Julho, para um adolescente de 17 anos, férias escolares mais que aguardadas. Isso era para qualquer adolescente, menos eu. Filho de jornalista, meu pai, Felippe, sempre que me via de folga tratava de me levar para trabalhar com ele. Era repórter da TV Itacolomi e do Diário da Tarde. Mas aquele julho de 1975 não era um mês comum. A rotina seria quebrada por causa da Copa América. E a Seleção Brasileira seria representada pela Seleção Mineira, decisão de João Havelange, que pesidia a extinta Confederação Brasileira de Desportos (CBD ), entidade que antecedeu a CBF.
Meu pai sabia que eu era apaixonado por esporte e me chamou para dizer. “Vou ter que cobrir a Seleção Brasileira que disputará a Copa América.
A escolha do treinador coube ao presidente da Federação Mineira de Futebol, o coronel José Guilherme. Estava entre Ilton Chaves, do Cruzeiro, e Telê Santana, do Atlético. Escolheu o primeiro, pois o time celeste ia bem na Copa Libertadores. Só que a coisa desandou. Na fase de preparação, contra seleções estaduais, só empates.
Pronto. O sonho de ver uma Seleção só com jogadores de times mineiros campeã da América começava a ruir. Apenas nos dois primeiros jogos (4 a 0 em cima da Venezuela, em Caracas, e 2 a 1 sobre a Argentina, em BH), a equipe foi mineira.
As críticas vinham de todos os lados. Em Minas Gerais, ninguém aceitava os enxertos. Os comentários eram de que não eram necessários os “estrangeiros”. Já no Rio e em São Paulo, diziam ser um absurdo a Seleção ter Minas Gerais como base. Desde essa época, tenho a impressão, quase certeza, de que ninguém neste país gosta de mineiro. A Seleção pagou caro. Na semifinal, perdeu feio, no Mineirão, para o Peru: 3 a 1. Miguel falhou, mas culparam Raul, que “pagou o pato”.
Isso provocou um sorteiro, para definir o finalista. Dentro de um pote foram colocadas duas bolinhas – uma branca, representando o Brasil, e outra vermelha, o Peru.