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Estado de Minas

Gestão para o crescimento

Dirigentes falam sobre o processo de modernização da administração do Atlético


postado em 30/06/2019 04:08

Rui Costa e Lásaro Cunha são enfáticos ao afirmar que o clube de futebol que não fizer uma gestão moderna e eficiente está fadado ao fracasso, mais cedo ou mais tarde(foto: Gladyston ROdrigues/EM/D.A Press)
Rui Costa e Lásaro Cunha são enfáticos ao afirmar que o clube de futebol que não fizer uma gestão moderna e eficiente está fadado ao fracasso, mais cedo ou mais tarde (foto: Gladyston ROdrigues/EM/D.A Press)

Em entrevista exclusiva ao Superesportes/Estado de Minas, o vice-presidente do Atlético, Lásaro Cândido da Cunha, e o diretor de futebol, Rui Costa, falaram sobre o processo de modernização de gestão do clube e adequação à nova realidade financeira, além da importância do novo estádio para o futuro do alvinegro. Segundo Lásaro, houve críticas no começo desse processo, mas agora os resultados mostram que isso precisa ser aprofundado. Para Rui, essa modernização levará à valorização do clube e ressalta que a transparência é fundamental para alcançar a excelência desportiva. Leia a entrevista completa no superesportes.com.br.

Gestão mais 
profissional

Lásaro Cândido da Cunha: O Atlético, ao longo desse tempo, desses últimos 10 anos, especialmente, estava numa situação dramática. E nós conseguimos, esse grupo todo, colocar o clube numa etapa, numa fase vencedora. Agora, nos últimos anos, nós precisamos passar por um outro processo. Um processo de modernização do clube, de profissionalização completa. Nesta gestão, o presidente Sérgio Sette Câmara tem pretendido conduzir o clube nessa direção. Para isso, ele conseguiu profissionais, a começar do Rui, no futebol, futebol de base, nas diretorias financeira e um CEO, para que o clube possa, nesses processos, capacitá-lo para vencer etapas e disputar em alto nível com grandes clubes que chegaram a essa condição.

O Atlético tem uma estrutura incomparável. Uma estrutura física e muitos recursos humanos, mas precisava caminhar para essa direção. No início do ano, nós fomos muito atacados, criticados, de tentar levar o clube para essa direção. E agora já começam os primeiros sinais de que esse processo tem que, ao contrário, ser aprofundado. Isso depende, obviamente, de todos os conselheiros, da torcida, especialmente.

Rui Costa: Penso que chega de uma forma muito contundente, muito positiva. Porque quando você tem práticas atualizadas, modernas e corretas de gestão, todos aqueles que praticam isso no seu dia a dia se valorizam no mercado. Então, desde os primeiros contatos que tive com os dirigentes do Atlético, especialmente com o presidente Sérgio Sette Câmara e com o Lásaro, e depois com todos os profissionais que eles me apresentaram no dia a dia do clube, pude constatar sempre a mesma coisa. Um clube imbuído em fazer o melhor, em buscar, sim, a excelência desportiva, porque o core business do clube é esse. Mas com ritos muito claros de processos transparentes, de regras de compliance, de busca por um equilíbrio econômico-financeiro.

Quando você tem uma diretriz de cima para baixo, de uma forma muito verticalizada, que te dá as garantias de que se você for cuidadoso com o trato das questões do clube você terá cada vez mais autonomia para fazer as intervenções que você precisa fazer, isso é excelente para qualquer gestor. O que eu identifiquei desde que cheguei aqui no Atlético é que a paixão do torcedor é respeitada na sua plenitude, mas a paixão não nos move internamente no clube. Ou seja, nós não fazemos uma gestão com paixão. Nós somos apaixonados pelo nosso trabalho, por nosso clube, mas não trazemos essa paixão para a tomada de decisão, para o comprometimento financeiro do clube.


Transparência

Lásaro: É um projeto do presidente que a gente tenha, já a partir do segundo semestre, balancetes emitidos pelo menos a cada semestre ou trimestre. Para que a torcida, os conselheiros, a comunidade de um modo geral, possa, acompanhar os processos. Mas é sempre oportuno dizer que transparência não significa também que a gente divulgue todas as etapas de uma negociação, porque pode comprometer negociações em que o clube trabalha e faça, eventualmente.

Mudança 
de postura

Lásaro: Estou há 10 anos no Atlético. E várias pessoas começaram a articular, especialmente depois da fase do Profut, em 2015, que o clube teria que, em determinado momento, ingressar em uma outra etapa. Isso é um processo de convencimento e de necessidade. Nos processos do jurídico eu fui bastante criterioso em dizer que a gente precisava ter responsabilidade contratual. Quando cheguei ao clube, em fevereiro de 2009, era uma desorganização completa. E aqui não vou atribuir responsabilidade a quem passou, porque dentro das suas circunstâncias o futebol brasileiro era mais ou menos assim.

