo adversário. Foi o fim do jejum de quatro jogos sem vencer e a volta ao G-4. Mas o futebol está longe de convencer. E houve vaias.



Quando a bola rolou, o destino parecia ser outro. Aos 8min, Marcelo Moreno, na terceira passagem pelo clube depois de cinco anos, quase surpreendeu o goleiro Rafael, que por pouco não teve a bola roubada. Aos 11min, o boliviano driblou um defensor e deu assistência perfeita para Pedro Bicalho: 1 a 0. Até então, o Cruzeiro tinha atuação burocrática, dominava, mas com excesso de faltas para matar as jogadas e sem facilidade para armar.

A formação de três volantes adotada pelo técnico Adilson Batista deu resultado. Ao insistir que o trio Filipe Machado, Jadsom e Pedro Bicalho se apresentasse na área quando possível, o resultado foi o gol. Em desvantagem, o Uberlândia acabou cedendo mais espaço para o time celeste, que criou boas chances e teve dois gols anulados por impedimento. Ao mesmo tempo, em duas desatenções de João Lucas, muito vaiado pela torcida, o time do Triângulo conseguiu ameaçar o gol de Fábio. Mas faltava pontaria.

O jogo celeste ficou concentrado pela esquerda. Porém, a articulação entre meio campo e ataque não fluía. Às vezes, a única saída era a bola alçada na área. O duelo acabou ficando amarrado, fraco tecnicamente, com erros de passes dos dois lados.



A chuva desanimava ainda mais. E a torcida cruzeirense não parecia tão inflamada, se manifestando em momentos pontuais. O lance de maior perigo só ocorreu aos 40min,  com Fábio cedendo escanteio. O Uberlândia, além de apostar em chutes de fora da área, encontrava espaço na defesa celeste, mas falhava no último passe.
 
 
Já nos descontos, goleiro cruzeirense defendeu sua 29ª penalidade
 
PRESSÃO 

No segundo tempo, o Uberlândia adiantou o time, pressionava o Cruzeiro, que tentava explorar o contra-ataque. Marcelo Moreno, mais do que finalizar, participou bem puxando o contragolpe e distribuindo o jogo no ataque.

Mas o jogo virou rapidamente. Aos 12min, a ousadia do time visitante deu resultado. Fábio Alves cobrou escanteio e Jhulliam subiu sozinho para marcar de cabeça. E por pouco o Uberlândia não virou. Já a Raposa, voltou a errar, falhando na articulação e facilitando o desarme adversário. Sem jogadas pelas laterais, a bola não chegava em Marcelo Moreno para finalizar.



No fim, aos 43min, o zagueiro Arthur resolveu: escorou de cabeça bola de escanteio. O time azul, porém, ainda se assustaria com pênalti cometido por Valdir em Wandinho nos descontos, defendido por Fábio em fraca cobrança de Diogo Peixoto. Foi a 29ª defesa do goleiro em penalidades, se juntando a Moreno, Pedro Bicalho e Arthur como os heróis da tarde.
 
 
(foto: fotos: Juarez Rodrigues/EM/D.A PRESS)
 
Pedro Bicalho festejava o gol que abriu a vitória: “É um momento inexplicável, porque no ano passado estava assistindo da arquibancada. Hoje estou jogando ao lado de craques como Marcelo Moreno e a experiência do Leo”.
  
Mesmo admitindo uma partida abaixo do esperado, Adilson Batista exaltou o resultado e pediu paciência aos torcedores ao apostar em evolução. “Enaltecer a entrega, o empenho, reagir com os erros, ter discernimento para corrigir com trabalho. Dia 7 serão dois meses no clube. Tem de ter calma, vão errar, não tenho data de quando tudo funcionará. Estou confiante no que vejo no dia a dia. Peço a compreensão para o time chegar no momento de ter a cara do Cruzeiro".


 
 
 

Fala, cruzeirense

o novo cruzeiro inspira confiança?

 
 
Cristiano Duarte
44 anos, 
vigilante
 
“Não há reforços. Ainda que 
a chegada do Moreno seja animadora, precisamos de 
mais jogadores. Sou um cruzeirense realista. Portanto, não acredito que o time consiga voltar para a Série A em 2021. Pela qualidade nos jogos do Cruzeiro até agora, não é animador”
 





Rinaldo Dornelas
58 anos, representante comercial

“Time jovem, de menino, é o maior receio. Mas temos a experiência de Robinho, Moreno, Leo, Edílson e Fábio para mesclar e alcançar os objetivos. Aposto no apetite dos meninos em aparecer, com o sonho de abrir as portas do futebol. A experiência virá com o tempo. O Campeonato Mineiro é laboratório”
 
 
 
Wagner Ulhoa
53 anos, diretor de operações

“Receoso com a formação do time, mas confiante no comando do Adilson Batista, na diretoria para resolver os problemas extracampo e vamos subir para a Série A. O Mineiro é preparação, não é obrigação ganhar. Preparar para não ter susto na Série B. Mas precisamos de três reforços. A Série B é diferente, tem mais força e pegada” 
 
 
 
Lúcio Medeiros
46 anos, engenheiro mecânico