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Cruzeiro, gigante pela própria natureza

Não exigir uma relação de mão dupla (apoio daqui, futebol digno de lá) seria coisa de atleticano. O apoio, nós garantimos. Agora, é com os jogadores


postado em 22/05/2019 04:07


Twitter: @gustavonolascoB

Sábado entrei no Maracanã, a Toca da Raposa “De Praia”, com a sensação de banzo, proporcionada por um final de semana chuvoso no Rio de Janeiro. Talvez por estar nublado e não ter dado sol para o mar de Copacabana, ou mesmo porque do outro lado não estava o nosso tradicional freguês rubro-negro de jogos decisivos, o resultado foi desastroso.

Não para mim, bruto, cascudo, que aprendeu a ter um amor incondicional pela Academia Celeste exatamente na primeira metade da década de 1980. Quem a viveu, sabe bem o significado da expressão “amar para sempre”... Mas senti o placar contra o time do gênio da crônica esportiva, Nelson Rodrigues, como um desastre por um pequenino garoto cruzeirense, que na sua cadeira de rodas e na sua lúdica alegria, olhava vidrado para tudo à sua volta no pré-jogo.

Sentei-me ali, atrás dele, emocionado em dividir a arquibancada com esse guerreiro azul. No rosto do guardião que o acompanhava (não sei se pai, amigo ou irmão), estava estampado um contentamento inebriante. Parecia estar vivendo o sonho de ladear seu garotinho, frente a frente ao time do coração.

“Rafael! Rafael!”. Nós gritávamos para o goleiro antes do apito do árbitro. O pequenino nos olhava, sorrindo, sem conseguir dizer. Integrantes da Máfia Azul, comovidos, se aproximavam e o ajudavam a erguer os braços, com a dificuldade imposta por uma paralisia motora.

Após o apito inicial do árbitro, infelizmente, comecei a assistir a sequência de gols tricolores. Às nuvens modorrentas do sábado chuvoso, foi se juntando outro típico banzo: o provocado pelo Manobol num campeonato de pontos corridos.

O roteiro seguinte, todos sabemos: uma semana de descarrego, crítica e raiva. Não cobrar seria atitude típica de um processo de atleticanização, o qual a torcida cruzeirense jamais viverá, graças a Jesus Cristo, Roberto Batata, Alá, Niginho Fantoni, Buda, Felício Brandi e todos os orixás.

Se inquestionavelmente somos o Maior de Minas, isso se dá exatamente porque não aceitamos como sina o sofrimento ou Cidinhos “Bola Nossa”. Somos Cruzeiro porque exigimos uma entrega dos jogadores digna da história sem manchas de caráter da instituição Cruzeiro Esporte Clube, o time do futebol arte e do povo.

Mas amor é amor e o que passou, passou... A contagem regressiva para estar no Ginásio do Horto, domingo, contra a Chapecoense, se iniciou, cadenciada pelo meu coração azul acelerado.

Se depender do cruzeirense cascudo e rabugento aqui, não faltarão gritos de apoio. Junto deles, o sonho de ver o Manobol se desfazendo do seu desprezo pela categoria de base, dando chance aos garotos para ousarem. O desejo de assistir ao time jogando de forma aguda, implacável, correndo até o fundo das redes após o primeiro gol para pegar a bola, não se contentando com 1 a 0.

Espero ver uma equipe com vergonha das últimas semanas, mas confiante por defender um manto sagrado e multicampeão. Um escrete jogando pelo pequenino gigante da cadeira de rodas. Ciente da dívida de amor não correspondido que tem com esse garoto desde o sábado, no Maracanã.


Espero um Manobol disposto a nos retribuir a confiança que sempre tivemos por ele. Esse nosso apoio natural, pois não somos ovelhinhas calçadas de sapatênis, ceivadas pela “aldeia”. Não exigir uma relação de mão dupla (apoio daqui, futebol digno de lá) seria coisa de atleticano.

 

Portanto, domingo é como sempre o DNA celeste manda: cobrar sim, mas estar naturalmente com a instituição Cruzeiro, pois, se somos os únicos gigantes, é por nossa própria natureza.

 

 

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