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Gênios punidos pelos deuses

Donos da lendária camisa 10, Marta e Messi são craques incontestáveis unidos pela frustração com suas seleções


postado em 03/07/2019 04:09

(foto: QUINHO)
(foto: QUINHO)


A lendária camisa 10, eternizada por Pelé. Reservada aos fora de série. A mais mágica do futebol. Para dois craques em especial, também a mais amaldiçoada. Marta e Messi. Uma conjunção astral bem dúbia liga essas duas estrelas de primeira grandeza do esporte. De um lado, o talento acima da média. O fino ouro que emerge de seus pés. As atuações decisivas que levam seus times a grandes conquistas. De outro, a sina de fracassos com suas respectivas seleções nacionais. Uma lacuna dolorosa, nunca preenchida. Saga com vários capítulos de inglórias lutas – o último escrito há pouco, com a queda de Marta e companhia nas oitavas de final da Copa do Mundo e a de Messi e seus companheiros nas semifinais da Copa América. Desfaçatez dos deuses do futebol. Do Olimpo, talvez eles não queiram concorrência.

Juntos, eles somam 11 prêmios de melhores do mundo: ela com seis Bolas de Ouro; ele com cinco. São considerados semidivindades nos gramados. De importância incontestável, tanto para os clubes em que atuam quanto para suas seleções – ainda que, nestas últimas, os títulos de expressão não tenham vindo. Não dá para colocar apenas sobre os ombros deles as derrotas acumuladas. Pôr esse débito tão somente na conta dos dois craques seria, mais do que injusto, cruel. No máximo, é uma coincidência infeliz a deixar sempre um ‘porém’ em meio de cada análise a respeito da carreira dos dois.

Os caminhos imaginários de Marta e Messi se cruzaram muito antes dessa incansável luta por troféus. Ambos são de origem humilde: ela, nascida em Dois Riachos, Alagoas; ele, na periferia de Rosário, maior cidade da província de Santa Fé. Ambos tiveram início precoce na seleção: ela estreou com 16 anos; ele, com 18. Marta coleciona, com a Seleção Brasileira, conquistas sem tanto status, como a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2003 e 2007. Messi foi campeão olímpico em Pequim’2008 – mas, para o futebol masculino, a competição não tem o mesmo prestígio do feminino.

DISSABORES A frustração de Marta com a camisa amarela se divide numa encruzilhada: uma estrada leva para a Copa do Mundo em que ela viu a possibilidade de conquista bem de perto, em 2007, e bateu na trave; a outra, ruma em direção a duas edições de Olimpíada em que o ouro foi um sonho factível, contudo, destruído pelos EUA.

A jornada infeliz de Messi com a Argentina traz o dissabor de um título mundial que pareceu ao alcance das mãos. Em gramados brasileiros, em 2014, os hermanos se viram diante do degrau que os devolveria ao topo. O passo adiante, contudo, foi um passo para trás – na final, no Maracanã, a derrota para a Alemanha. Em seguida, dois duros golpes, nas Copas Américas de 2015 e 2016, aumentaram o jejum.

Como é que a maior artilheira de todas as Copas do Mundo (somando a masculina e a feminina) não teve seu selo de qualidade aferido por uma conquista mundial? Pode o melhor jogador da atual geração não ter o carimbo de um grande título? São perguntas ainda à espera de respostas. Se é que, algum dia, serão respondidas.


AS DERROTAS MAIS DOÍDAS

MARTA
Jogos Olímpicos’2004 – EUA 2 x 1 Brasil
Liderada pela jovem Marta, então com 18 anos, o Brasil desafiara grandes potências e chegava à decisão do ouro depois de despachar a Suécia na semifinal. Na final, o time, comandado por Renê Simões, encarou os EUA. Sobrou bravura, a Seleção foi considerada pela imprensa internacional a melhor do torneio em Atenas, mas foi derrotada na prorrogação. Conquistou, porém, a primeira medalha olímpica para o futebol do país.