Mas, desde que começou o processo em que um clube de futebol profissional deveria atender a uma série de exigências para participar de competições, por exemplo, de regularidade fiscal, era natural que a gente tivesse que avançar. E nesta gestão, o Sérgio me procurou, dizendo, ‘olha, eu recebi um convite das diversas lideranças e pretendo disputar a eleição’. Eu falei: ‘Quais são suas propostas para o clube?’ Porque, até hoje, nós evoluímos muito, mas agora precisamos de um processo mais, digamos, completo de profissionalização. E disse a ele ‘pela experiência que nós tivemos no Profut, os clubes que não se organizarem, que não tiverem responsabilidade, vão sofrer’. Isso produzirá consequências muito graves em qualquer clube.

E ele fez o seguinte diagnóstico: ‘O meu pensamento é que precisamos qualificar, profissionalizar o clube para deixá-lo melhor. Precisamos sair daqui melhor’. Como? Não é contratando de qualquer jeito. O projeto seria uma profissionalização. E de cara já pensou num processo de controle, que foi o SAP (Sistemas, Aplicativos e Produtos para Processamento de Dados), que nós apresentamos no conselho esse relatório. É a descrição completa e um rastro de qualquer registro de despesas, de gastos, tudo. Isso vai facilitando o processo.

Fair play 
financeiro 

Rui: No novo processo gestão, você tem que se aproximar da razão em detrimento da paixão. Você não vai poder exercitar sua paixão se não tiver um clube racionalmente gerido. A partir de 2020, teremos um período de transição que vai desembocar em 2021. No Brasil, ao que tudo indica, está previsto o fair play financeiro em sua plenitude. Ou seja: as gestões que vão ter cuidado com o seus orçamentos, as gestões que vão ter seu compliance estabelecido, suas regras claras, critérios para vender, para comprar e celebrar contratos, terão mais poder de competição. Ou seja, vai poder contratar mais, vai poder participar de melhores competições.

Todos nós que fazemos uma gestão transparente e honesta – quando digo ‘nós’, falo de inúmeros colegas que tenho em outros clubes que adotam essa prática – vamos ser, ao fim e ao cabo, mais vencedores que os outros. Isso interessa ao torcedor, interessa à paixão. Hoje, nem sempre o clube que é melhor gerido é campeão. Às vezes, aquele que é pessimamente gerido conquista títulos importantes, que movimentam a roda, fazem o torcedor ficar com uma ilusão muito grande e consumir produtos. Isso aumenta muito o processo de paixão, mas compromete a longevidade do clube.

A Massa e o 
novo estádio

Lásaro: O futebol brasileiro está elitizado de uma forma aterrorizante. Nós tiramos o povo dos estádios. Como nós vamos fazer isso? Não é com estádio de Copa, em que se gastam milhões só para ligar. Acaba de acontecer um relatório da Copa América em que o Mineirão teve, nesses jogos, seis milhões e pouco de lucro, e sete milhões de gastos. Então, se nós conseguirmos, e acredito que vamos conseguir, ter o nosso estádio, vamos ter condições de ter, primeiro, um estádio quitado. Nosso projeto é completamente diferente dos outros estádios. ‘Ah, mas não é perigoso?’ Não. Um estádio quitado. Tem muitas etapas ainda para vencer. Mas, nós teremos lá, em torno de 15 mil a 20 mil que são ingressos populares. Porque nós queremos o nosso povo, a nossa massa, a nossa torcida lá. Quem pode pagar vai ficar lá no camarote. Quem quer pagar. Mas todo o entorno do estádio, tudo vai ser revertido em renda para o clube. E tudo reinvestido no objetivo todo do clube, que é um clube de futebol profissional, que deve envolver futebol masculino, feminino, categorias de base. Isso é uma preparação para toda essa etapa que vem aí. E se vocês me perguntarem se está tudo bem, não. Temos que vencer muitas etapas. É o início de um processo, mas é um início muito importante.


Crises e situação 
do rival

Lásaro: O projeto nosso é que o Atlético não passe por essas experiências as quais o Atlético passou em determinado momento da sua existência. Em relação a outros clubes (Cruzeiro), o que a gente acompanha é pela imprensa. A gente não tem mais detalhes. A gente precisa verificar o processo para ver como vai evoluir. Mas o futebol como um todo, é importante que ele tenha respeitabilidade. O fato de ocorrerem em outro clube problemas só nos conduz na direção que a gente deve caminhar para a nossa profissionalização, para a nossa transparência, para a nossa evolução e para a nossa independência financeira e que nos vai capacitar para manter esse patamar cada vez mais alto. Essa é a nossa compreensão. Não dá para fazer nenhuma outra avaliação, porque a gente tem apenas informações. Não temos os desdobramentos e, portanto, não temos condição de fazer essa avaliação

Não estamos muito preocupado com o que acontece no clube A ou no clube B. A gente está preocupada é que o Atlético precisa subir um degrau – ou vários – para poder competir num parâmetro de âmbito nacional e internacional num nível elevado. Porque a gente tem consciência de que se isso não for feito, o clube, o nosso clube, o Atlético, passará por problemas que a gente não quer que ocorram.

Eu já vivi situações, em 2009, quando entrei, dramáticas. Situações de absoluta dramaticidade. Passamos por processos complicados, tivemos conquistas. Mas a gente precisa evoluir. 

Temos exemplos no futebol brasileiro que são dramáticos. E acho que as pessoas não entenderam até agora que, se isso não ocorrer, as tragédias desportivas serão cada vez mais dramáticas. É esse o nosso pensamento.

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