Formado nas categorias de base do Cruzeiro e integrante do grupo principal desde 2008, o goleiro Rafael, de 29 anos, gosta de ocupar o tempo fora do mundo da bola com passatempos de muita ação e adrenalina. Uma de suas principais paixões é a aviação. Em entrevista ao Estado de Minas/Superesportes, ele revelou o desejo de, nos próximos anos, tirar a Licença e Habilitação para Piloto Privado de Avião da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). “Tenho vários amigos pilotos. Isso me fez aproximar ainda mais da aviação, que é uma paixão que eu sempre tive. Sempre fui muito ligado a coisas radicais. Tanto que há uns seis anos brincava bastante de aeromodelo. Com essa proximidade dos amigos que são pilotos, comecei a tirar a carteira da ANAC, passei nos exames médicos e fui estudar para tirar o PP, que é piloto privado”.
Segundo o jogador, a tragédia da Chapecoense, que em novembro de 2016 vitimou 71 pessoas (jogadores, comissão técnica, dirigentes, jornalistas e tripulantes), o fez desanimar um pouco da ideia, até por um pedido da própria família.
Rafael afirmou conhecer a história de Rômulo, goleiro do Atlético de 1986 a 1991 que se tornou piloto de voos comerciais depois de parar de jogar futebol.
Sempre que tem a oportunidade, o goleiro conversa bastante com a tripulação dos aviões nas viagens do Cruzeiro. Curioso, pergunta tudo sobre funcionamento e recursos tecnológicos. Os painéis repletos de botões e monitores o fascinam.
Outros hobbies
Nas férias de fim de ano, em 2018, Rafael viajou com a noiva, Bruna, para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Pela primeira vez, ele teve a experiência de saltar de paraquedas. “Meus pais não são nada aventureiros e não curtem muito isso.
O suplente de Fábio também se mostra muito habilidoso para tocar violão. Em seu Instagram, Rafael já publicou vídeos fazendo dupla sertaneja com o volante Uillian Correia, que passou pelo Cruzeiro entre 2015 e 2016. O talento musical de Rafael foi desenvolvido por conta própria.
“Na base do Cruzeiro, quando tinha 17 anos, quis aprender a tocar violão. Resolvi tentar, porque é legal e ajuda a passar o tempo na concentração. Eu ainda morava na Toquinha. Lembro-me que estava perto da rodoviária de Belo Horizonte e fui a uma loja de instrumentos. Entrei na loja e perguntei ao vendedor: ‘qual o violão mais barato que você tem?’ Ele respondeu: ‘é esse aqui. Custa R$ 80’. Só que eu sou canhoto, então perguntei a ele: ‘você consegue inverter as cordas?’. Ele respondeu que sim. Aí pensei: vou tentar. Se der certo, bem. Se não, é o mais barato mesmo, eu encosto. Passei na banca e comprei aquelas revistas que ensinam (a tocar) e falei: ‘vamo embora’. Os caras que moravam comigo ficaram loucos. Foi um mês escutando, lendo revistinha, assistindo ao YouTube, e não saía nada. Mas depois foi saindo uma música. Depois, passei a tocar 10 músicas. No começo, não ia pelo gosto musical, mas no que dava para tocar com as cifras. Aí foi indo, foi indo, foi indo e aprendi a tocar sozinho. Hoje o violão é um grande parceiro nas horas em que quero distrair”.
Amante da música sertaneja raiz, Rafael ainda faz roda de viola na concentração do Cruzeiro. “ O violão se tornou um grande parceiro na minha vida. Tenho um violão que deixo em casa e outro na concentração. Hoje em dia toco mais sertanejo, que é o que mais escuto. As músicas mais antigas me agradam. Toco muito Bruno & Marrone, César Menotti & Fabiano, essa linha”.
Ao mesmo tempo em que curte esportes radicais, Rafael procura baixar os ânimos na pescaria. “Sou um cara hiperativo. Meu terapeuta-psicólogo é a pescaria. É o momento em que eu quero ter o contato com a natureza, ficar tranquilo. Depois que comecei a pescar, incentivei meu pai. Ele, que nunca tinha pescado na vida, agora está indo viajar ao Pantanal para pescar. Gosto também de aeromodelismo, de esportes radicais, de altura, de salto, mergulho. Não consigo ficar parado”.
Estudante de engenharia civil em curso à distância, Rafael brinca que fará estágio na construção da própria casa. “Bom que vou aprender a fazer tudo. Meu pai é engenheiro civil, meu irmão é engenheiro civil, minha mãe é engenheira eletricista. Sou um cara que não gosta de ficar parado”.
Futebol
É inevitável pensar que Fábio, de 38 anos, está na reta final de carreira. Jogador que mais vestiu a camisa do Cruzeiro, com 828 partidas, o experiente goleiro tem contrato até dezembro de 2020. Rafael, por sua vez, atuou em 109 jogos, quase sempre mostrando bastante potencial para ser titular de qualquer clube do futebol brasileiro. Por que, então, prefere seguir como suplente a buscar oportunidade em outra equipe? O camisa 12 enumera muitos motivos para permanecer em Belo Horizonte.
“O Cruzeiro é um dos maiores clubes do mundo e está sempre brigando por títulos. É um clube que, desde a minha chegada, sempre acreditou em mim. Então tenho vários motivos para estar feliz aqui. Foi o clube que me abriu as portas, acreditou no meu trabalho e ajudou na minha formação com os excelentes profissionais que aqui trabalham.”
Sempre que tem oportunidade, Rafael enaltece o trabalho dos preparadores de goleiros, Robertinho e Leandro Franco, para manter o alto nível entre os atletas da posição. “A maioria das entrevistas que você for ver, todos os goleiros do Cruzeiro sempre agradecem o trabalho do Robertinho e do Leandro Franco. Claro que é a comissão toda, mas eles estão diariamente focados conosco, são os nossos treinadores. E a gente faz isso como forma de agradecimento, porque eles são muito importantes.”
A respeito de herdar a titularidade de Fábio em longo prazo, Rafael se preocupa apenas com a situação de momento. “Eu penso muito no hoje. Penso em poder contribuir da melhor maneira, fazer o meu melhor, independentemente se terei sequência ou não. Acredito que todos nós, jogando muito ou pouco, temos importância nas vitórias, nas derrotas e no desfecho do ano. Quero melhorar a cada dia, dedicar-me ainda mais, evoluir, ajudar quando estiver em campo, fazer de cada próximo jogo o mais importante da minha vida. Vou assim, fazendo pequenas metas e pensando em curto prazo. O futuro a Deus pertence. Sou um cara que tem muita fé e deixo nas mãos de Deus. No Cruzeiro, sempre queremos que o time saia vencedor. Enxergamos não como uma competição individual, mas como um time de goleiros que vai fazer de tudo para que o Cruzeiro saia vencedor nos jogos”.