Copa do Mundo’2007 – Brasil 0 x 2 Alemanha
Com Marta voando baixo e esbanjando toda a sua técnica em gramados chineses, a Seleção Brasileira chegou pela primeira vez a uma decisão de Mundial. No caminho da sonhada taça, contudo, estava a poderosa Alemanha, que defendia o título conquistado quatro anos antes. E o Brasil acabou perdendo por 2 a 0. Marta terminou como artilheira da competição (sete gols) e foi eleita a melhor do torneio.

Jogos Olímpicos’2008 – Brasil 0 x 1 EUA
Quatro anos depois, lá estavam novamente Brasil e Estados Unidos disputando o lugar mais alto do pódio olímpico. A Seleção chegava à final após uma atuação de gala de Marta e Cristiane na goleada por 4 a 1 sobre a Alemanha nas semifinais. Por capricho dos deuses, novamente a partida foi decidida na prorrogação. E as norte-americanas, mais uma vez, levaram a melhor.

Jogos Olímpicos’2016 – Brasil 1 x 2 Canadá
A conquista do bronze em casa era quase uma questão de honra para Marta e companhia, depois da frustrante queda nas semifinais para a Suécia, nos pênaltis. Num Itaquerão lotado, o Brasil saiu atrás no placar, empatou, mas permitiu que as canadenses fizessem o segundo gol. Ao apito final, as jogadoras saíram de campo chorando, aplaudidas pela torcida.

Copa do Mundo’2019 – França 2 x 1 Brasil
Aos 33 anos, Marta começou a competição baleada fisicamente, por causa de lesão muscular na coxa esquerda sofrida na véspera. Não atuou na estreia, jogou meio tempo na segunda partida e saiu no segundo tempo na terceira. Nas oitavas, as donas da casa, apontadas como favoritas, foram encaradas de igual para igual. O Brasil lutou, empatou a partida no tempo regulamentar (1 a 1), teve chance do 2 a 1 na prorrogação, não fez e acabou levando. Fim de mais um sonho.


MESSI

Copa América’2007 – Brasil 3 x 0 Argentina
A Argentina chegava para o clássico contra o Brasil embalado por uma sequência de seis vitórias construídas com bom futebol. Mas na hora da verdade, os brasileiros levaram a melhor, com gols de Julio Baptista, Roberto Ayala contra e Daniel Alves. Messi deixou a competição com o prêmio de Melhor Jogador Jovem da Copa América.

Copa do Mundo’2014 – Alemanha 1 x 0 Argentina
O camisa 10 foi fundamental durante toda a campanha da albiceleste no Mundial. A expectativa era de que o jejum de títulos acabaria, justamente em um dos maiores templos do futebol no planeta, o Maracanã. Justamente na terra de um de seus maiores rivais, o Brasil. Mas o roteiro não saiu tão perfeito. Um gol de Götze fez com que Messi terminasse a temporada de mãos abanando.

Copa América’2015 – Chile (4) 0 x 0 (1) Argentina
Messi e seus companheiros pareciam escrever o script da volta por cima. Mais uma vez, entraram numa competição como favoritos e dispostos a exorcizar a decepção vivida um ano antes, no Rio de Janeiro. Mas, na final, o camisa 10 esteve longe de suas melhores atuações, viu o Chile suportar a pressão no tempo regulamentar e ganhar nos pênaltis.

Copa América Centenário’2016 – Argentina (2) 0 x 0 (4) Chile
Mais uma decepção que veio nas penalidades. Mais uma tentativa em vão do astro de levar sua seleção a um troféu expressivo. Nos Estados Unidos, contudo, a frustração foi tão grande que Messi não suportou – anunciou sua retirada da equipe nacional após o torneio. A decisão, porém, não foi definitiva, e ele retornou para mais uma chance.

Copa América’2018 – Argentina x Brasil
Durante toda a competição, Messi parecia contrariado em campo. As críticas sobre as atuações da Seleção Argentina davam a impressão de pesar sobre seus ombros. A classificação para a semifinal, com vitória sobre a Venezuela, foi um alento. A alegria, no entanto, durou pouco. Em um Mineirão lotado, os hermanos – e Messi – sucumbiram mais uma vez.

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