Jornal Estado de Minas

Novo capítulo para Maradona

Conteúdo para Assinantes

Continue lendo o conteúdo para assinantes do Estado de Minas Digital no seu computador e smartphone.

Estado de Minas Digital

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Experimente 15 dias grátis



No país onde o mundo se curvou ao seu talento com a camisa 10 da Argentina e onde festejou sua maior glória como jogador, Diego Armando Maradona pode conquistar hoje o primeiro título de sua irregular trajetória como treinador. O argentino de 58 anos disputa a partir das 22h (de Brasília) a final do segundo turno do Campeonato Mexicano da Segunda Divisão, com o sonho, bastante possível, de levar o Dorados de Sinaloa à taça da competição e à vaga na elite do país.

O craque da Argentina na conquista da Copa do Mundo de 1986, disputada no México, precisa da vitória sobre o Atlético San Luís, fora de casa, para ganhar o turno. O jogo de ida, na quinta, foi 1 a 1. No primeiro turno, os dois times também decidiram o caneco, mas Maradona perdeu para o adversário, que joga agora para conquistar o outro turno e ser campeão geral antecipadamente. O Dorados precisa triunfar para ganhar o segundo turno e obter o direito de enfrentar novamente o rival em mais duas partidas pelo título, equivalente à Série B. Somente o campeão garante o acesso. “O futebol é cheio de surpresas. Não perdemos há 14 jogos, nosso time tem uma boa base.

Não ganhamos a primeira partida, mas estamos vivos”, disse Maradona.

A segunda chance de ser campeão na carreira motiva Maradona. O argentino teve os primeiros trabalhos como técnico na década de 1990, em clubes argentinos, para depois assumir a seleção do seu país, em 2009. A eliminação nas quartas da Copa da África do Sul, em 2010, encerrou a passagem do ex-armador, que depois teve trabalhos nos Emirados Árabes Unidos sem resultados razoáveis. O retorno à América Latina foi em setembro de 2018, graças a um convite da temida cidade de Culiacán, capital da província de Sinaloa. A região mexicana é conhecida por abrigar um dos maiores cartéis mundiais de narcotráfico, do qual o antigo chefe, Joaquín Guzmán, o El Chapo, cumpre pena de prisão perpétua nos EUA.

O responsável por levar Maradona é o dono do Dorados, o empresário Jorge Hank Rhon, proprietário da maior cadeia mexicana de apostas esportivas, que também já ocupou cargos políticos e tem ainda um time na elite, o Tijuana. O argentino foi atraído pelo salário mais alto da Segunda Divisão (cerca de R$ 4 milhões por ano), mas não encontrou na cidade uma torcida fanática. A grande paixão de Culiacán é o beisebol.
Como a cidade é perigosa, Diego quase não sai do hotel onde mora e está sempre acompanhado de seguranças.

O trunfo de Maradona para os bons resultados foi ter motivado o grupo com o seu carisma. No clube, o trocadilho “Diego de Sinaloa” ganhou força e o uniforme dourado deu lugar em alguns jogos a uma camisa alviceleste, igual à usada pelo ex-craque com sua Argentina. Os oito jogadores compatriotas do treinador demonstram idolatria imensa por ele, a ponto de o goleiro Gaspar Sérvio ter tatuado na coxa esquerda o rosto do treinador. “Estou com o Dorados e com meus jogadores até a morte. Nós éramos os últimos da tabela e agora estamos na final. O futebol é cheio de surpresas”, afirmou Maradona. O técnico enfrenta os limites do corpo para conduzir o time. Em janeiro, foi internado na Argentina depois de sangramento estomacal.
Maradona teve de parar de cobrar faltas e de jogar futebol em treinos recreativos, como sempre gostou de fazer. A artrose nos joelhos causa dor e o afastou da bola.

BLANCO E GUARDIOLA O Dorados de Sinaloa é um clube mais famoso do que vitorioso no futebol mexicano. O time fundado há apenas 16 anos tem entre os principais feitos as contratações de jogadores renomados, e não títulos ou conquistas expressivas. Entre os astros estão Pep Guardiola. O técnico do Manchester City encerrou a carreira como meio-campista do time, em 2006, aos 35 anos. Na mesma época o espanhol foi colega de Loco Abreu, atacante da Seleção Uruguaia. Entre os brasileiros, o mais notável foi o atacante Iarley, entre 2004 e 2005, depois de deixar o Boca Juniors. Das estrelas da Seleção Mexicana, passaram por lá o atacante Jared Borgetti e o ídolo do futebol do país, Cuauhtémoc Blanco, que participou em 2012 da principal conquista do clube de Sinaloa, a Copa México.
.