Uma das principais provas de mountain bike da América Latina, o Iron Biker é uma aventura em duas rodas pelas artérias do coração da primeira capital mineira, Mariana. Os cerca de 2.000 ciclistas passaram ontem por estradas estreitas e curvas da zona rural, deixando para trás o rastro de pó, minério e olhos encantados de moradores e visitantes, que se juntam nas comunidades para ver os pelotões de competidores.
“Há três anos que venho para cá. A gente aluga esta casa para ficar bem na rota deles. A gente brinca, oferece uma cervejinha gelada e eles gostam das brincadeiras”, conta Maria Helena Magalhães, enquanto aguarda os ciclistas, no distrito de Bandeirantes, que faz parte das duas rotas, que começaram a ser disputadas ontem: uma completa, com 92 quilômetros, e outro reduzida, com 57. As provas continuam hoje, com largada a partir das 8h30, na praça principal de Mariana.
Maria Helena não é, claro, a única empolgada com o Iron Biker, que ocorre pela sexta vez na cidade. A rede hoteleira está lotada e é impossível andar 10 metros sem topar com uma bicicleta empoeirada – a seca e a poeira são os adversários desta edição, depois da chuva do ano passado. Os restaurantes estão cheios e estandes foram montados ao lado da linha de largada, com marcas de bicicleta. “O Iron Biker movimenta o comércio, os hotéis e o que é mais importante: mostra que Mariana está mais viva que nunca”, afirma o prefeito Duarte Júnior, fazendo referência ao forte baque que a cidade sofreu há quatro anos, com o rompimento da Barragem do Fundão, da Samarco, que varreu Bento Rodrigues e deixou 19 mortos.
A equipe do Estado de Minas acompanhou o percurso, ontem, no primeiro de dois dias de competição, a bordo de um dos carros da organização. Encarar uma prova de 92 quilômetros não é desafio fácil: logo no início, os primeiros abandonos por pneus estourados (o terreno pedregoso é uma dificuldade extra para as magrelas). Nas descidas, uma sucessão de tombos e joelhos ralados, como no íngreme percurso em frente à Fazenda dos Rolla.
Mas, apesar dos contratempos, a paisagem compensa: dos pontos mais altos é possível ver os mares de morros, a vegetação e cenários tipicamente mineiros, como a Igreja São Sebastião e a estação ferroviária desativada de Ribeirão do Carmo, em Bandeirantes, a 10 quilômetros do Centro de Mariana. O apoio também motiva. “A vibração da galera faz o percurso fluir mais. Ano passado teve a chuva, este ano fluiu mais porque não tinha lama. A prova foi perfeita”, comemora Cássia Garcia de Oliveira, de Cocalzinho de Goiás, a mulher mais rápida do percurso reduzido.
Suíço leva a melhor
Na elite masculina, quem saiu na frente na corrida pelo título foi o suíço Lukas Kaufmann, há sete anos radicado em Belo Horizonte. “O percurso foi muito rápido, as subidas não eram longas, mas muito intensas. Até a metade da prova, estávamos seis atletas juntos. Mas eu estava muito focado e trabalhei muito para tentar fazer a diferença.”
Kaufmann venceu os primeiros 92 quilômetros, seguido por Alisson Ferreira, atual campeão do Iron Biker. Hoje, eles devem travar novo duelo pelo troféu.
Resultados do primeiro di
Elite Masculina
1 - Luckas Kaufmann (MG)
2h59min
2 - Halysson Ferreira (MG)
3h01 min
3 - Nicolas Machado (MG)
3h08min
4 - Marco Antônio Oliveira (DF)
3h08min
5 - Daniel Ribeiro (MG)
3h09min
Elite Feminina
1 - Letícia Cândido (MG)
3h42min
2 - Paula Gallan (BA)
3h45min
3 - Ana Luisa Penini (SC)
4h01min
4 - Sheila Gomes (PR)
4h13min
5 - Maria Tavares (BA)
4h16min