Enviado especial a Uberlândia
Uma recepção de gala. Foi assim a chegada do Minas ontem a Belo Horizonte, depois da conquista do título da Superliga Feminina de Vôlei – o terceiro título do clube na história da competição. O título veio com vitória sobre o Praia Clube por 3 a 1, em Uberlândia, fechando a série melhor de três em 2 a 0. Na chegada a BH, desfile em caminhão do Corpo de Bombeiros, uma tradição de grandes conquistas do esporte mineiro, recepção na porta do clube pelos sócios e torcedores, um almoço especial com culinária brasileira, italiana e francesa, homenagens do clube e um show com a banda Mary Pops.
Na verdade, o que as meninas do vôlei viveram desde a vitória no Sabiazinho, pode ser considerado uma festa de arromba. Tão logo terminou a solenidade de premiação pelo título, por volta de 1h30 de ontem, começaram as comemorações. Do Sabiazinho, elas foram levadas para o Deck 2130, uma casa de shows com música sertaneja, convidadas por uma cervejaria local.
E a festa foi completa. A música, aliás, é a preferida da maioria das campeãs, que se esbaldaram em dançar, pular, apreciar os tira-gostos oferecidos, além da boa cerveja. Além de dançarem muito, algumas surpresas aconteceram na festa, como quando a meio de rede e capitã do time, Carol Gattaz, subiu ao palco e assumiu o microfone.
Cochilo em Congonhas
A festa foi até quase o amanhecer. Terminou às 4h, com as jogadoras indo para o hotel, onde apenas tomaram banho e rumaram para o aeroporto.
As meninas, por uma hora, parecem ter se desligado da tomada. Aproveitaram para tirar um cochilo. Tão logo o avião pousou, elas estavam acesas novamente, mas, desta vez, por pouco tempo, pois, tão logo chegaram ao salão de embarque, para a continuidade da viagem, veio a notícia ruim.
As jogadoras permaneceram juntas e procuraram um canto do aeroporto para relaxar. Mas com a notícia de que não havia uma hora determinada para o voo partir, bateu o cansaço. “Afinal de contas, ninguém dormiu ainda”, disse a sempre falante Mara.
Aos poucos, elas foram se ajeitando nas cadeiras, mas algumas não resistiram. Deitaram no chão e dormiram ali mesmo, casos de Natália, Gattaz, Ciça, Lara, Bruna Honório. Foram quatro horas angustiantes de espera. Todas estavam ansiosas para chegar a BH e reencontrar a torcida, que já tinha avisado que as estaria aguardando.
Na longa espera, Gabi teve momentos de reflexão. “Olha, já conquistei seis títulos da Superliga. Cinco com o Rio e um com o Minas. Estou muito feliz com esta conquista, pois queria muito ser campeã com uma equipe da minha terra. Eu tinha colocado isso como meta em minha chegada ao clube.
Natália e Gattaz despertam e, ao ouvir a conversa, também fazem contas. “Olha, já ganhei cinco títulos, três com o Rio, um com Osasco e agora com o Minas”, diz a primeira. Gattaz também faz sua contabilidade: “Com esse, já tenho quatro. Foram dois com o Rio, um com Osasco e agora com o Minas. Quero mais.” Bruna Honório, que tinha ido comparar um café, na tentativa de manter-se acordada, chega e diz: “Também tenho quatro, três com o Rio e este agora. Estou muito mais feliz com este contra o Praia.” “Mara tem três!”, grita a meio de rede de longe.
Mas se as quatro, já experientes, festejavam, imagine as que foram campeãs pela primeira vez. São os casos da líbero Leia e da meio de rede Mayane. Leia, sempre fria, desta vez estava eufórica. “Sempre sonhei com este momento.
A temporada 2018/2019 significa uma virada na carreira de Mayane, de apenas 22 anos. Ela começou no Botafogo, junto com a irmã, Maryene. Foi convocada em 2016 para a Seleção Brasileira Sub-23 e destacou-se no Sul-Americano. Foi quando o Minas a contratou. “No início da temporada, não podia imaginar que seria agora. Queria muito ser campeã, como disputar o Mundial e o Sul-Americano. A temporada foi de realizações. Mas confesso que o título da Superliga era apenas um sonho quando a competição começou.”
Finalmente, o avião levanta voo em São Paulo, às 12h30. Novamente, a hora de viagem para Confins foi tempo para aproveitar e descansar mais um pouco. A delegação desembarcou e foi direto para o Iº GI do Corpo de Bombeiros, no Bairro Funcionários, onde um caminhão esperava para começar o desfile em direção à sede da Rua da Bahia. E por onde passaram, foram ovacionadas e aplaudidas. Enfim, o Minas está novamente em casa.
Nova temporada
Com a taça na mão, o Minas começa a se preparar para a próxima temporada. Com a ida de Gabi e Natália para a Turquia, o clube já busca reforços para defender o título.Um deles é a ponteira venezuelana Acosta, que estava jogando na Itália. A meio de rede Tahísa não foi anunciada oficialmente, mas é quase certo que já tenha acertado com o Minas.
O técnico italiano Stefano Lavarini também se despediu. Vai treinar a Seleção da Coreia do Sul e, talvez, um clube italiano. Ele mesmo indicou seu sucessor e compatriota, Nicola Negro. E para as jogadoras que permanecem no grupo, independentemente do treinador, o desejo de todas é conquistar novamente o título.